quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Considerações sobre a Pluralidade das existências

Considerações sobre a Pluralidade das existências

222 O dogma da reencarnação, dizem algumas pessoas, não é novo; foi tomado de Pitágoras1. Nós nunca dissemos que a Doutrina Espírita é invenção moderna. Os fatos espíritas, o Espiritismo, sendo uma lei da natureza, deve existir desde a origem dos tempos, e sempre nos esforçamos para provar que se encontram traços dele desde a mais alta Antiguidade. Pitágoras, como se sabe, não é o autor da metempsicose2; ele a tomou dos filósofos indianos e egípcios, que a conheciam desde tempos imemoriais. A idéia da transmigração das almas era uma crença comum, admitida pelos homens mais eminentes. Por qual meio chegou até eles? Foi por revelação ou por intuição? Não sabemos. Mas, seja como for, uma idéia não atravessa os tempos e não é aceita por inteligências de elite se não tiver algo de sério. A antiguidade dessa doutrina seria mais uma prova a seu favor do que uma objeção. Todavia, entre a metempsicose dos antigos e a doutrina moderna da reencarnação há, como se sabe, uma grande diferença que os Espíritos rejeitam de maneira mais absoluta. É a da transmigração da alma do homem para os animais e vice-versa.
Os Espíritos, ao ensinarem o dogma da pluralidade das existências corporais, renovam, portanto, uma doutrina proveniente das primeiras idades do mundo e que se conservou até nossos dias no pensamento íntimo de muitas pessoas. Os Espíritos apenas a apresentam sob um ponto de vista racional, mais de acordo com as leis progressivas da natureza e mais em harmonia com a sabedoria do Criador, livre de todos os acessórios da superstição. Uma circunstância digna de nota é que não foi apenas neste livro que os Espíritos a ensinaram nos últimos tempos: já antes da sua publicação, numerosas comunicações semelhantes haviam sido obtidas em diversos países e depois se multiplicaram de forma extraordinária. Seria talvez o caso de examinarmos aqui as razões por que todos os Espíritos não parecem estar de acordo sobre esta questão. Mais à frente voltaremos a esse assunto.
Examinemos a questão sob outro ponto de vista e façamos uma separação, deixando de lado toda intervenção dos Espíritos por enquanto. Suponhamos que esta teoria não foi dada por eles, e que até mesmo nunca se abordou esta questão com os Espíritos. Coloquemo-nos, momentaneamente, num terreno neutro, admitindo o mesmo grau de probabilidade para uma e outra hipótese, isto é, a pluralidade e a unicidade das existências corporais. Vejamos para qual lado nos guiará o nosso interesse e a razão.
Certas pessoas rejeitam a idéia da reencarnação pelo único motivo de que ela não lhes convém, dizendo ser-lhes suficiente uma só existência e que não gostariam de recomeçar outra parecida. Reconhecemos que o simples pensamento de reaparecer na Terra as faz pular de furor. É compreensível que o simples pensamento de terem de reaparecer na Terra as faça ficar furiosas. Mas a estes convém apenas lembrar se acaso Deus, para reger o universo, tenha que pedir-lhes conselho ou consultar seus gostos. Portanto, de duas coisas, uma: ou a reencarnação existe ou não existe. Se existe, embora as contrarie, será preciso enfrentá-la sem que Deus lhes peça permissão para isso. Essas pessoas parecem-se com um doente que diz: “Sofri o bastante por hoje, não quero mais sofrer amanhã”. Mas, apesar de seu mau humor, não terá, por isso, que sofrer menos amanhã e nos dias seguintes, até que esteja curado. Portanto, se tiverem de viver de novo, corporalmente, reviverão, reencarnarão. Protestarão inutilmente, como a criança que não quer ir à escola ou o condenado, para a prisão. Será preciso que passem por isso. Objeções semelhantes são muito ingênuas para merecer um exame mais sério. Diremos, entretanto, para tranqüilizá-las, que o que a Doutrina Espírita ensina sobre a reencarnação não é tão terrível quanto lhes parece; se a estudassem a fundo, não ficariam tão assustadas, saberiam que a condição dessa nova existência depende delas; serão felizes ou infelizes de acordo com o que tiverem feito aqui na Terra e podem, a partir dessa vida, se elevar tão alto que não temerão mais a queda no lodaçal.
Supomos falar a pessoas que acreditem num futuro qualquer depois da morte e não àquelas que tomam o nada por perspectiva ou que querem fazer desaparecer sua alma num todo universal, sem individualidade, exatamente como as gotas de chuva somem no oceano. Se, portanto, acreditais num futuro qualquer, não admitireis, sem dúvida, que seja o mesmo para todos, porque, senão, onde estaria a utilidade do bem? Por que se reprimir? Por que não satisfazer a todas as paixões, todos os desejos, mesmo à custa dos outros, uma vez que por isso não se ficaria nem melhor nem pior? Credes, ao contrário disso, que esse futuro será mais ou menos feliz ou infeliz, de acordo com o que tivermos feito durante a vida? Tendes a esperança de que seja tão feliz quanto possível, uma vez que é pela eternidade? Teríeis, por acaso, a pretensão de vos considerar um dentre os homens mais perfeitos que já existiram sobre a Terra e de ter, assim, o direito de alcançar imediatamente a felicidade suprema dos eleitos? Não. Admitis que existem homens com valores maiores do que os vossos e que têm o direito a um lugar melhor, sem que com isso estejais entre os condenados. Pois bem! Colocai-vos mentalmente por um instante nessa situação intermediária que seria a vossa, como acabastes de reconhecer, e imaginai que alguém venha vos dizer: “Sofreis, não sois tão felizes quanto poderíeis ser, enquanto tendes diante de vós seres que desfrutam de uma felicidade perfeita; quereis mudar vossa posição com a deles?” Sem dúvida, direis: “Que é preciso fazer?” “Muito pouco, muito simples. Recomeçar o que fizestes mal e procurar fazê-lo melhor”. Hesitaríeis em aceitar esta proposta mesmo a preço de muitas existências de provações? Façamos outra comparação simples. Se viessem dizer a um homem que, embora não estando entre os últimos dos miseráveis, sofresse privações pela escassez de seus recursos: “Eis ali uma imensa fortuna, podeis dela desfrutar, sendo preciso para isso trabalhar arduamente durante um minuto”. Mesmo o mais preguiçoso da Terra diria sem hesitar: “Trabalharei um minuto, dois, uma hora ou um dia se for preciso; que importa isso, se vou terminar minha vida na abundância?” Portanto, o que é a duração da vida corpórea perante a eternidade? Menos de um minuto, menos de um segundo.
