quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Algo Mais no Natal


Senhor Jesus!
Diante do Natal, que te lembra a glória da manjedoura, nós te agradecemos:
a música da oração;
o regozijo da fé;
a mensagem de amor;
a alegria do lar;
o apelo à fraternidade;
o júbilo da esperança;
a bênção do trabalho;
a confiança no bem;
o tesouro de tua paz;
a palavra da Boa Nova
e a confiança no futuro!…
Entretanto oh! Divino Mestre, de corações voltados para o teu coração, nós te suplicamos algo mais!…
Concede-nos, Senhor, o dom inefável da humildade, para que tenhamos a precisa coragem de seguir-te os exemplos!
XAVIER, Francisco Cândido. À Luz da Oração. Pelo Espírito Emmanuel. O Clarim.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

PRECE - Pai Nosso

 I. Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome!
Cremos em ti, Senhor, porque tudo revela o teu poder e a tua bondade. A harmonia do Universo dá testemunho de uma sabedoria, de uma prudência e de uma previdência que ultrapassam todas as faculdades humanas. Em todas as obras da Criação, desde o raminho de erva minúscula e o pequenino inseto, até os astros que se movem no espaço, o nome se acha inscrito de um ser soberanamente grande e sábio. Por toda a parte se nos depara a prova de paternal solicitude. Cego, portanto, é aquele que te não reconhece nas tuas obras, orgulhoso aquele que te não glorifica e ingrato aquele que te não rende graças.
II. Venha o teu reino!
Senhor, deste aos homens leis plenas de sabedoria e que lhes dariam a felicidade, se eles as cumprissem. Com essas leis, fariam reinar entre si a paz e a justiça e mutuamente se auxiliariam, em vez de se maltratarem, como o fazem. O forte sustentaria o fraco, em vez de o esmagar. Evitados seriam os males, que se geram dos excessos e dos abusos. Todas as misérias deste mundo provêm da violação de tuas leis, porquanto nenhuma infração delas deixa de ocasionar fatais conseqüências.
Deste ao bruto o instinto, que lhe traça o limite do necessário, e ele maquinalmente se conforma; ao homem, no entanto, além desse instinto, deste a inteligência e a razão; também lhe deste a liberdade de cumprir ou infringir aquelas das tuas leis que pessoalmente lhe concernem, isto é, a liberdade de escolher entre o bem e o mal, a fim de que tenha o mérito e a responsabilidade das suas ações.
Ninguém pode pretextar ignorância das tuas leis, pois, com paternal previdência, quiseste que elas se gravassem na consciência de cada um, sem distinção de cultos, nem de nações. Se as violam, é porque as desprezam.
Dia virá em que, segundo a tua promessa, todos as praticarão. Desaparecido terá, então, a incredulidade. Todos te reconhecerão por soberano Senhor de todas as coisas, e o reinado das tuas leis será o teu reino na Terra.
Digna-te, Senhor, de apressar-lhe o advento, outorgando aos homens a luz necessária, que os conduza ao caminho da verdade.
III. Faça-se a tua vontade, assim na Terra como no Céu.
Se a submissão é um dever do filho para com o pai, do inferior para com o seu superior, quão maior não deve ser a da criatura para com o seu Criador! Fazer a tua vontade, Senhor, é observar as tuas leis e submeter-se, sem queixumes, aos teus decretos. O homem a ela se submeterá, quando compreender que és a fonte de toda a sabedoria e que sem ti ele nada pode. Fará, então, a tua vontade na Terra, como os eleitos a fazem no Céu.
IV. Dá-nos o pão de cada dia.
Dá-nos o alimento indispensável à sustentação das forças do corpo; mas, dá-nos também o alimento espiritual para o desenvolvimento do nosso Espírito.
O bruto encontra a sua pastagem; o homem, porém, deve o sustento à sua própria atividade e aos recursos da sua inteligência, porque o criaste livre.
Tu lhe hás dito: "Tirarás da terra o alimento com o suor da tua fronte." Desse modo, fizeste do trabalho, para ele, uma obrigação, a fim de que exercitasse a inteligência na procura dos meios de prover às suas necessidades e ao seu bem-estar, uns mediante o labor manual, outros pelo labor intelectual. Sem o trabalho, ele se conservaria estacionário e não poderia aspirar à felicidade dos Espíritos superiores
Ajudas o homem de boa-vontade que em ti confia, pelo que concerne ao necessário; não, porém, àquele que se compraz na ociosidade e desejara tudo obter sem esforço, nem àquele que busca o supérfluo. (Cap. XXV.)
Quantos e quantos sucumbem por culpa própria, pela sua incúria, pela sua imprevidência, ou pela sua ambição e por não terem querido contentar-se com o que lhes havias concedido! Esses são os artífices do seu infortúnio e carecem do direito de queixar-se, pois que são punidos naquilo em que pecaram. Mas, nem a esses mesmos abandonas, porque és infinitamente misericordioso. As mãos lhes estendes para socorrê-los, desde que, como o filho pródigo, se voltem sinceramente para ti. (Cap. V, nº 4.)
Antes de nos queixarmos da sorte, inquiramos de nós mesmos se ela não é obra nossa. A cada desgraça que nos chegue, cuidemos de saber se não teria estado em nossas mãos evitá-la. Consideremos também que Deus nos outorgou a inteligência para tirar-nos do lameiro, e que de nós depende o modo de a utilizarmos.
Pois que à lei do trabalho se acha submetido o homem na Terra, dá-nos coragem e forças para obedecer a essa lei. Dá-nos também a prudência, a previdência e a moderação, a fim de não perdermos o respectivo fruto.
Dá-nos, pois, Senhor, o pão de cada dia, isto é, os meios de adquirirmos, pelo trabalho, as coisas necessárias à vida, porquanto ninguém tem o direito de reclamar o supérfluo.
Se trabalhar nos é impossível, à tua divina providência nos confiamos.
Se está nos teus desígnios experimentar-nos pelas mais duras provações, mau grado aos nossos esforços, aceitamo-las como justa expiação das faltas que tenhamos cometido nesta existência, ou noutra anterior, porquanto és justo. Sabemos que não há penas imerecidas e que jamais castigas sem causa.
Preserva-nos, ó meu Deus, de invejar os que possuem o que não temos, nem mesmo os que dispõem do supérfluo, ao passo que a nós nos falta o necessário. Perdoa-lhes, se esquecem a lei de caridade e de amor do próximo, que lhes ensinaste. (Cap. XVI, nº 8.)
Afasta, igualmente, do nosso espírito a idéia de negar a tua justiça, ao notarmos a prosperidade do mau e a desgraça que cai por vezes sobre o homem de bem. Já sabemos, graças às novas luzes que te aprouve conceder-nos, que a tua justiça se cumpre sempre e a ninguém excetua; que a prosperidade material do mau é efêmera, quanto a sua existência corpórea, e que experimentará terríveis reveses, ao passo que eterno será o júbilo daquele que sofre resignado. (Cap. V, nº 7, nº 9, nº 12 e nº 18.)
V. Perdoa as nossas dívidas, como perdoamos aos que nos devem. - Perdoa as nossas ofensas, como perdoamos aos que nos ofenderam.
Cada uma das nossas infrações às tuas leis, Senhor, é uma ofensa que te fazemos e uma dívida que contraímos e que cedo ou tarde teremos de saldar. Rogamos-te que no-las perdoes pela tua infinita misericórdia, sob a promessa, que te fazemos, de empregarmos os maiores esforços para não contrair outras.
Tu nos impuseste por lei expressa a caridade; mas, a caridade não consiste apenas em assistirmos os nossos semelhantes em suas necessidades; também consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. Com que direito reclamaríamos a tua indulgência, se dela não usássemos para com aqueles que nos hão dado motivo de queixa?
Concede-nos, ó meu Deus, forças para apagar de nossa alma todo ressentimento, todo ódio e todo rancor. Faze que a morte não nos surpreenda guardando nós no coração desejos de vingança. Se te aprouver tirar-nos hoje mesmo deste mundo, faze que nos possamos apresentar, diante de ti, puros de toda animosidade, a exemplo do Cristo, cujos últimos pensamentos foram em prol dos seus algozes. (Cap. X.)
Constituem parte das nossas provas terrenas as perseguições que os maus nos infligem. Devemos, então, recebê-las sem nos queixarmos, como todas as outras provas, e não maldizer dos que, por suas maldades, nos rasgam o caminho da felicidade eterna, visto que nos disseste, por intermédio de Jesus: "Bem-aventurados os que sofrem pela justiça!" Bendigamos, portanto, a mão que nos fere e humilha, uma vez que as mortificações do corpo nos fortificam a alma e que seremos exalçados por efeito da nossa humildade. (Cap. XII, nº 4.) Bendito seja teu nome, Senhor, por nos teres ensinado que nossa sorte não está irrevogavelmente fixada depois da morte; que encontraremos, em outras existências, os meios de resgatar e de reparar nossas culpas passadas, de cumprir em nova vida o que não podemos fazer nesta, para nosso progresso. (Cap. IV, e cap. V, nº 5.)
Assim se explicam, afinal, todas as anomalias aparentes da vida. É a luz que se projeta sobre o nosso passado e o nosso futuro, sinal evidente da tua justiça soberana e da tua infinita bondade.
VI. Não nos deixes entregues à tentação, mas livra-nos do mal. (1)
(1) Algumas traduções dizem: Não nos induzas à tentação (et ne nos inducas in tentationem). Essa expressão daria a entender que a tentação promana de Deus, que ele, voluntariamente, impele os homens ao mal, idéia blasfematória que igualaria Deus a Satanás e que, portanto, não poderia estar na mente de Jesus. É, aliás, conforme à doutrina vulgar sobre o papel dos demônios. (Veja-se: O Céu e o Inferno, 1ª Parte, cap. IX, "Os demônios".)
Dá-nos, Senhor, a força de resistir às sugestões dos Espíritos maus, que tentem desviar-nos da senda do bem, inspirando-nos maus pensamentos.
Mas, somos Espíritos imperfeitos, encarnados na Terra para expiar nossas faltas e melhorar-nos. Em nós mesmos está a causa primária do mal e os maus Espíritos mais não fazem do que aproveitar os nossos pendores viciosos, em que nos entretêm para nos tentarem.
Cada imperfeição é uma porta aberta à influência deles, ao passo que são impotentes e renunciam a toda tentativa contra os seres perfeitos. E inútil tudo o que possamos fazer para afastá-los, se não lhes opusermos decidida e inabalável vontade de permanecer no bem e absoluta renunciação ao mal. Contra nós mesmos, pois, é que precisamos dirigir os nossos esforços e, se o fizermos, os maus Espíritos naturalmente se afastarão, porquanto o mal é que os atrai, ao passo que o bem os repele. (Veja-se aqui adiante: "Preces pelos obsidiados".)
Senhor, ampara-nos em nossa fraqueza; inspira-nos, pelos nossos anjos guardiães e pelos bons Espíritos, a vontade de nos corrigirmos de todas as imperfeições a fim de obstarmos aos Espíritos maus o acesso à nossa alma. (Veja-se aqui adiante o nº 11.)
O mal não é obra tua, Senhor, porquanto o manancial de todo o bem nada de mau pode gerar. Somos nós mesmos que criamos o mal, infringindo as tuas leis e fazendo mau uso da liberdade que nos outorgaste. Quando os homens as cumprirmos, o mal desaparecerá da Terra, como já desapareceu de mundos mais adiantados que o nosso.
O mal não constitui para ninguém uma necessidade fatal e só parece irresistível aos que nele se comprazem. Desde que temos vontade para o fazer, também podemos ter a de praticar o bem, pelo que, ó meu Deus, pedimos a tua assistência e a dos Espíritos bons, a fim de resistirmos à tentação.
VII. Assim seja.
Praza-te, Senhor, que os nossos desejos se efetivem. Mas, curvamo-nos perante a tua sabedoria infinita. Que em todas as coisas que nos escapam à compreensão se faça a tua santa vontade e não a nossa, pois somente queres o nosso bem e melhor do que nós sabes o que nos convém.
Dirigimos-te esta prece, ó Deus, por nós mesmos e também por todas as almas sofredoras, encarnadas e desencarnadas, pelos nossos amigos e inimigos, por todos os que solicitem a nossa assistência e, em particular, por N...
Para todos suplicamos a tua misericórdia e a tua bênção.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O Jugo Leve