Temos visto algumas pessoas raciocinarem deste modo: Deus, que é soberanamente bom, não pode impor ao homem recomeçar uma série de misérias e dificuldades. Por acaso, consideram essas pessoas que há em Deus mais justiça e bondade quando condena o homem a um sofrimento perpétuo, por alguns momentos de erro, do que quando lhe dá os meios de reparar suas faltas? Dois industriais tinham, cada um, um operário que podia aspirar a tornar-se sócio da empresa. Aconteceu que esses dois trabalhadores empregaram certa vez muito mal o dia de trabalho e mereciam ambos ser despedidos. Um dos patrões despediu o operário, apesar de suas súplicas, e este, não tendo mais encontrado trabalho, morreu na miséria. O outro disse ao seu empregado: “Perdeste um dia de serviço, tu me deves um outro como recompensa. Fizeste mal o teu trabalho, me deves a reparação; eu te permito recomeçar, trata de o fazer bem e eu te conservarei, e poderás sempre aspirar à posição superior que te prometi”. É necessário perguntar qual dos dois patrões foi o mais humano? Deus, que é a própria clemência, seria mais impiedoso do que um homem?
O pensamento de que nosso destino está fixado para sempre em razão de alguns anos de provação, até mesmo quando não tenha dependido de nós alcançar a perfeição na Terra, tem algo de desanimador, enquanto a idéia oposta é eminentemente consoladora, porque nos dá a esperança. Desse modo, sem nos pronunciarmos a favor ou contra a pluralidade das existências, sem dar preferência a uma hipótese ou outra, diremos que, se fosse dado ao homem o direito de escolha, não haveria ninguém que preferisse um julgamento sem apelação. Um filósofo disse que se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo para a felicidade dos seres humanos3. O mesmo se pode dizer da pluralidade das existências.
Mas, como já ficou dito, Deus não pede nossa permissão; não consulta nossa vontade. Ou isto é, ou não é. Vejamos de que lado estão as probabilidades e tomemos a questão sob um outro ponto de vista, deixando outra vez de lado o ensinamento dos Espíritos para analisá-la, unicamente, como estudo filosófico.
Se não existe reencarnação, não há senão uma existência corporal; isso é evidente. Se nossa existência corporal atual é a única, a alma de cada homem é criada no momento do seu nascimento, a menos que se admita a anterioridade da alma e, nesse caso, se perguntará qual foi o estado da alma antes de seu nascimento e se esse estado não constituía, por si só, uma existência sob uma forma qualquer. Não há meio-termo possível: ou a alma existia ou não existia antes do corpo. Se existia, qual era sua situação? Ela tinha ou não consciência de si mesma? Se não tinha, é como se não existisse. Se tinha individualidade, era progressiva ou estacionária? Tanto num caso como no outro, em que grau se achava ao tomar o corpo? Ao admitir, de acordo com a crença popular, que a alma nasce com o corpo, ou, o que vem a dar no mesmo, que antes de sua encarnação tinha apenas qualidades negativas, fazemos as seguintes questões:
  1. Por que a alma mostra aptidões tão diversas e independentes das idéias adquiridas pela educação?
  2. De onde vem a aptidão extranormal de certas crianças de tenra idade para determinada arte ou ciência, enquanto outras permanecem inferiores ou medíocres por toda a vida?
  3. De onde vêm, em uns, as idéias inatas ou intuitivas que não existem em outros?
  4. De onde vêm, em algumas crianças, esses instintos precoces de vícios ou de virtudes, esses sentimentos inatos de dignidade ou de baixeza, que contrastam com o meio em que nasceram?
  5. Por que certos homens, independentemente da educação, são mais avançados que outros?
  6. Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomardes uma criança hotentote4 recém-nascida e a educardes nas escolas mais renomadas, fareis dela algum dia um Laplace5 ou um Newton6?
Perguntamos: qual é a filosofia ou a teosofia7que pode resolver esses problemas? Ou as almas são iguais no seu nascimento, ou são desiguais, não há a menor dúvida disso. Se são iguais, por que são tão diversas as suas aptidões? Dirão que isso depende do organismo. Nesse caso, então seria a mais monstruosa e mais imoral das doutrinas. O homem seria apenas uma máquina, o joguete da matéria, e assim não teria mais as responsabilidades por seus atos, pois poderia atribuir tudo às suas imperfeições físicas. Se são desiguais as almas, é porque Deus as criou assim; mas, então, por que essa superioridade inata concedida a alguns? Estará essa parcialidade, esse favorecimento de acordo com a Sua justiça e com o amor igual que dedica a todas as criaturas?
Admitamos, ao contrário, uma sucessão de existências anteriores progressivas para cada alma e tudo estará claramente explicado. Os homens trazem ao nascer a intuição do que adquiriram em vidas anteriores; são mais ou menos avançados de acordo com o número de existências por que passaram, conforme estejam mais ou menos distantes do ponto de partida, exatamente como numa reunião de indivíduos de todas as idades, em que cada um terá um desenvolvimento proporcional ao número de anos que tiver vivido. As existências sucessivas serão, para a vida da alma, o que os anos são para a vida do corpo. Reuni de uma vez mil indivíduos, de um a oitenta anos. Imaginai que um véu seja lançado sobre todos os dias que ficaram para trás, e que, em vossa ignorância, os acreditais nascidos todos no mesmo dia: perguntareis naturalmente como uns podem ser grandes e outros pequenos, uns velhos e outros jovens, uns instruídos e outros ainda ignorantes. Mas se o véu que esconde o passado se dissipar, se chegardes a saber que todos viveram um tempo mais ou menos longo, tudo se explicará. Deus, em Sua justiça, não podia ter criado almas mais perfeitas e outras menos perfeitas; mas, com a pluralidade das existências, a desigualdade, as diferenças e divergências da vida não tem nada contrário à mais rigorosa justiça: pois vemos apenas o presente, não o passado. Este raciocínio se baseia em algum sistema ou é uma suposição gratuita? Não. Partimos de um fato patente, incontestável: a desigualdade das qualidades, das aptidões e do desenvolvimento intelectual e moral, e verificamos que esse fato é inexplicável por todas as teorias correntes; enquanto a explicação é simples, natural e lógica por uma outra teoria. É racional preferir as que não explicam àquela que explica?
Em relação à sexta questão, sem dúvida se dirá que o hotentote é de uma raça inferior. Então perguntaremos se o hotentote é ou não é um homem. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdados de privilégios concedidos à raça caucásica8? Se não é um homem, por que procurar fazê-lo cristão? A Doutrina Espírita é mais ampla que tudo isso; para ela não há diversas espécies de homens, há apenas homens cujos Espíritos estão mais ou menos atrasados, todos, porém, suscetíveis de progredir. Não está, este princípio, mais de acordo com a justiça de Deus?
Acabamos de avaliar as condições da alma quanto ao passado e ao presente. Se nós a considerarmos numa projeção quanto ao seu futuro, encontraremos as mesmas dificuldades.
  1. Se nossa existência atual é única, deve decidir a nossa destinação vindoura. Qual é, então, na vida futura, a posição respectiva do selvagem e do homem civilizado? Estarão no mesmo plano ou estarão distanciados em relação à felicidade eterna?
  2. O homem que trabalhou durante toda a vida para se aperfeiçoar estará na mesma posição daquele que permaneceu inferior, não por sua culpa, mas porque não teve tempo nem oportunidade de se aperfeiçoar?
  3. O homem que praticou o mal, porque não pôde se esclarecer, será culpado por um estado de coisas que não dependeram dele?
  4. Trabalha-se para esclarecer os homens, para moralizá-los, civilizá-los; mas, para cada um que se esclareça, há milhões de outros que morrem a cada dia antes que a luz chegue até eles. Qual será o fim deles? Serão tratados como condenados? Se não forem, o que fizeram para merecer estar na mesma posição que os outros?
  5. Qual é o destino das crianças que morrem em tenra idade e que não puderam, por isso, fazer o bem nem o mal? Se ficarem entre os eleitos, por que esse favorecimento, sem terem feito nada para merecê-lo? Por qual privilégio se livraram das dificuldades da vida?
Há alguma doutrina capaz de esclarecer essas questões?
Admiti as existências consecutivas e tudo estará explicado de acordo com a justiça de Deus. O que não puder ser feito numa existência se fará em outra. É assim que ninguém escapa à lei do progresso. Cada um será recompensado de acordo com seu mérito real e ninguém é excluído da felicidade suprema, a que pode pretender, sejam quais forem os obstáculos que venha a encontrar no caminho.
Essas questões poderiam ser multiplicadas ao infinito, porque são inúmeros os problemas psicológicos e morais que só encontram solução na pluralidade das existências. Limitamo-nos apenas à observação dos mais comuns. Poderão também dizer que a doutrina da reencarnação não é admitida pela Igreja, porque ela seria a subversão da religião. Nosso objetivo não é tratar dessa questão neste momento; basta-nos ter demonstrado que a reencarnação é eminentemente moral e racional. Portanto, o que é moral e racional não pode ser contrário a uma religião que proclama ser Deus a bondade e a razão por excelência. Que teria sido da religião se, contra a opinião universal e a comprovação da ciência, se houvesse posicionado contra a evidência e tivesse expulsado de seu seio todos os que não acreditassem no movimento do Sol ou nos seis dias da criação? Que crédito mereceria e que autoridade teria, entre os povos mais esclarecidos, uma religião fundada em erros notórios que fossem impostos como artigos de fé? Quando a evidência foi comprovada, a Igreja se colocou sabiamente ao lado do que era evidente. Se está provado que existem coisas impossíveis sem a reencarnação e que certos pontos do dogma somente podem ser explicados por ela, é preciso admitir e reconhecer que a discordância entre essa doutrina e os dogmas é apenas aparente. Mais adiante mostraremos que a religião está menos distanciada do que se pensa da doutrina das vidas sucessivas e que se a aceitasse não sofreria maiores danos do que já sofreu com a descoberta do movimento da Terra e dos períodos geológicos que, à primeira vista, pareceram desmentir os textos bíblicos. O princípio da reencarnação ressalta, aliás, em muitas passagens das Escrituras, e se encontra notavelmente formulado de maneira clara e inequívoca no Evangelho:
“Quando desciam do monte (após a transfiguração), Jesus lhes ordenou: ‘Não faleis a ninguém o que acabastes de ver, até que o filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos’. Seus discípulos o interrogaram, então, dizendo: ‘Por que os escribas dizem que é preciso que Elias venha primeiro?’ Mas Jesus lhes respondeu: ‘É verdade que Elias deve vir e que restabelecerá todas as coisas. Mas eu vos declaro que Elias já veio, e eles não o conheceram, mas o fizeram sofrer como quiseram. É assim que farão morrer o filho do homem.’ Então seus discípulos entenderam que era de João Batista que ele lhes falava” (Mateus, cap. 17).
Uma vez que João Batista era Elias, deve ter ocorrido a reencarnação do Espírito ou da alma de Elias no corpo de João Batista.
Qualquer que seja, enfim, a opinião que se tenha da reencarnação, quer a aceitemos ou não, todos teremos de passar por ela, caso ela exista, apesar de toda crença contrária. O ponto essencial é que o ensina mento dos Espíritos é eminentemente cristão. Apóia-se na imortalidade da alma, nas penas e recompensas futuras, na justiça de Deus, no livre-arbítrio do homem, na moral do Cristo e, portanto, não é anti-religioso.
Até agora argumentamos, como dissemos, pondo de lado todo ensinamento espírita que, para algumas pessoas, não tem autoridade. Se nós, assim como muitos outros, adotamos a opinião da pluralidade das existências, não é apenas porque o ensinamento tenha vindo dos Espíritos. É porque esta Doutrina nos pareceu a mais lógica e porque só ela resolve questões até então insolúveis.
Mesmo se fosse da autoria de um simples mortal, nós a teríamos igualmente adotado e não hesitaríamos nem mais um segundo em renunciar às nossas próprias idéias. No momento em que um erro é demonstrado, o amor-próprio tem mais a perder do que a ganhar ao se manter teimosamente numa idéia falsa. Da mesma forma, nós a teríamos rejeitado, mesmo que tivesse vindo dos Espíritos, se nos parecesse contrária à razão, assim como negamos muitas outras; porque sabemos, por experiência, que não devemos aceitar cegamente tudo o que vem da parte deles, da mesma maneira que não se deve aceitar tudo que vem da parte dos homens. A maior distinção, o primeiro título, que para nós recomenda a idéia da reencarnação, antes de tudo, é o de ser lógica. Mas existe uma outra, que é o de ser confirmada pelos fatos: fatos positivos e, por assim dizer, materiais, que um estudo atento e racional pode revelar a qualquer um que se dê ao trabalho de observar com paciência e perseverança, diante dos quais não pairam mais dúvidas. Quando esses fatos se popularizarem, como os da formação e do movimento da Terra, será preciso render-se à evidência e os opositores terão gasto em vão os argumentos contrários.
Reconheçamos, em resumo, que a doutrina da pluralidade das existências é a única que explica o que, sem ela, é inexplicável. Que é eminentemente consoladora e está em harmonia com a mais rigorosa justiça e é, para o homem, a âncora de salvação que Deus lhe deu na Sua misericórdia.
Até mesmo as palavras de Jesus não podem deixar dúvida sobre este assunto. Eis o que é dito no Evangelho de João, cap. 3:
  1. Jesus, respondendo a Nicodemos, disse: “Em verdade, em verdade te digo que se um homem não nasce de novo, não pode ver o reino de Deus”.
  2. Nicodemos lhe disse: “Como um homem pode nascer sendo já velho? Pode ele entrar no ventre de sua mãe e nascer uma segunda vez?”
  3. Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade te digo que se um homem não renascer da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do Espírito é Espírito. Não te espantes com o que te disse: Necessário vos é nascer de novo”. (Veja a seguir a questão 1010, “Ressurreição da carne”).