            1 – Vinde a mim, todos os que andam em sofrimento e vos achais carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mateus, XI: 28-30)

            2 – Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perdas de seres queridos, encontram sua consolação na fé no futuro, e na confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele que, pelo contrário, nada espera após esta vida, ou que simplesmente duvida, as aflições pesam com todo o seu peso, e nenhuma esperança vem abrandar sua amargura. Eis o que levou Jesus a dizer: “Vinde a mim, vós todos que estais fatigados, e eu vos aliviarei”.
            Jesus, entretanto, impõe uma condição para a sua assistência e para a felicidade que promete aos aflitos. Essa condição é a da própria lei que ele ensina: seu jugo é a observação dessa lei. Mas esse jugo é leve e essa lei é suave, pois que impõe como dever o amor e a caridade.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Comemoração dos mortos. Funerais

320 Os Espíritos são sensíveis à saudade daqueles que amaram e que ficaram na Terra?
– Muito mais do que podeis supor; se são felizes, essa lembrança aumenta sua felicidade; se são infelizes, essa lembrança é para eles um alívio.
321 O dia da comemoração dos mortos tem algo de solene para os Espíritos? Eles se preparam para visitar os que vão orar nas suas sepulturas?
– Os Espíritos atendem ao chamado do pensamento tanto nesse dia quanto em qualquer outro.
321 a Esse dia é para eles um encontro junto às suas sepulturas?
– Eles estão aí num maior número nesse dia, porque há mais pessoas que os chamam. Mas cada um deles vem apenas pelos seus amigos e não pela multidão de indiferentes.
321 b Sob que forma comparecem e como seriam vistos, se pudessem se tornar visíveis?
– Sob a forma pela qual os conhecemos quando encarnados.
322 Os Espíritos esquecidos, cujos túmulos ninguém visita, também aí comparecem apesar disso? Lamentam não ver nenhum amigo que se lembre deles?
– Que lhes importa a Terra? Eles somente se prendem a ela pelo coração. Se aí não há amor, não há mais nada que retenha o Espírito: tem todo o universo para si.
323 A visita ao túmulo dá mais satisfação ao Espírito do que uma prece feita para ele?
– A visita ao túmulo é uma maneira de mostrar que se pensa no Espírito ausente: é a imagem. Já vos disse, a prece é que santifica o ato da lembrança; pouco importa o lugar, quando se ora com o coração.
324 Os Espíritos das pessoas às quais se erguem estátuas ou monumentos assistem à inauguração e as vêem com prazer?
– Muitos comparecem a essas solenidades quando podem, mas são menos sensíveis às homenagens que lhes prestam do que à lembrança.
325 De onde surge, para certas pessoas, o desejo de ser enterradas num lugar em vez de outro? Revêem esse lugar com maior satisfação após sua morte? Essa importância dada a uma coisa material é um sinal de inferioridade do Espírito?
– A afeição do Espírito por determinados lugares é inferioridade moral. Que diferença há entre um pedaço de terra em vez de outro para um Espírito elevado? Ele não sabe que se unirá aos que ama, mesmo estando os seus ossos separados?
325 a A reunião dos restos mortais de todos os membros de uma família num mesmo lugar deve ser considerada como uma coisa fútil?
– Não. É um costume piedoso e um testemunho de simpatia por quem se amou. Essa reunião pouco importa aos Espíritos, mas é útil aos homens: as lembranças ficam concentradas num só lugar.
326 A alma, ao entrar na vida espiritual, é sensível às homenagens prestadas aos seus despojos mortais?
– Quando o Espírito já atingiu um certo grau de perfeição, não possui mais vaidade terrestre e compreende a futilidade de todas as coisas. Porém, ficai sabendo, há Espíritos que, no primeiro momento de seu desencarne, sentem um grande prazer pelas homenagens que lhes prestam, ou se aborrecem com a falta de atenção ao seu corpo físico; isso porque ainda conservam alguns preconceitos da Terra.
327 O Espírito assiste ao enterro de seu corpo?
– Ele o assiste muito freqüentemente; mas, algumas vezes, se ainda estiver perturbado, não se dá conta do que se passa.
327 a Ele fica lisonjeado com a concorrência de assistentes ao seu enterro?
– Mais ou menos, de acordo com o sentimento que eles tenham.
328 O Espírito daquele que acaba de morrer assiste às reuniões de seus herdeiros?
– Quase sempre; isso lhe é permitido para sua própria instrução e para castigo dos culpados. O Espírito julga nessa hora o valor das manifestações honrosas que lhe faziam. Todos os sentimentos dos herdeiros se tornam claros como são de fato, e a decepção que sente ao ver a cobiça daqueles que partilham seus bens o esclarece quanto a esses sentimentos. Porém, a vez deles chegará igualmente.
329 O respeito instintivo que o homem, em todos os tempos e em todos os povos, tem pelos mortos é o efeito da intuição de uma vida futura?
– É a conseqüência natural dessa intuição; sem isso, esse respeito não teria sentido.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O mundo esta sério demais

"O mundo está sério demais. O sorriso há muito tempo deixou de ser manchete. Foi substituído pelas misérias humanas. (...) 