  1. Pitágoras: filósofo e matemático grego, viveu cerca de 500 ou 600 anos a.C. (N. E.).
  2. Metempsicose: doutrina segundo a qual a mesma alma pode animar, em vidas sucessivas, corpos diversos: vegetais, animais ou homens (N. E.).
  3. O filósofo que fez essa afirmação foi Voltaire (1694-1778), poeta, literato e filósofo francês (N. E.).
  4. Hotentote: natural ou habitante da Hotentótia, África; raça negra, primitiva (N. E.).
  5. Laplace: Pierre Simon Laplace, astrônomo, físico e matemático francês, viveu de 1749 a 1827 (N.E.).
  6. Newton: Isaac Newton, cientista inglês. Viveu de 1642 a 1727 (N. E.).
  7. Teosofia: qualquer doutrina religiosa e filosófica que procura explicar e integrar Deus e o homem (N.E.).
  8. Raça caucásica: pertencente ou relativo ao Cáucaso. Habitantes do norte da Rússia, chamados russos brancos; a raça branca é também chamada raça caucásica (N. E.).

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Livro Recomendado: Sinal Verde

.Palestra Espírita - Orson Peter Carrara - Porque adoecemos .

Porque adoecemos?

Esse questionamento tem chamado muito a atenção nos tempos atuais. Há uma preocupação peculiar com a saúde, que hoje já tem um conceito bastante ampliado e não restrito apenas aos órgãos e células, mas igualmente abrangente para as questões emocionais e psicológicas e de relacionamento.

Afinal, seria o caso de perguntarmos:

Entre dois homens da mesma idade que sofrem ataques cardíacos, por que o homem solteiro e deprimido tem maior probabilidade de falecer da doença cardíaca do que o homem que é casado e não está deprimido?

Se uma mulher sofre de artrite reumatóide, por que o quadro se mantém relativamente estável quando sua vida está tranqüila, mas se agrava quando tem conflitos com um filho?

Orson Peter Carrara (Mineiros do Tietê-SP, 1960 - http://orsonpetercarrara.blogspot.com). Escritor com diversos livros publicados, articulista espírita, colabora com os mais variados órgãos da Imprensa Espírita. Organiza jornada de palestrantes por todo o Brasil em programações específicas de divulgação espírita. Colaborador de diversos jornais e sites não espíritas, com abordagens de estímulo ao crescimento do ser humano. Presidiu USE-Jaú em diversas gestões.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Palestra no Centro Espirita Joanna de Angelis

Fotos da Palestra espírita no Centro Espirita Joanna de Angêlis no Dia : 22/01/2012 com o escritor  Antonio Demarchi com o Tema: Educação





Grandes Personagens do Espiritismo - André Luiz

O espírito que conhecemos como André Luiz, em sua última encarnação foi um médico brasileiro residente no Rio de Janeiro. Com bons conhecimentos científicos e grande capacidade de observação, foi-lhe permitido relatar, através do médium Francisco Cândido Xavier, suas experiências como desencarnado. Desejando manter o anonimato - possivelmente respeitando parentes ainda encarnados - quando questionado sobre seu nome, respondeu adotando o nome de um dos irmãos de Chico Xavier.
Alguns espíritas, talvez mais levados pela curiosidade do que por fins práticos, já criaram algumas hipóteses sobre a identificação do médico carioca desencarnado, mas são apenas especulações sem maior solidez ou confirmação pelo próprio André Luiz. O primeiro livro de André Luiz é de 1943. Neste livro ele descreve sua chegada ao plano espiritual, iniciando pelo período de perturbação imediato após a morte, seguindo pelo seu restabelecimento e primeiras atividades, até o momento em que se torna "cidadão" de "Nosso Lar", colônia espiritual que dá nome ao livro.
Seguem-se outras obras que descrevem experiências e estudos do autor no plano espiritual, que ao longo da obra vão cada vez mais sendo direcionados a tarefa de esclarecimento dos encarnados sobre as realidades do plano espiritual, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier (as datas são dos prefácios de Emmanuel):

Série André Luiz

Essa série é uma seqüência de 16 livros psicografados por Chico Xavier (em alguns houve parceria com o médium Waldo Vieira) com o espírito André Luiz, a partir do ano de 1944. A coleção também é conhecida por "Série Nosso Lar" e "A Vida no Mundo Espiritual".

Nosso Lar – 1943

Nesta obra, André Luiz apresenta Nosso Lar - uma colônia espiritual -, transmitindo suas observações e descobertas na mesma, atuando como um repórter que relata suas próprias experiências no plano espiritual. Em sua narrativa, destaca o encontro com a própria consciência como a maior surpresa diante da morte carnal.
O livro nos permite de certa forma antever o que poderá estar a nossa espera após abandonarmos o corpo carnal pela morte física, além de comprovar ser a Terra oficina sagrada onde o homem deve aprender a elevar-se, aproveitando dignamente a oportunidade que o Senhor lhe concedeu.

Os Mensageiros - 26 de fevereiro de 1944

Este livro revela que a morte física descortina a vida espiritual em contínua evolução. Relata as experiências de vários espíritos que reencarnaram com trabalhos programados, necessários aos seus próprios aprimoramentos. É evidenciada ainda a oportunidade de trabalho dos médiuns, alertando-os quanto à necessidade da prática dos ensinamentos na esfera íntima, a fim de se evitar o retorno ao plano espiritual sem o cumprimento dos compromissos assumidos. Em 51 capítulos, apresenta as experiências da vida comum de servidores do Espiritismo, elucidando temas como: culto doméstico, doutrinação, calúnia e pavor da morte.

Missionários da Luz - 13 de maio de 1945

André Luiz desvenda aqui os segredos da reencarnação, revelando a tarefa dos espíritos missionários encarregados do processo do renascimento. Em vinte capítulos, discorre sobre a continuação do aprendizado na vida espiritual, o perispírito como organização viva moldando as células materiais, a reencarnação orientada pelos espíritos superiores e aspectos diversos das manifestações mediúnicas.O livro ensina que a Providência Divina concede, sempre, ao homem, novos campos de trabalho, através da renovação incessante da vida por meio da reencarnação.

Obreiros da Vida Eterna - 25 de março de 1946

Em 20 capítulos, analisa a experiência dos espíritos no plano espiritual, apresentando o trabalho dos obreiros de Jesus Cristo na assistência cristã, lutando contra as trevas e o sofrimento, fornecendo também notícias das zonas de erraticidade que envolvem a crosta terrestre.
O livro objetiva mostrar que a morte não modifica milagrosamente o homem, que é fruto de si mesmo, no cumprimento das leis divinas, buscando equilíbrio e evolução.
"Ninguém morre. O aperfeiçoamento prossegue em toda parte. A vida renova, purifica e eleva os quadros múltiplos de seus servidores, conduzindo-os, vitoriosa e bela, à União Suprema com a Divindade."

No Mundo Maior - 25 de março de 1947

André Luiz focaliza aspectos da vida no mundo espiritual e da comunicação entre seres desencarnados e encarnados, especialmente durante o repouso do corpo físico. O autor espiritual fornece esclarecimentos sobre as causas do desequilíbrio da vida mental e apresenta os correspondentes tratamentos espirituais. Sob forma romanceada, analisa temas como aborto, epilepsia, esquizofrenia e mongolismo, destacando o socorro imediato prestado aos necessitados pelos trabalhadores espirituais, que evitam, o quanto possível, a loucura, o suicídio e os extremos desastres morais. O livro revela a importância do conhecimento científico, mas ressalta a supremacia da terapêutica do amor.


Agenda Cristã - 18 de junho de 1947

Pequeno curso de espiritualidade que André Luiz apresenta, não se tratando de presunçoso ementário de recomendações rigoristas. É mensagem amiga para companheiros que reclamam diretrizes dos espíritos, como se o verdadeiro trabalho salvacionista residisse fora deles mesmos. Ele apresenta a palavra do nosso plano de luta, onde aprendemos que o milagre da perfeição é obra de esforço, conhecimento, disciplina, elevação, serviço e aprimoramento no templo do próprio "eu". Não se trata, portanto, de manual pretensioso. Aqui o leitor observará somente a lembrança dos antigos ensinos do mestre Jesus Cristo, em novo acondicionamento verbal, de modo a recordarmos com ele que o reino divino - edificação de Deus no homem - em verdade jamais surgirá no mundo por aparências exteriores.

Libertação - 22 de fevereiro de 1949

André Luiz destaca o trabalho dos espíritos superiores no esforço de conversão ao bem do espírito Gregório, que culmina com o inesquecível reencontro com sua mãe, espírito de escol, rendendo-se ao chamamento irresistível do amor.O livro focaliza a senda evolutiva do ser além do corpo físico, objetivando esclarecer que "a cada um será dado de acordo com suas obras". A obra testifica ainda a misericórdia divina concedendo a todos abençoadas oportunidades de libertação pelo estudo, pelo trabalho, e pelo perseverante serviço na prática do bem.

Entre a Terra e o Céu - 23 de janeiro de 1954

Renovando seu interesse em nosso aprimoramento íntimo, André Luiz revela a história de Amaro, Zulmira e Odila, dentre outros, recuando nos acontecimentos de suas anteriores existências, desde a Guerra do Paraguai até os dias do Rio antigo. Em seu prefácio, Emmanuel nos assegura que "os quadros fundamentais da narrativa nos são intimamente familiares", como a tormenta do ciúme, as lutas cotidianas para aquisição do progresso moral e os desajustes em família.
Objetiva mostrar a vida comum das almas que aspiram à vitória sobre si mesmas, aproveitando o tempo para a aquisição do progresso moral.

Nos Domínios da Mediunidade - 3 de outubro de 1954

André Luiz analisa os vários aspectos da mediunidade, enaltecendo o esforço dos médiuns fiéis ao mandato espiritual recebido antes da reencarnação e advertindo sobre os riscos do intercâmbio mal conduzido entre os dois mundos. Trata da psicofonia, do sonambulismo, da possessão, da clarividência, da clariaudência, do desdobramento, da fascinação, da psicometria e da mediunidade de efeitos físicos, entre outros temas, objetivando ressaltar a importância da sintonia do pensamento no trabalho mediúnico.

Ação e Reação - 1 de janeiro de 1957

Aqui é encontrada uma descrição das regiões inferiores da esfera espiritual e do sofrimento a que se projeta a consciência culpada, após a morte do corpo físico. São apresentados estudos de casos reais, oferecendo orientações sobre o débito aliviado, a lei de causa e efeito, os preparativos para a reencarnação, os resgates coletivos e o valor da oração. O autor mostra-nos que as possibilidades na atual existência estão vinculadas às ações em existências passadas, do mesmo modo que as ações na atualidade condicionarão as possibilidades futuras.