Devemos desligar um pouco a TV, fechar um pouco os jornais e voltar a fazer coisas simples: andar descalço na areia, cuidar de plantas, criar animais, fazer novos amigos, conversar com vizinhos, cumprimentar as pessoas com um sorriso, ler bons livros, meditar sobre a vida, expandir a espiritualidade, escrever poesias, rolar no tapete com as crianças, namorar nosso marido ou nossa mulher, rir de nossa seriedade, fazer do ambiente de trabalho um oásis de prazer e descontração.

Apareça de vez em quando vestido de palhaço para seus filhos ou para as crianças internadas nos hospitais. 
Aquiete sua mente, mude seu estilo de vida. 
Mude sua agenda.

As pessoas gostam de conviver com você? Ainda que não tenha dinheiro, se for uma pessoa agradável, você é uma pessoa rica. 
Se for desagradável, ainda que milionária, será apenas suportável."
Augusto Cury

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Ensaio teórico sobre as aparições

101. As manifestações aparentes mais comuns se dão durante o sono, por meio dos sonhos: são as visões. Os limites deste estudo não comportam o exame de todas as particularidades que os sonhos podem apresentar. Resumiremos tudo, dizendo que eles podem ser: uma visão atual das coisas presentes, ou ausentes; uma visão retrospectiva do passado e, em alguns casos excepcionais, um pressentimento do futuro. Também muitas vezes são quadros alegóricos que os Espíritos nos põem sob as vistas, para dar-nos úteis avisos e salutares conselhos, se se trata de Espíritos bons; para induzir-nos em erro e nos lisonjear as paixões, se são Espíritos imperfeitos os que no-lo apresentam. A teoria que se segue aplica-se aos sonhos, como a todos os outros casos de aparições. (Veja-se: O Livro dos Espíritos, ns. 400 e seguintes.)
Temos para nós que faríamos uma injúria aos nossos leitores, se nos propuséssemos a demonstrar o que há de absurdo e ridículo no que vulgarmente se chama a interpretação dos sonhos.
102. As aparições propriamente ditas se dão quando o vidente se acha em estado de vigília e no gozo da plena e inteira liberdade das suas faculdades. Apresentam-se, em geral, sob uma forma vaporosa e diáfana, às vezes vaga e imprecisa. A princípio é, quase sempre, uma claridade esbranquiçada, cujos contornos pouco a pouco se vão desenhando. Doutras vezes, as formas se mostram nitidamente acentuadas, distinguindo-se os menores traços da fisionomia, a ponto de se tornar possível fazer-se da aparição uma descrição completa. Os ademanes, o aspecto, são semelhantes aos que tinha o Espírito quando vivo.
Podendo tomar todas as aparências, o Espírito se apresenta sob a que melhor o faça reconhecível, se tal é o seu desejo. Assim, embora como Espírito nenhum defeito corpóreo tenha, ele se mostrará estropiado, coxo, corcunda, ferido, com cicatrizes, se isso for necessário à prova da sua identidade. Esopo, por exemplo, como Espírito, não é disforme; porém, se o evocarem como Esopo, ainda que muitas existências tenha tido depois da em que assim se chamou, ele aparecerá feio e corcunda, com os seus trajes tradicionais.
Coisa interessante é que, salvo em circunstâncias especiais, as partes menos acentuadas são os membros inferiores, enquanto que a cabeça, o tronco, os braços e as mãos são sempre claramente desenhados. Daí vem que quase nunca são vistos a andar, mas a deslizar como sombras. Quanto às vestes, compõem-se ordinariamente de um amontoado de pano, terminando em longo pregueado flutuante. Com uma cabeleira ondulante e graciosa se apresentam os Espíritos que nada conservam das coisas terrenas. Os Espíritos vulgares, porém, os que aqui conhecemos aparecem com os trajos que usavam no último período de sua existência.
Freqüentemente, mostram atributos característicos da elevação que alcançaram, como uma auréola, ou asas, os que possam ser tidos por anjos, ao passo que outros trazem os sinais Indicativos de suas ocupações terrenas. Assim, um guerreiro aparecerá com a sua armadura, um sábio com livros, um assassino com um punhal, etc. Os Espíritos superiores têm uma figura bela, nobre e serena; os mais Inferiores denotam alguma coisa de feroz e bestial, não sendo raro revelarem ainda os vestígios dos crimes que praticaram, ou dos suplícios que padeceram. A questão do traje e dos objetos acessórios com que os Espíritos aparecem é talvez a que mais espanto causa. Voltaremos a essa questão em capítulo especial, porque ela se liga a outros fatos muito importantes.
103. Dissemos que as aparições têm algo de vaporoso. Em certos casos, poder-se- ia compará-las à imagem que se reflete num espelho sem aço e que, não obstante a sua nitidez, não impede se vejam os objetos que lhe estão por detrás. Geralmente, é assim que os médiuns videntes as percebem. Eles as vêem ir e vir, entrar num aposento, sair dele, andar por entre os vivos com ares, pelo menos se se trata de Espíritos comuns, de participarem ativamente de tudo o que os homens fazem ao derredor deles, de se interessarem por tudo isso, de ouvirem o que dizem os humanos. Com freqüência são vistos a se aproximar de uma pessoa, a lhe insuflar idéias, a influenciá-la, a consolá-la, se pertencem à categoria dos bons, a escarnecê-la, se são malignos, a se mostrar tristes ou satisfeitos com os resultados que logram. Numa palavra: constituem como que o forro do mundo corpóreo.
Tal é esse mundo oculto que nos cerca, dentro do qual vivemos sem o percebermos, como vivemos, também sem darmos por isso, em meio das miríades de seres do mundo microscópico. O microscópio nos revelou o mundo dos infinitamente pequenos, de cuja existência não suspeitávamos; o Espiritismo, com o auxílio dos médiuns videntes, nos revelou o mundo dos Espíritos, que, por seu lado, também constitui uma das forças ativas da Natureza. Com o concurso dos médiuns videntes, possível nos foi estudar o mundo invisível, conhecer-lhe os costumes, como um povo de cegos poderia estudar o mundo visível com o auxílio de alguns homens que gozassem da faculdade de ver. (Veja-se adiante, no capítulo referente aos médiuns, o parágrafo que trata dos médiuns videntes.)
104. O Espírito, que quer ou pode fazer-se visível, reveste às vezes uma forma ainda mais precisa, com todas as aparências de um corpo sólido, ao ponto de causar completa ilusão e dar a crer, aos que observam a aparição, que têm diante de si um ser corpóreo. Em alguns casos, finalmente, e sob o império de certas circunstancias, a tangibilidade se pode tornar real, isto é, possível se torna ao observador tocar, palpar, sentir, na aparição, a mesma resistência, o mesmo calor que num corpo vivo, o que não impede que a tangibilidade se desvaneça com a rapidez do relâmpago. Nesses casos, já não é somente com o olhar que se nota a presença do Espírito, mas também pelo sentido tátil.
Dado se possa atribuir à ilusão ou a uma espécie de fascinação a aparição simplesmente visual, o mesmo já não ocorre quando se consegue segurá-la, palpá-la, quando ela própria segura o observador e o abraça, circunstâncias em que nenhuma dúvida mais é lícita.
Os fatos de aparições tangíveis são os mais raros; porém, os que se têm dado nestes últimos tempos, pela influência de alguns médiuns de grande poder (1) e absolutamente autenticados por testemunhos irrecusáveis, provam e explicam o que a história refere acerca de pessoas que, depois de mortas, se mostraram com todas as aparências da realidade.
(1) Entre outros, o Sr. Home.
Todavia, conforme já dissemos, por mais extraordinários que sejam, tais fenômenos perdem inteiramente todo caráter de maravilhosos, quando conhecida a maneira por que se produzem e quando se compreende que, longe de constituírem uma derrogação das leis da Natureza, são apenas efeito de uma aplicação dessas leis.
105. Por sua natureza e em seu estado normal, o perispírito é invisível e tem isto de comum com uma imensidade de fluidos que sabemos existir, sem que, entretanto, jamais os tenhamos visto. Mas, também, do mesmo modo que alguns desses fluidos, pode ele sofrer modificações que o tornem perceptível à vista, quer por meio de uma espécie de condensação, quer por meio de uma mudança na disposição de suas moléculas. Aparece-nos então sob uma forma vaporosa.
A condensação (preciso é que não se tome esta palavra na sua significação literal; empregamo-la apenas por falta de outra e a título de comparação), a condensação, dizemos, pode ser tal que o perispírito adquira as propriedades de um corpo sólido e tangível, conservando, porém, a possibilidade de retomar instantaneamente seu estado etéreo e invisível. Podemos apreender esse efeito, atentando no vapor, que passa do de invisibilidade ao estado brumoso, depois ao estado líquido, em seguida ao sólido e vice-versa.
Esses diferentes estados do perispírito resultam da vontade do Espírito e não de uma causa física exterior, como se dá com os nossos gases. Quando o Espírito nos aparece, é que pôs o seu perispírito no estado próprio a torná-lo visível. Mas, para isso, não basta a sua vontade, porquanto a modificação do perispírito se opera mediante sua combinação com o fluido peculiar ao médium. Ora, esta combinação nem sempre é possível, o que explica não ser generalizada a visibilidade dos Espíritos. Assim, não basta que o Espírito queira mostrar-se; não basta tão pouco que uma pessoa queira vê-lo; é necessário que os dois fluidos possam combinar-se, que entre eles haja uma espécie de afinidade e também, porventura, que a emissão do fluido da pessoa seja suficientemente abundante para operar a transformação do perispírito e, provavelmente, que se verifiquem ainda outras condições que desconhecemos. E necessário, enfim, que o Espírito tenha a permissão de se fazer visível a tal pessoa, o que nem sempre lhe é concedido, ou só o é em certas circunstâncias, por motivos que não podemos apreciar.
106. Outra propriedade do perispírito inerente à sua natureza etérea é a penetrabilidade. Matéria nenhuma lhe opõe obstáculo: ele as atravessa todas, como a luz atravessa os corpos transparentes. Daí vem não haver tapagem capaz de obstar à entrada dos Espíritos. Eles visitam o prisioneiro no seu calabouço, com a mesma facilidade com que visitam uma pessoa que esteja em pleno campo.
107. Não são raras, nem constituem novidades as aparições no estado de vigília. Elas se produziram em todos os tempos. A história as registra em grande número. Não precisamos, porém, remontar ao passado, tão freqüentes são nos dias de hoje e muitas pessoas há que as têm visto e que as tomaram, no primeiro momento, pelo que se convencionou chamar alucinações. São freqüentes, sobretudo, nos casos de morte de pessoas ausentes, que vêm visitar seus parentes ou amigos. Muitas vezes, as aparições não trazem um fim muito determinado, mas pode dizer-se que, em geral, os Espíritos que assim aparecem são atraídos pela simpatia. Interrogue cada um as suas recordações e poucos serão os que não conheçam alguns fatos desse gênero, cuja autenticidade não se poderia pôr em dúvida.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A começar por Mim


Jesus,
Quero postar-me sempre a Teu serviço,
E cantar mundo afora a Tua mensagem
Transformada na Terra em confortante
e doce aragem.
Não pretendo, jamais, fazer-me omisso,
Ante tanto trabalho que me espera
Como seareiro da esperança,
Antecipando as conquistas da nova era.
Mestre,
Quero seguir-Te sem cansaço,
E pautar-me pelos Teus ensinamentos,
passo a passo,
Apresentando ao mundo o nosso Pai.
Quando vejo o caminho em que
nossa humanidade vai,
E percebo os enganos, os vícios, os males e a dor,
Sinto que posso ser útil onde for,
Sinto, então, que posso ser Teu instrumento.
Fortifica-me, assim, e ilumina-me
cada sentimento,
Inspira-me na ação do bem de cada dia.
Sabedor como sou de que esperas que a alegria
Alcance cada lar e cada coração,
Que vibras para que tudo seja renovação
Nos rumos dessa vida planetária,
Não permitas, Jesus,
Que a luta necessária possa cansar-me a alma.
Faze-me mais consciente do meu próprio dever,
Para que Teu servidor honrado eu possa ser,
Dando brilho e valor aos labores pelo mundo.
Quero dizer-Te, enfim,
Que posso abrir os braços
E abraçar os meus irmãos, que, como eu,
São caminheiros do progresso,
E, por isso, Jesus, é que ainda Te peço:
Abrasa-me todo ser para que eu seja
nobre e companheiro,
Espalhando no planeta o Teu luzeiro,
E, ao mesmo tempo, que ouvir-Te a doce voz,
Porque, então, jamais me sentirei a sós,
E, encorajado, cantarei, enfim,
Toda ventura que me irá na alma,
Feliz por poder acolher-Te dentro de mim.
Pelo Espírito
Ivan de Albuquerque