Evolução em Dois Mundos - 21 de julho de 1958

Para estudar o processo evolutivo do ser, André Luiz alia os conceitos da ciência com a mensagem consoladora de Jesus reavivada pelo Espiritismo, oferecendo admirável estudo científico sobre o harmonioso elo existente na evolução da alma nos dois planos da vida: o mundo material e o mundo espiritual.Em sua primeira parte, trata do fluido cósmico, corpo espiritual, evolução e sexo, mediunidade, alma e reencarnação, dentre outros temas. Na segunda parte, através de perguntas e respostas, trata de questões como matrimônio e divórcio, gestação frustrada, determinação do sexo, aborto criminoso, dentre outros assuntos relevantes

Mecanismos da Mediunidade - 6 de agosto de 1959

Apresenta o estudo e a explicação espírita da mediunidade à luz da ciência. Oferece aos médiuns e estudiosos do tema os recursos para a compreensão de complexas questões da física e da fisiologia que, inteligentemente, vão sendo relacionados com os inúmeros aspectos da mediunidade. Destaca que, além dos conhecimentos necessários, surgem os impositivos da disciplina e da responsabilidade como fatores de aprimoramento das criaturas que se devotam ao intercâmbio com o mundo maior, dentro dos princípios do evangelho à luz da doutrina espírita.
Traz, em 26 capítulos, conceitos sobre energia, átomo, onda mental, química nuclear, reflexos condicionados, ideoplastia, psicometria e obsessão, dentre outros.

Conduta Espírita - 17 de janeiro de 1960

Coletânea de mensagens esclarecedoras que indicam como agir perante as múltiplas situações e opções que se apresentam na vida do homem. Nas palavras de Emmanuel: "abraçando o Espiritismo pedes, a cada passo, orientação para as atitudes que a vida te solicita (...) Não encontramos aqui páginas jactanciosas com a presunção de ensinar diretrizes de bom-tom, mas simples conjunto de lembretes para uso pessoal no caminho da experiência. (...) Assim, ler este livro equivale a ouvir um companheiro fiel ao bom senso. E, se o bom senso ajuda a discernir, quem aprende a discernir sabe sempre como deve fazer".
Preceitua ainda a necessidade de aperfeiçoamento, ressaltando que o exemplo digno é a base para toda e qualquer realização respeitável.

Sexo e Destino - 4 de julho de 1963

Que efeito terá para o espírito imortal em sua vida futura, em seu destino, suas experiências sexuais e sua conduta, quando encarnado?
Este livro objetiva afirmar a aplicação da lei de causa e efeito na retificação do caminho evolutivo. Apresenta 28 capítulos divididos em duas partes: a primeira, psicografada por Waldo Vieira e a segunda por Francisco Cândido Xavier. O leitor encontrará neste livro respostas às suas indagações sobre o relacionamento sexual humano, com as implicações na vida do espírito imortal, possibilitando-lhe que "aprenda com a biblioteca da experiência". Sexo e destino, amor e consciência, liberdade e compromisso, alcoolismo, culpa e resgate, lar e reencarnação são, dentre outros, os temas abordados nesta obra.

Desobsessão - 2 de janeiro de 1964

Este livro presta valioso auxílio àqueles que se propõem a tratar, com a devida seriedade, em reuniões específicas do centro espírita, o grave problema da obsessão, que, como as mais diferentes e temíveis doenças do corpo físico, se constitui em flagelo da humanidade.
Objetiva ainda esclarecer que a desobsessão é trabalho de amor conjugado ao conhecimento dos princípios do Espiritismo, abordando temas que orientam os trabalhadores desde o preparo para uma reunião ao despertar, cuidados com a alimentação, superação de impedimentos, pontualidade, manifestações, passes, educação mediúnica, até o encerramento da reunião.

E a Vida Continua... - 18 de abril de 1968

Tem como tema principal a condição mental dos habitantes da espiritualidade, apresentando o retrato espiritual da criatura ao desencarnar, com o objetivo de demonstrar que a vivência dos habitantes do Além está relacionada com sua condição mental.
Ensina a prática do auto-exame na certeza de que a vida continua plena de esperança e trabalho, progresso e realização, ajustada às leis de Deus, com vistas a preparar cada alma para o que virá depois da morte. Em 26 capítulos, traz a história de personagens reais que, desencarnados, deparam-se com o amparo dos amigos espirituais, incentivando a renovação por intermédio do estudo e do trabalho, preparando-os para rever sua vida e traçar novas diretrizes

Respostas da Vida -21 de maio de 1975

Além destes livros, André Luiz, também participou de obras conjuntas com outros autores espirituais, principalmente Emmanuel. A relação abaixo, indica algumas destas obras (as datas são dos prefácios):

9 de outubro de 1961, O Espírito da Verdade, Autores Diversos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB;
2 de julho de 1963, Opinião Espírita, Emmanuel e André Luiz, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB;
11 de fevereiro de 1965, Estude e Viva, Emmanuel e André Luiz, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB;
15 de maio de 1965, Entre Irmãos de Outras Terras, Autores Diversos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB;
3 de junho de 1972, Mãos Marcadas, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, IDE;
3 de outubro de 1973, Astronautas do Além, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires, GEEM
15 de maio de 1983, Os Dois Maiores Amores, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, GEEM
6 de agosto de 1987, Cura, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, G.E.E.M
17 de janeiro de 1989, Doutrina e Aplicação, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, CEU;

A obra medíunica de André Luiz teve - e ainda tem - uma influência considerável sobre o movimento espírita. Suas descrições do plano espiritual - tornando mais preciso e detalhado nosso conhecimento do mesmo - estabeleceram novo patamar de compreensão da vida espiritual, também incentivaram a criação de instituições espíritas devotadas as atividades assistências e grupos de estudos inumeráveis. Por exemplo, temos as "Casas André Luiz" e o "Grupo Espírita Nosso Lar", que se dedicam ao atendimento de crianças deficientes; a "Casa Transitória Fabiano de Cristo", que se dedica ao atendimento de gestantes carentes; o grupo "Os Mensageiros" que se dedica a distribuição gratuita de mensagens espíritas; a própria Associação Médico-Espírita, que tem aprofundado o estudo das obras mediúnicas de André Luiz e suas relações com a prática médica.
É interessante observar que o primeiro livro de André Luiz causou grande impacto pela novidade de suas informações, alguns chegaram a contestar suas descrições de uma vida espiritual muito semelhante a que levamos na Terra, mas o acúmulo de evidências - deste mensagens descrevendo de modo fragmentário a vida espiritual, até obras completas de outros espíritos, por médiuns como Yvonne A. Pereira - provaram sua veracidade. O mais curioso é que descrições semelhantes já existiam desde os primeiros tempos do "Modern Spiritualism" - por exemplo, as que foram registradas por Andrew Jackson Davis (nasc. 1826 - desenc. 1910) - mas tinham caido no esquecimento.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O PASSE..