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Código penal da vida futura

O Espiritismo não vem, pois, com sua autoridade privada, formular um código de fantasia; a sua lei, no que respeita ao futuro da alma, deduzida das observações do fato, pode resumir-se nos seguintes pontos:
1º - A alma ou Espírito sofre na vida espiritual as conseqüências de todas as imperfeições que não conseguiu corrigir na vida corporal. O seu estado, feliz ou desgraçado, é inerente ao seu grau de pureza ou impureza.
2º A completa felicidade prende-se à perfeição, isto é, à purificação completa do Espírito. Toda imperfeição é, por sua vez, causa de sofrimento e de privação de gozo, do mesmo modo que toda perfeição adquirida é fonte de gozo e atenuante de sofrimentos.
3º - Não há uma única imperfeição da alma que não importe funestas e inevitáveis conseqüências, como não há uma só qualidade boa que não seja fonte de um gozo.
A soma das penas é, assim, proporcionada à soma das imperfeições, como a dos gozos à das qualidades.
A alma que tem dez imperfeições, por exemplo, sofre mais do que a que tem três ou quatro; e quando dessas dez imperfeições não lhe restar mais que metade ou um quarto, menos sofrerá.
De todo extintas, então a alma será perfeitamente feliz. Também na Terra, quem tem muitas moléstias, sofre mais do que quem tenha apenas uma ou nenhuma. Pela mesma razão, a alma que possui dez perfeições, tem mais gozos do que outra menos rica de boas qualidades.
4º - Em virtude da lei do progresso que dá a toda alma a possibilidade de adquirir o bem que lhe falta, como de despojar-se do que tem de mau, conforme o esforço e vontade próprios, temos que o futuro é aberto a todas as criaturas. Deus não repudia nenhum de seus filhos, antes recebe-os em seu seio à medida que atingem a perfeição, deixando a cada qual o mérito das suas obras.
5º - Dependendo o sofrimento da imperfeição, como o gozo da perfeição, a alma traz consigo o próprio castigo ou prêmio, onde quer que se encontre, sem necessidade de lugar circunscrito.
O inferno está por toda parte em que haja almas sofredoras, e o céu igualmente onde houver almas felizes.
6º - O bem e o mal que fazemos decorrem das qualidades que possuímos. Não fazer o bem quando podemos e, portanto, o resultado de uma imperfeição. Se toda imperfeição é fonte de sofrimento, o Espírito deve sofrer não somente pelo mal que fez como pelo bem que deixou de fazer na vida terrestre.
7º - O Espírito sofre pelo mal que fez, de maneira que, sendo a sua atenção constantemente dirigida para as conseqüências desse mal, melhor compreende os seus inconvenientes e trata de corrigir-se.
8º - Sendo infinita a justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento mau que não tenha conseqüências fatais, como não na uma única ação meritória. um só bom movimento da alma que se perca, mesmo para os mais perversos, por isso que constituem tais ações um começo de progresso.
9º - Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se o não for em urna existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes, porque todas as existências são solidárias entre si. Aquele que se quita numa existência não terá necessidade de pagar segunda vez.
10º - O Espírito sofre, quer no mundo corporal, quer no espiritual, a conseqüência das suas imperfeições. As misérias, as vicissitudes padecidas na vida corpórea, são oriundas das nossas imperfeições, são expiações de faltas cometidas na presente ou em precedentes existências.
Pela natureza dos sofrimentos e vicissitudes da vida corpórea, pode julgar-se a natureza das faltas cometidas em anterior existência, e das imperfeições que as originaram.
11º - A expiação varia segundo a natureza e gravidade da falta, podendo, portanto, a mesma falta determinar expiações diversas, conforme as circunstâncias, atenuantes ou agravantes, em que for cometida.
12º - Não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e duração do castigo: - a única lei geral é que toda falta terá punição, e terá recompensa todo ato meritório, segundo o seu valor.
13º - A duração do castigo depende da melhoria do Espírito culpado.
Nenhuma condenação por tempo determinado lhe é prescrita. O que Deus exige por termo de sofrimentos é um melhoramento sério, efetivo, sincero, de volta ao bem.
Deste modo o Espírito é sempre o árbitro da própria sorte, podendo prolongar os sofrimentos pela pertinácia no mal, ou suavizá-los e anulá-los pela prática do bem.
Uma condenação por tempo predeterminado teria o duplo inconveniente de continuar o martírio do Espírito renegado, ou de libertá-lo do sofrimento quando ainda permanecesse no mal. Ora, Deus, que é justo, só pune o mal enquanto existe, e deixa de o punir quando não existe mais (1); por outra, o mal moral, sendo por si mesmo causa de sofrimento, fará este durar enquanto subsistir aquele, ou diminuirá de intensidade à medida que ele decresça.
    (1) Vede cap. VI, nº 25, citação de Ezequiel.
14º - Dependendo da melhoria do Espírito a duração do castigo, o culpado que jamais melhorasse sofreria sempre, e, para ele, a pena seria eterna.
15º - Uma condição inerente à inferioridade dos Espíritos é não lobrigarem o termo da provação, acreditando-a eterna, como eterno lhes parece deva ser um tal castigo. (2)
    (2) Perpétuo é sinônimo de eterno. Diz-se o limite das neves perpétuas; o eterno gelo dos pólos; também se diz o secretário perpétuo da Academia, o que não significa que o seja ad perpetuam, mas unicamente por tempo ilimitado. Eterno e perpétuo se empregam, pois, no sentido de indeterminado. Nesta acepção pode dizer-se que as penas são eternas, para exprimir que não têm duração limitada; eternas, portanto, para o Espírito que lhes não vê o termo.
16º - O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação.
Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.
17º - O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo.
Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe são conseqüentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal.
A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má-vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contacto com as mesmas pessoas que de si tiverem queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito. Nem todas as faltas acarretam prejuízo direto e efetivo; em tais casos a reparação se opera, fazendo-se o que se deveria fazer e foi descurado; cumprindo os deveres desprezados, as missões não preenchidas; praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se se tem sido orgulhoso, amável se se foi austero, caridoso se se tem sido egoísta, benigno se se tem sido perverso, laborioso se se tem sido ocioso, útil se se tem sido inútil, frugal se se tem sido intemperante, trocando em suma por bons os maus exemplos perpetrados. E desse modo progride o Espírito, aproveitando-se do próprio passado. (1)
    (1) A necessidade da reparação é um princípio de rigorosa justiça. que se pode considerar verdadeira lei de reabilitação morai dos Espíritos. Entretanto, essa doutrina religião alguma ainda a proclamou. Algumas pessoas repelem-na porque acham mais cômodo o poder quitarem-se das más ações por um simples arrependimento, que não custa mais que palavras, por meio de algumas fórmulas; contudo, crendo-se, assim, quites, verão mais tarde se isso lhes bastava. Nós poderíamos perguntar se esse principio não é consagrado pela lei humana, e se a justiça divina pode ser inferior à dos homens? E mais, se essas leis se dariam por desafrontadas desde que o indivíduo que as transgredisse, por abuso de confiança, se limitasse a dizer que as respeita infinitamente.
    Por que hão de vacilar tais pessoas perante uma obrigação que todo homem honesto se impõe como dever, segundo o grau de suas forças?
    Quando esta perspectiva de reparação for inculcada na crença das massas, será um outro freio aos seus desmandos, e bem mais poderoso que o inferno e respectivas penas eternas, visto como interessa a vida em sua plena atualidade, podendo o homem compreender a procedência das circunstâncias que a tornam penosa, ou a sua verdadeira situação.
18º - Os Espíritos imperfeitos são excluídos dos mundos felizes, cuja harmonia perturbariam. Ficam nos mundos inferiores a expiarem as suas faltas pelas tribulações da vida, e purificando-se das suas imperfeições até que mereçam a encarnação em mundos mais elevados, mais adiantados moral e fisicamente. Se se pode conceber um lugar circunscrito de castigo, tal lugar é, sem dúvida, nesses mundos de expiação, em torno dos quais pululam Espíritos imperfeitos, desencarnados à espera de novas existências que lhes permitam reparar o mal, auxiliando-os no progresso.
19º - Como o Espírito tem sempre o livre-arbítrio, o progresso por vezes se lhe torna lento, e tenaz a sua obstinação no mal. Nesse estado pode persistir anos e séculos, vindo por fim um momento em que a sua contumácia se modifica pelo sofrimento, e, a despeito da sua jactância, reconhece o poder superior que o domina.
Então, desde que se manifestam os primeiros vislumbres de arrependimento, Deus lhe faz entrever a esperança. Nem há Espírito incapaz de nunca progredir, votado a eterna inferioridade, o que seria a negação da lei de progresso, que providencialmente rege todas as criaturas.
20º - Quaisquer que sejam a inferioridade e perversidade dos Espíritos, Deus jamais os abandona. Todos têm seu anjo de guarda (guia) que por eles vela, na persuasão de suscitar-lhes bons pensamentos, desejos de progredir e, bem assim, de espreitar-lhes os movimentos da alma, com o que se esforçam por reparar em uma nova existência o mal que praticaram. Contudo, essa interferência do guia faz-se quase sempre ocultamente e de modo a não haver pressão, pois que o Espírito deve progredir por impulso da própria vontade, nunca por qualquer sujeição.
O bem e o mal são praticados em virtude do livre-arbítrio, e, conseguintemente, sem que o Espírito seja fatalmente impelido para um ou outro sentido.
Persistindo no mal, sofrerá as conseqüências por tanto tempo quanto durar a persistência, do mesmo modo que, dando um passo para o bem, sente imediatamente benéficos efeitos.
OBSERVAÇÃO - Erro seria supor que, por efeito da lei de progresso, a certeza de atingir cedo ou tarde a perfeição e a felicidade pode estimular a perseverança no mal, sob a condição do ulterior arrependimento: primeiro porque o Espírito inferior não se apercebe do termo da sua situação; e segundo porque, sendo ele o autor da própria infelicidade, acaba por compreender que de si depende o fazê-la cessar; que por tanto tempo quanto perseverar no mal será infeliz; finalmente, que o sofrimento será intérmino se ele próprio não lhe der fim. Seria, pois, um cálculo negativo, cujas conseqüências o Espírito seria o primeiro a reconhecer. Com o dogma das penas irremissíveis é que se verifica, precisamente, tal hipótese, visto como é para sempre interdita qualquer idéia de esperança, não tendo pois o homem interesse em converter-se ao bem, para ele sem proveito.
Diante dessa lei, cai também a objeção extraída da presciência divina, pois Deus, criando uma alma, sabe efetivamente se, em virtude do seu livre-arbítrio, ela tomará a boa ou a má estrada; sabe que ela será punida se fizer o mal; mas sabe também que tal castigo temporário é um meio de fazê-la compreender o erro, cedo ou tarde entrando no bom caminho. Pela doutrina das penas eternas conclui-se que Deus sabe que essa alma falirá e, portanto, que está previamente condenada a torturas infinitas.
21º - A responsabilidade das faltas é toda pessoal, ninguém sofre por erros alheios, salvo se a eles deu origem, quer provocando-os pelo exemplo, quer não os impedindo quando poderia fazê-lo.
Assim, o suicida é sempre punido; mas aquele que por maldade impele outro a cometê-lo, esse sofre ainda maior pena.
22º - Conquanto infinita a diversidade de punições, algumas há inerentes à inferioridade dos Espíritos, e cujas conseqüências, salvo pormenores, são pouco mais ou menos idênticas.
A punição mais imediata, sobretudo entre os que se acham ligados à vida material em detrimento do progresso espiritual, faz-se sentir pela lentidão do desprendimento da alma; nas angústias que acompanham a morte e o despertar na outra vida, na conseqüente perturbação que pode dilatar-se por meses e anos.
Naqueles que, ao contrário, têm pura a consciência e na vida material já se acham identificados com a vida espiritual, o trespasse é rápido, sem abalos, quase nula a turbação de um pacífico despertar.
23º - Um fenômeno mui freqüente entre os Espíritos de certa inferioridade moral é o acreditarem-se ainda vivos, podendo esta ilusão prolongar-se por muitos anos, durante os quais eles experimentarão todas as necessidades, todos os tormentos e perplexidades da vida.
24º - Para o criminoso, a presença incessante das vitimas e das circunstâncias do crime é um suplício cruel.
25º - Espíritos há mergulhados em densa treva; outros se encontram em absoluto insulamento no Espaço, atormentados pela ignorância da própria posição, como da sorte que os aguarda. Os mais culpados padecem torturas muito mais pungentes por não lhes entreverem um termo.
Alguns são privados de ver os seres queridos, e todos, geralmente, passam com intensidade relativa pelos males, pelas dores e privações que a outrem ocasionaram. Esta situação perdura até que o desejo de reparação pelo arrependimento lhes traga a calma para entrever a possibilidade de, por eles mesmos, pôr um termo à sua situação.
26º - Para o orgulhoso relegado às classes inferiores. é suplício ver acima dele colocados, cheios de glória e bem-estar, os que na Terra desprezara. O hipócrita vê desvendados, penetrados e lidos por todo o mundo os seus mais secretos pensamentos, sem que os possa ocultar ou dissimular; o sátiro, na impotência de os saciar, tem na exaltação dos bestiais desejos o mais atroz tormento; vê o avaro o esbanjamento inevitável do seu tesouro, enquanto que o egoísta, desamparado de todos, sofre as conseqüências da sua atitude terrena; nem a sede nem a fome lhe serão mitigadas, nem amigas mãos se lhe estenderão às suas mãos súplices; e pois que em vida só de si cuidara, ninguém dele se compadecerá na morte.
27º - O único meio de evitar ou atenuar as conseqüências futuras de uma falta, está no repará-la, desfazendo-a no presente. Quanto mais nos demorarmos na reparação de uma falta, tanto mais penosas e rigorosas serão, no futuro, as suas conseqüências.
28º - A situação do Espírito, no mundo espiritual, não é outra senão a por si mesmo preparada na vida corpórea.
Mais tarde, outra encarnação se lhe faculta para novas provas de expiação e reparação, com maior ou menor proveito, dependentes do seu livre-arbítrio; e se ele não se corrige, terá sempre uma missão a recomeçar, sempre e sempre mais acerba, de sorte que pode dizer-se que aquele que muito sofre na Terra, muito tinha a expiar; e os que gozam uma felicidade aparente, em que pesem aos seus vícios e inutilidades, paga-la-ão mui caro em ulterior existência. Nesse sentido foi que Jesus disse: - "Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados," (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V.)
29º - Certo, a misericórdia de Deus é infinita, mas não é cega. O culpado que ela atinge não fica exonerado, e, enquanto não houver satisfeito à justiça, sofre a conseqüência dos seus erros. Por infinita misericórdia, devemos ter que Deus não é inexorável, deixando sempre viável o caminho da redenção.
30º - Subordinadas ao arrependimento e reparação dependentes da vontade humana, as penas, por temporárias, constituem concomitantemente castigos e remédios auxiliares à cura do mal. Os Espíritos, em prova, não são, pois, quais galés por certo tempo condenados, mas como doentes de hospital sofrendo de moléstias resultantes da própria incúria, a compadecerem-se com meios curativos mais ou menos dolorosos que a moléstia reclama, esperando alta tanto mais pronta quanto mais estritamente observadas as prescrições do solícito médico assistente. Se os doentes, pelo próprio descuido de si mesmos, prolongam a enfermidade, o médico nada tem que ver com isso.
31º - As penas que o Espírito experimenta na vida espiritual ajuntam-se as da vida corpórea, que são conseqüentes às imperfeições do homem, às suas paixões, ao mau uso das suas faculdades e à expiação de presentes e passadas faltas. z na vida corpórea que o Espírito repara o mal de anteriores existências, pondo em prática resoluções tomadas na vida espiritual. Assim se explicam as misérias e vicissitudes mundanas que, à primeira vista, parecem não ter razão de ser. Justas são elas, no entanto, como espólio do passado - herança que serve à nossa romagem para a perfectibilidade. (1)
    (1) Vede 1ª' Parte, cap. V, "O purgatório", nº 3 e seguintes; e, após, 2ª Parte, cap. VIII, "Expiações terrestres". Vede, também, O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, "Bem-aventurados os aflitos".
32º - Deus, diz-se, não daria prova maior de amor às suas criaturas, criando-as infalíveis e, por conseguinte, isentas dos vícios inerentes à imperfeição? Para tanto fora preciso que Ele criasse seres perfeitos, nada mais tendo a adquirir, quer em conhecimentos, quer em moralidade. Certo, porém, Deus poderia fazê-lo, e se o não fez é que em sua sabedoria quis que o progresso constituísse lei geral. Os homens são imperfeitos, e, como tais, sujeitos a vicissitudes mais ou menos penosas. E pois que o fato existe, devemos aceitá-lo.
Inferir dele que Deus não é bom nem justo, fora insensata revolta contra a lei.
injustiça haveria, sim, na criação de seres privilegiados, mais ou menos favorecidos, fruindo gozos que outros porventura não atingem senão pelo trabalho, ou que jamais pudessem atingir. Ao contrário, a justiça divina patenteia-se na igualdade absoluta que preside à criação dos Espíritos; todos têm o mesmo ponto de partida e nenhum se distingue em sua formação por melhor aquinhoado; nenhum cuja marcha progressiva se facilite por exceção: os que chegam ao fim, têm passado, como quaisquer outros, pelas fases de inferioridade e respectivas provas.
Isto posto, nada mais justo que a liberdade de ação a cada qual concedida. O caminho da felicidade a todos se abre amplo, como a todos as mesmas condições para atingi-la. A lei, gravada em todas as consciências, a todos é ensinada. Deus fez da felicidade o prêmio do trabalho e não do favoritismo, para que cada qual tivesse seu mérito.
Todos somos livres no trabalho do próprio progresso, e o que muito e depressa trabalha, mais cedo recebe a recompensa. O romeiro que se desgarra, ou em caminho perde tempo, retarda a marcha e não pode queixar-se senão de si mesmo.
O bem como o mal são voluntários e facultativos: livre, o homem não é fatalmente impelido para um nem para outro.
33º - Em que pese à diversidade de gêneros e graus de sofrimentos dos Espíritos imperfeitos, o código penal da vida futura pode resumir-se nestes três princípios:
1º - O sofrimento é inerente à imperfeição.
2º - Toda imperfeição, assim como toda falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas conseqüências naturais e inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo.
3º - Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a futura felicidade.
A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra: - tal é a lei da Justiça Divina.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