O passe não é unicamente transfusão de energias anímicas. É o equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos.
Desânimo e tristeza, ...tanto quanto insatisfação e revolta, são síndromes da alma, estabelecendo distonias e favorecendo moléstias do corpo.
Se há saúde, esses estados de espírito patrocinam desastres orgânicos; na doença equivalem a fatores predisponentes na desencarnação prematura.
Mas não é só isso.
Em todo desequilíbrio mental as forças negativas entram mais facilmente em ação instalando processos obsessivos de duração indeterminada.
Se usamos o antibiótico por substância destinada a frustrar o desenvolvimento de microorganismos no campo físico, por que não adotar o passe por agente capaz de impedir as alucinações depressivas, no campo da alma?
Se atendemos à assepsia, no que se refere ao corpo, por que descurar dessa mesma assepsia no que tange ao espírito?
A aplicação das forças curativas em magnetismo enquadra-se à efluvioterapia com a mesma importância do emprego providencial de emanações da eletricidade.
Espíritas e médiuns espíritas, cultivemos o passe, no veículo da oração, com o respeito que se deve a um dos mais legítimos complementos da terapêutica usual.
Certamente os abusos da hipnose, responsáveis por leviandades lamentáveis e por truanices de salão, em nome da ciência, são perturbações novas no mundo, mas o passe, na dignidade da prece, foi sempre auxílio divino às necessidades humanas. Basta lembrar que o Evangelho apresenta Jesus, ao pé dos sofredores, impondo as mãos.

ANDRÉ LUIZ

A Nova Geração: A visão Espírita sobre as crianças índigo e cristal.


Desde os anos 70, aproximadamente, psicólogos, psicoterapeutas e pedagogos começaram a notar a presença de uma geração estranha, muito peculiar.

Tratava-se de crianças rebeldes, hiperativas que foram imediatamente catalogadas como crianças patologicamente necessitadas de apoio médico. Mais tarde, com as observações de outros psicólogos chegou-se à conclusão de que se trata de uma nova geração. Uma geração espiritual e especial, para este momento de grande transição de mundo de provas e de expiações que irá alcançar o nível de mundo de regeneração.

As crianças índigo são assim chamadas porque possuem uma aura na tonalidade azul, aquela tonalidade índigo dos blue jeans (Dra. Nancy Ann Tape).

O índigo é uma planta da Índia (indigofera tinctoria), da qual se extrai essa coloração que se aplicava em calças e hoje nas roupas em geral. Essas crianças índigo sempre apresentam um comportamento sui generis.

Desde cedo demonstram estar conscientes de que pertencem a uma geração especial. São crianças portadoras de alto nível de inteligência, e que, posteriormente, foram classificadas em quatro grupos: artistas, humanistas, conceituais e interdimensionais ou trans-dimensionais.

As crianças cristal são aquelas que apresentam uma aura alvinitente, razão pela qual passaram a ser denominadas dessa maneira.

A partir dos anos 80, ei-las reencarnando-se em massa, o que tem exigido uma necessária mudança de padrões metodológicos na pedagogia, uma nova psicoterapia a fim de serem atendidas, desde que serão as continuadoras do desenvolvimento intelecto-moral da Humanidade.

* A criança índigo tem absoluta consciência daquilo que está fazendo, é rebelde por temperamento, não fica em fila, não é capaz de permanecer sentada durante um determinado período, não teme ameaças...

Não é possível com essas crianças fazermos certos tipos de chantagem. É necessário dialogar, falar com naturalidade, conviver e amá-las.

* As Crianças Cristal representam a próxima etapa no processo evolutivo da humanidade, elas são simplesmente colocadas, na próxima geração das Crianças Índigo.
Mas onde as Crianças Índigo vieram para derrubar as velhas estruturas, sistemas e padrões, as Crianças Cristal vieram para nos mostrar um novo e melhor modo de ser.

Elas vieram para começar o processo de renovação e de reconstrução, depois que as Crianças Índigo vieram para desmantelar e remover modos velhos e limitantes de pensamento e de ser.
Elas nos mostrarão um modo de viver que incorpora somente a alegria, o amor, a paz e a harmonia.

Elas vieram para nos mostrar como viver de nossos corações e não de nossas cabeças, elas estão aqui para nos ajudar a reconectar com nossas emoções e a viver a vida a partir desta perspectiva.

-Divaldo Franco-

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Essência Evangélica 022

Programa "Essência Evangélica", exibido pela TV Mundo Maior.

A Evolução do Espírito

Nosso espírito não está ligado à Terra para sempre. Temos que viver em outros mundos para evoluirmos e, assim, chegarmos à perfeição.
Asssista em www.tvmundomaior.com.br

Grandes Personagens do Espiritismo - Divaldo Pereira Franco

Divaldo Pereira Franco, mais conhecido como Divaldo Franco ou simplesmente Divaldo (Feira de Santana, 5 de maio de 1927) é um professor, médium e orador espírita brasileiro.
Divaldo é um verdadeiro apóstolo do Espiritismo, com mais de cinqüenta anos devotados à mediunidade. Há mais de sessenta anos, um importante orador espírita. Dos seus oitenta e cinco anos, sessenta e cinco foram devotados à causa Espírita e às crianças excluídas, das periferias de Salvador, na Bahia. Para este último fim fundou, em 15 de agosto de 1952, junto com Nilson de Souza Pereira, a casa de assistência Mansão do Caminho, responsável pela orientação e educação de mais de 33 mil crianças e adolescentes carentes.