A CAMINHO DA LUZ

Quem busca compreender nosso mundo e penetrar nas origens do planeta vai encontrar neste livro a resposta.
Dos eventos, fatos, situações e personagens que, através do tempo, balizaram a nossa marcha, o autor espiritual destacou os mais relevantes e os apresenta em notável trabalho de síntese.
Narra a história da civilização à luz do Espiritismo, mostrando a verdadeira posição do Evangelho do Cristo em face das religiões e filosofias terrenas.
Trata dos primeiros habitantes da Terra, perpassando as páginas históricas dos povos, dos grandes impérios e das mutações que se sucedem na direção do futuro.
Emmanuel demonstra que, por determinismo divino, estamos todos a caminho da Luz!""""""""""""""""""""

Autor: Francisco Cândido Xavier/Emmanuel
Editora: FEB
Páginas: 224
Tamanho: 14x21 (cm)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Diversidade dos Mundos


58. Vós nos seguistes em nossas excursões celestes, e tendes visitado conosco as regiões imensas do espaço. Sob nossas vistas, os sóis têm sucedido aos sóis, os sistemas aos sistemas, as nebulosas às nebulosas; o panorama esplêndido da harmonia do Cosmos tem se desenvolvido diante de nossos passos, e antegozamos a idéia do infinito, a qual não pudemos compreender em toda sua extensão senão segundo nossa futura perfetibilidade. Os mistérios do éter desfizeram seu enigma, até aqui indecifrável, e pelo menos concebemos a idéia da universalidade das coisas. Agora, importa que detenhamos nossa marcha, para refletir.
59. Sem dúvida, é belo haver reconhecido a ínfima posição da Terra, e sua medíocre importância na hierarquia dos mundos; é belo ter abatido a presunção humana que nos é tão cara e termo-nos humilhado diante da grandeza absoluta, porém será ainda mais belo interpretar sob o senso moral, o espetáculo do qual fomos testemunha. Desejo falar da potência infinita da Natureza, e da idéia que devemos fazer de seu modo de ação nas diversas partes do vasto Universo.
60. Habituados, como estamos, a considerar as coisas pela nossa pobre e pequena habitação, imaginamos que a Natureza não tem podido ou não tem sabido agir sobre os outros mundos, senão conforme as regras que têm sido reconhecidas aqui em baixo. Ora, é precisamente nisso que importa reformar nosso julgamento.
Por um instante, lançai os olhos sobre uma região qualquer de vosso globo, e sobre um dos produtos de vossa natureza; não reconhecei aí o cunho de uma variedade infinita e a prova de uma atividade sem igual? Não enxergais sobre a asa de um pequeno pássaro das Canárias, sobre a pétala de um botão de rosa entreaberto, a prestimosa fecundidade dessa bela natureza?
Quer vossos estudos se apliquem aos seres que planam nos ares, quer desçam até à violeta dos prados, quer mergulhem sob as profundezas do Oceano, em tudo e por toda a parte haveis de ler esta verdade universal: a Natureza todo-poderosa age segundo os lugares, os tempos e as circunstâncias; ela é una, em sua harmonia geral, porém múltipla em suas produções; ela se compraz num sol, assim como numa gota d'água; ela povoa com seres viventes um mundo imenso com a mesma facilidade que faz eclodir o ovo depositado pela borboleta do outono.
61. Ora, se tal é a variedade que a Natureza pode nos descrever em todos os lugares sobre este pequeno mundo tão limitado, tão estreito, quanto mais deveis estender este modo de ação, ponderando nas perspectivas dos vastos mundos! Quanto mais deveis desenvolvê-la e reconhecer sua pos sante extensão, aplicando-a a estes mundos maravilhosos que, muito mais que a Terra, atestam sua imensa perfeição!
Não considereis, pois, em torno de cada um dos sóis do espaço, sistemas semelhantes ao vosso sistema planetário; não vede sobre estes planetas desconhecidos, os três reinos da Natureza que brilham em torno de vós; mas concebei a idéia de que, da mesma forma que um rosto humano não se assemelha a outro rosto em todo o gênero humano, assim também uma diversidade prodigiosa, inimaginável se acha espalhada pelas moradas etéreas que vogam no seio dos espaços.
Do fato de que vossa natureza animada começa no zoófito para terminar no homem, de que a atmosfera alimenta a vida terrestre, de que o elemento líquido a renova sem cessar, de que vossas estações fazem suceder nesta vida os fenômenos que as distinguem, não tireis a conclusão de que os milhões e milhões de planetas que vagam na extensão do espaço sejam semelhantes ao nosso; longe disso, eles diferem segundo as condições diversas que lhes foram designadas e segundo seu papel respectivo na cena do mundo; eles são as pedrarias variadas de um imenso mosaico, as flores diversificadas de um admirável jardim.(*)
(*) Fazem-se críticas indevidas a Kardec no tocante à Teoria da Lua. Mas este capítulo foi tirado de comunicações de Galileu, dadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas através da psicografia do astrônomo Camille Flamarion. Kardec adverte tratar-se apenas de uma teoria que, embora original e com aspecto científico, ainda não fora confirmada. Registra-a por ser a única, na época, a dar uma possível explicação do fenômeno de rotação lunar. Seu critério é justo e não implica endosso de sua parte a essa idéia errônea. As comunicações mediúnicas, mormente sobre questões científicas, não podem ser aceitas sem comprovações. Os Espíritos são homens desencarnados e estão muitas vezes apegados a teorias que elaboraram na vida terrena. O mesmo se dá com a Teoria da Incrustação para formação da Terra, hoje evidentemente absurda, mas na época aceita por muitos estudiosos. Kardec as menciona como informação sobre as idéias da época, mas sem admiti-las como comprovadas (J. Herculano Pires).
Copyright 2004 - LAKE - Livraria Allan Kardec Editora
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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Entrevista extraído do livro "Palavras de Luz", Espíritos Diversos, psicografia de Divaldo P. Franco.
(parte III)
- Como enfrentar o desafio da educação da criança carente? O que nos aconselha no sentido de criarmos um trabalho com essas crianças de rua. Gostaria de saber se a merenda é prejudicial quando colocada como prêmio aos que freqüentam mais a evangelização?
Divaldo: A melhor maneira de enfrentar- se um desafio é começá- lo. Chamar um cooperador, mais um e formar um grupo.
É provável que muitos aqui não c onheçam a história da célebre Universidade Mackenzie, de São Paulo.
Começou quando uma educadora americana notou, em São Paulo, na rua em que morava, um grupo de crianças
vadias. Ela, que preparava muito bem broa de milho, pôs- se a atrair os meninos que ficavam à porta sentindo o cheiro, e começou a dar- lhes o alimento doce. Depois, resolveu que somente daria broas às crianças que viessem,
no Domingo, pela manhã, para ouviram- na falar do Evangelho de Jesus.
Depois que vieram vários por  causa da broa, ela explicou, que só participaria da reunião, para depois comer a broa,
quem viesse tomado banho, de cabelo penteado e pés calçados. Mais tarde, ela notou que poderia fazer algo mais
do que a broa. T eve a idéia de preparar um lanche mais substancial para atrair mais meninos de rua.
Eles aumentaram de tal forma que chegavam à hora em que ela estava na confecção do alimento.
Ocorreu- lhe estabelecer que, a partir da data X , somente teria acesso à aula de Evangelho, para depois comer,
quem soubesse ler e escrever. E c omo eles não o sabiam, ela pôs uma mesa no fundo do quintal e abriu uma escola
de iniciação alfabética. Hoje é o Mackenzie, que tem uma bela e longa história, inclusive, foi visitado por D. Pedro II
que lhe fez uma expressiva doação.
Uma americana, Mary Jane Mac Leod Bethune, começou a educar crianças num depósito de lixo. A lei da
segregação racial nos Estados Unidos era muito severa contra os negros. Ela era negra, havia ganho uma bolsa de
estudos de uma costureira quaker, e, ao se formar não tinha alunos. Quando foi nomeada não havia escola. Ela então reuniu três caixões vazios de c ebola, colocou- os embaixo de uma árvore, num depósito de lixo, convocou três descendentes de escravos e começou a ensinar- lhes a ler e escrever
Oportunamente, quando Henry Ford foi a Osmond, uma praia da Califórnia, ela foi visitá- lo. Ao chegar à porta, foi barrada, porque, no hotel, negros não podiam entrar, somente na condição de serviço. Ela subiu a escadaria de incêndio de nove andares, saltou a janela, tocou a campainha da porta, e, quando o mordomo veio abri- la, disse lhe: Quero falar c om Mr.Ford. O mordomo, que também era negro, respondeu: Mas ele não recebe negros! E falou lhe baixinho: Como você se atreve a vir aqui? Ela reagiu bem alto: Eu tenho uma entrevista marcada c om Mr. Ford, que assinalei por telefone. Eu sou Mary Jane.
Ouvindo- a, Mr. Ford redargüiu: Entre, senhora.
Quando ela se adentrou, ele, que era humanitário e acreditava na reencarnação, exclamou, surpreso: Mas eu não sabia que a senhora era uma negra!
Ela sorriu, elucidando: Não totalmente. Eu duvido que o senhor c onheç a dentes mais alvos e um olho mais brando do que o meu.
Ele a adorou, porque uma mulher que era superior a essas mesquinharias humanas merecia respeito.
Perguntou- lhe:
O que a senhora deseja de mim? - Desejo que o senhor me ajude a c onstruir a minha esc ola, a ampliá- la. Gostaria
de levá- lo ao meu terreno, a fim de que o senhor c onstrua c omigo a esc ola dos meus sonhos. Ele aquiesc eu.
Desc eu c om ela pelo elevador por onde não pudera subir. Quando ela passou pela porta e o atendente a viu, ela
ainda, só para surpreender, pegou o braç o de Mr.Ford, c om a maior intimidade. Sentou- se num c arro c oupé erto,
desfilando pela c idade de Osmond e olhando para todo mundo. Isso há mais ou menos sessenta anos. Era muita
c oragem!
Levou- o ao seu terreno. Quando c hegou ao depósito de lixo, disse- lhe:
É aqui, senhor, que eu quero c onstruir a minha esc ola.
Ele, surpreso, retruc ou:
- Aqui? E onde está sua esc ola?s c anc eladas naquele período.
Certa feita, ela estava numa c idade do Sul, onde a intolerânc ia rac ial era muito grande e teve uma c rise de
apendic ite. Foi levada de emergênc ia ao hospital e c oloc ada na mesa c irúrgic a. Quando os médic os entraram e a
viram, disseram: "Operar uma negra?" E saíram da sala. Ela pôs a mão no lugar dorido, olhou para a janela e orou: "O
Senhor deve estar brinc ando c omigo. Ac ho que o Senhor só me deu essa apendic ite para me desafiar. Porque se o
Senhor me ajuda a sair desta mesa, eu Lhe prometo que, na Améric a, onde o Senhor me pôs na T erra, nunc a mais
morrerá ninguém de apendic ite pelo c rime de ser negro, porque eu não deixarei.
Levantou- se e ergueu uma Fac uldade de Medic ina. É uma das histórias mais lindas do séc ulo, mas, infelizmente,
desc onhec ida dos brasileiros.
Quando estourou a guerra da Coréia, ela já era um vulto venerando no mundo. Foi c onselheira da UNESCO e da ONU
para assuntos rac iais.
Outra vez, ela vinha atravessando o c orredor para negros, no aeroporto de uma c idade do Sul. Um rapaz branc o
saltou a c erc a, abraç ou- a e c hamou- a de mamãe. Então o c olega reagiu: É louc o? Como pode abraç ar esta negra?
Ele explic ou: É por c ausa desta negra que eu vou dar a minha vida na Coréia. Quando eu fui c onvoc ado para a
guerra, em um país que jamais eu havia ouvido falar o nome, fui ao meu professor de geografia e perguntei: Onde é
que fic a mesmo essa Coréia? Ele mostrou no mapa uma região miserável, perdida, que eu não sei quem estava lá. E
eu vou prá lá, porque me disseram que eu vou salvar a democ rac ia, que eu aprendi c om esta negra, que ama a
todos os homens, sem perguntar o nome, a c or, a raç a ou a c renç a.
Ela esc reveu mais tarde: Eu poderia ter morrido naquele dia, porque minha missão, na T erra, havia ac abado.
Começ amos, na Mansão do Caminho, onde temos duas mil e quinhentas c rianç as, que têm o lanc he garantido, mais
ou menos, c omo narramos. Um dia demo- nos c onta que, na rua, havia muitos meninos que não estavam na esc ola,
e, por isso, não c omiam.
Criamos, para eles, uma sopa, há três anos. Vieram os meninos e suas mães. Depois de um ano estabelec emos que
só tomariam a sopa se viessem limpos. Como no bairro a dific uldade de água é muito grande, passaram a tomar
banho c onosc o. Se vêm desc alç os, damos alperc atas. Se as perderem, não tomam a sopa. Porque, o perder aqui, é
vender. Saem c om as alperc atas e vendem- nas, a fim de ganharem novas no outro dia.
Depois, só tomam a sopa se estudarem. O interesse c resc eu e hoje transformamo- la em almoç o, pois já estão tendo
aula normal. T êm a merenda às dez horas e o almoç o ao meio- dia. Começ amos c om vinte, estamos c om quase
trezentos. Fazemos a evangelizaç ão, c omo introduç ão ao trabalho da educ aç ão.
Ao fim do ano, os que tiverem melhor aprendizado são matric ulados na 1ª série da Esc ola Jesus Cristo. Este ano
matric ulamos quarenta e seis e no próximo teremos o dobro.
Começ amos, pois, sem maiores preoc upaç ões. Inic iamos sob a c opa de uma mangueira e sobre três c aixas de
c ebola, na rua Barão de Cotegipe, 124. Eu tinha lido, então, a vida de Mary Jane. Hoje estamos c om duas mil e
quinhentas c rianç as internas, semi- internas e externas. Pretendemos ainda aumentar o número, e, dentro de algunsdias, inauguraremos uma esc ola de auxiliar de enfermagem, para, depois, uma esc ola de magistério.
Fonte: http://geoc ities.yahoo.c om.br/ofic inaespirita/entrevista.html
(enviado por Milton kenedy)

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Grandes Personagens do Espiritismo - delaide Augusta Câmara

Adelaide Augusta Câmara
(Aura Celeste)
1874 – 1944

Adelaide Augusta Câmara foi uma das mais devotadas figuras femininas do Espiritismo no Brasil, bem conhecida pelo seu pseudônimo de Aura Celeste.
Encarnou na cidade de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, em 11 de janeiro de 1874, e desencarnou na cidade do Rio de Janeiro, em 24 de outubro de 1944.
Aura Celeste veio para a antiga Capital Federal em janeiro de 1896, graças ao auxílio de alguns militantes do Protestantismo, a cuja religião pertencia, os quais lhe propiciaram a oportunidade de lecionar no Colégio Ram Williams, o que fez com muita proficiência, durante algum tempo, até que organizou em sua própria residência, um curso primário, onde muitos homens ilustres do meio político e social brasileiro aprenderam com ela as primeiras letras.
Foi nesse período de sua vida, no ano de 1898, que começou a sentir as primeiras manifestações de suas faculdades mediúnicas. Nessa época, o grande Bezerra de Menezes dirigia os destinos da Federação Espírita Brasileira, revestido daquela auréola de prestígio e de respeito que crentes e descrentes lhe davam, e o Espiritismo era o assunto de todas as conversas, não só pelos fenômenos e curas mediúnicas, como pela propaganda falada, pelos livros e pela imprensa.
Sob a sábia orientação de Bezerra de Menezes começou a sua notável carreira mediúnica como psicografa, no Centro Espírita Ismael. O grande apóstolo do Espiritismo brasileiro, pela sua conhecida clarividência, prognosticou, certa vez, que Adelaide Câmara, com as prodigiosas faculdades de que era dotada, um dia assombraria crentes e descrentes. E essa profecia de Bezerra não se fez esperar, pois em breve Adelaide Câmara, como médium auditiva, começou a trabalhar na propagação da Doutrina, fazendo conferências e receitando, com tal acerto e exatidão, que o seu nome se irradiou por todo o País.
Com a desencarnação do inolvidável mestre, doutor Bezerra de Menezes, em 1900, Adelaide Câmara aproximou-se do grande seareiro que foi Inácio Bittencourt e, nas sessões do Círculo Espírita “Cáritas”, passou a emprestar o seu concurso magnífico como médium e como propagandista de primeira grandeza.
Contraindo núpcias em 1906, os afazeres do lar, e a educação dos filhos mais tarde, obrigaram-na a afastar-se da propaganda ativa nos Centros, mas, nem por isso, ficou inativa. Nas horas de lazer, entrava em confabulação com os guias espirituais, e pôde receber e produzir páginas admiráveis, que foram dadas à publicidade na obra “Do Além”, em 21 fascículos, e no livro “Orvalho do Céu”.
Foi aí que adotou o pseudônimo de Aura Celeste, nome com que ficou conhecida no Brasil inteiro.
Em 1920, retorna à tribuna e aos trabalhos mediúnicos, com tal vigor e entusiasmo, que o seu organismo de compleição franzina ressentiu-se um pouco, mas, nem por isso, deixou ela de cumprir com os seus deveres. O Dr. Joaquim Murtinho era o médico espiritual que, por seu intermédio, começou a trabalhar na cura dos enfermos e necessitados, diagnosticando e curando a todos quantos lhe batiam à porta, desenvolvendo-lhe, espontaneamente, diversas faculdades mediúnicas nesse período.
Além das mediunidades de incorporação, audição, vidência, psicográfica, curadora, intuitiva, possuía Adelaide Câmara, ainda, a extraordinária faculdade da bilocação. Muitas curas operou em diferentes lugares do Brasil, a eles se transportando em “desdobramento fluídico”, sendo visível o seu corpo perispirítico, como aconteceu em Juiz de Fora e Corumbá (provadamente constatado), por enfermos que, sob os seus cuidados, a viram aplicar-lhes “passes”.
Poetisa, conferencista, contista, e educadora sobretudo, deixou excelentes obras lítero-doutrinárias, em prosa e verso, assinando-os geralmente com o seu pseudônimo. É assim que deu a público “Vozes d”Alma”, versos; “Sentimentais”, versos; “Aspectos da Alma”, contos; “Palavras Espíritas”, palestras; “Rumo à Verdade” e “Luz do Alto”. Esparsos em revistas e jornais espíritas, há muitas poesias e artigos doutrinários de sua autoria.
O grande jornalista e literato Leal de Souza, referiu-se a Adelaide Câmara como “a grande Musa moderna, a Musa espiritualista”.
Em 1924, teve as suas vistas voltadas para o campo da assistência às crianças órfãs e à velhice desamparada. Centralizou todos os seus esforços no propósito de materializar esse antigo anseio de sua alma. Pouco, entretanto, pôde fazer em quase três anos de lutas. Aconteceu, então, que um confrade, João Carlos de Carvalho, estava angariando donativos e meios para a fundação de uma instituição dessa natureza, e, um dia, faz-lhe entrega da lista de donativos a fim de que Adelaide Câmara arranjasse novos óbolos para tão humanitário fim. Dias depois, João Carvalho desencarna, e ela fica de posse da lista e do dinheiro arrecadado.
Passados alguns meses, o Sr. Lopes, proprietário da Casa Lopes, que andava estudando a Doutrina, mostrou-se interessado na organização de uma instituição de amparo e assistência aos órfãos e Adelaide lhe informa possuir uma lista com alguns donativos para esse fim. A idéia foi recebida com entusiasmo e logo concretizada. Alugaram uma casa em Botafogo e aí foi instalado, no dia 13 de março de 1927, o Asilo Espírita “João Evangelista”, sendo ela a sua primeira diretora. Compareceu a essa festiva inauguração o doutor Guillon Ribeiro, então 2o. secretário da Federação Espírita Brasileira e representante desta naquela solenidade. Adelaide Câmara, em breves palavras, exprimiu o júbilo de sua alma, afirmando realizado o ideal de toda a sua existência – “ser mãe de órfãos, graça do céu que não trocaria por todo o ouro e todas as grandezas do mundo”.
Dedicou, daí por diante, todo o seu tempo a essa grandiosa obra de caridade, emprestando-lhe as luzes do seu saber e de sua bondade até o dia em que serenamente entregou a alma a Deus.
Com extremosa dedicação, trabalhou Aura Celeste em várias sociedades espíritas beneficentes da cidade do Rio de Janeiro, dando a todas elas o melhor de suas energias e de sua inteligência.
No Asilo Espírita “João Evangelista”, porém, foi onde realizou sua tarefa máxima, não só como competente educadora, mas também como hábil orientadora de inumeráveis jovens que ali receberam, como ainda recebem, instrução intelectual e educação moral.
A vida e a obra de Adelaide Câmara foram uma escada de luz, uma afirmação de fé e humildade, e um perene testemunho de amor. Era a grande educadora que ensinava educando e educava ensinando, pelo exemplo.
Médium sem vaidades, sincera e de honestidade a toda prova, praticava a mediunidade como verdadeiro sacerdócio.
Dotada de sólida cultura teria, se quisesse, conquistado fama no mundo das letras. Poetisa de vastos recursos, oradora convincente e natural, senhora de estilo vigoroso e de fulgurante imaginação, tudo deu e tudo fez, com o cabedal que possuía, para o bom nome e o engrandecimento da Doutrina Espírita.
O Asilo Espírita “João Evangelista”, no Rio de Janeiro, aí está ainda, em sede própria, atestando a obra e o devotamento à causa do bem daquela nobre mulher que se chamou Adelaide Augusta Câmara.