Primeiros anos

Divaldo cursou a Escola Normal Rural de Feira de Santana, onde recebeu o diploma de Professor Primário em 1943. Trabalhou como escriturário no antigo IPASE, em Salvador, aposentando-se em 1980.
Desde a infância relata comunicar-se com os espíritos. Quando jovem, foi abalado pela morte de seus dois irmãos mais velhos, o que o deixou traumatizado e enfermo, sendo conduzido a diversos especialistas, na área da Medicina, sem, contudo, lograr qualquer resultado satisfatório. Nessa época conheceu a Sra. Ana Ribeiro Borges, que o conduziu à Doutrina Espírita, o que o teria libertado do trauma e trazido consolações, tanto para ele como para toda a sua família. Divaldo dedicou-se, então, ao estudo do Espiritismo, ao tempo em que foi aprimorando suas faculdades mediúnicas, pelo correto exercício e continuado estudo do Espiritismo.
Transferiu residência para Salvador no ano de 1945, tendo feito concurso para o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE), onde ingressou a 5 de Dezembro de 1945, como escriturário.
Já espírita convicto, fundou o Centro Espírita Caminho da Redenção (CECR), em 7 de Setembro de 1947.
Em A Veneranda Joanna de Ângelis (Salvador: LEAL, 1987), escrito por Divaldo e Celeste Santos, constam biografias do médium baiano e de sua mentora espiritual, Joanna de Ângelis, bem como informações sobre o trabalho educacional e assistencial desenvolvido pela Mansão do Caminho, além de entrevistas com Divaldo e relatos sobre reencarnações de Joanna de Ângelis.

Atividades como médium psicógrafo

Divaldo apresentou, desde jovem, diversas faculdades mediúnicas, tanto de efeitos físicos quanto de efeitos intelectuais. Destaca-se, dentre elas, no entanto, a psicografia.
Inicialmente, diversas mensagens foram escritas pelo seu intermédio, sob a orientação dos benfeitores espirituais, até que um dia, ele recebeu a recomendação para que fosse queimado o que escrevera até ali, pois não passavam de simples exercícios.
Com a continuação, vieram novas mensagens assinadas por diversos espíritos, dentre eles, Joanna de Ângelis, que durante muito tempo apresentava-se como "um Espírito Amigo", ocultando-se no anonimato, à espera do instante oportuno para se fazer conhecida. Joanna revelou-se como sua orientadora espiritual, escrevendo inúmeras mensagens, num estilo agradável, repassado de profunda sabedoria e infinito amor, que conforta aos mais diversos leitores e necessitados de diretriz espiritual.
Em 1964, Joanna de Ângelis selecionou várias das mensagens de sua autoria e enfeixou-as num livro, que recebeu o sugestivo título de Messe de Amor. Foi o primeiro livro que o médium publicou. Logo em seguida, Rabindranath Tagore ditou Filigranas de Luz. O que se seguiu constitui-se hoje em um verdadeiro fenômeno editorial, pois, em 31 anos de atividade como médium, teve publicados 240 títulos, totalizando mais de quatro milhões e quinhentos mil exemplares, muitos deles ocupando lugar de destaque na literatura, no pensamento e na religiosidade universal. Dessas obras, houve 80 versões para 15 idiomas (alemão, castelhano, esperanto, francês, italiano, polonês, tcheco, braille e outros). Os livros englobam uma grande variedade de estudos literários, como prosa, romances, narrações e etc., abrangendo temas filosóficos, doutrinários, históricos, infantis, psicológicos e psiquiátricos.
Nessas obras psicografadas, apresentam-se 211 alegados autores espirituais, além de Joanna de Ângelis, entre eles, Manoel Philomeno de Miranda, Victor Hugo, Amélia Rodrigues, Ignotus, Vianna de Carvalho, Carlos Torres Pastorino, Bezerra de Menezes, Rabindranath Tagore, João Cléofas, Eros e Simbá.

Psicografias de Joanna de Ângelis

Por meio das obras de Joanna de Ângelis, Divaldo pôde alcançar o reconhecimento não apenas entre os religiosos e espiritualistas, mas também em outras linhas de conhecimento, como a psicologia e a parapsicologia. Isso se deu principalmente em função dos livros publicados na Série Psicológica, onde tratou dos malefícios das fugas da realidade e enfatizou a importância do autoconhecimento e auto-enfrentamento.
A Série Psicológica foi escrita à luz dos pensamentos de Allan Kardec e de pesquisadores da psiquê humana, a exemplo de Carl Jung. Na referida série se encontram duas obras voltadas à psicologia transpessoal: Autodescobrimento (1995) e Triunfo Pessoal (2002).
A maioria das obras escritas por Divaldo Franco sob o comando de Joanna de Ângelis almeja incentivar o autodescobrimento e facilitar a aplicação no dia-a-dia dos ensinamentos morais de amor fraterno contidos nos Evangelhos e na Doutrina Espírita, incentivando o leitor a enfrentar as dificuldades cotidianas de modo mais prático e otimista.
Grande parte das obras ditadas a Divaldo por Joanna de Ângelis foi publicada pela Editora LEAL, de Salvador (BA). Um dos mais recentes lançamentos de Joanna de Ângelis chama-se Conflitos Existenciais (LEAL, 2005), obra que analisa os principais conflitos do ser humano, as suas causas, origens e formas de terapia - inclusive, estuda as tentativas atuais de se preencherem os vazios existenciais, a exemplo de relacionamentos efêmeros por meio da Internet.

Atividades como Orador

Como orador, Divaldo começou a fazer palestras em 1947, difundindo a Doutrina Espírita e hoje apresenta uma histórica e recordista trajetória no Brasil e no exterior, sempre atraindo multidões, com sua palavra inspirada e esclarecedora, acerca de diferentes temas sobre os problemas humanos e espirituais. Há vários anos, viaja em média 230 dias por ano, realizando palestras e também seminários no Brasil e no mundo. Em um levantamento preliminar suas atividades no exterior foram:
Mais de 11 mil conferências proferidas no Brasil e no exterior percorrendo mais de 62 países.
  • Europa: Esteve em mais de 20 países, em mais de 80 cidades, onde realizou mais de 500 palestras, concedeu mais de 50 entrevistas de rádio e TV para cerca de 40 emissoras, tendo recebido homenagens de vários países; fez conferência em cerca de 10 universidades européias e, por 2 vezes, na ONU, departamento de Viena.
  • África: Esteve em mais de 5 países, em 25 cidades, realizando 150 palestras, concedeu mais de 12 entrevistas de rádio e TV, em 11 emissoras; recebeu 4 homenagens.
  • Ásia: Esteve em mais de 5 países, em 10 cidades, realizando mais de 12 palestras.
Em 31 de agosto de 2000 participou, a convite da ONU, do Primeiro Encontro Mundial da Paz, reunião de cúpula com líderes religiosos de expressão internacional para se discutir e formular proposta de paz.
É considerado um dos maiores divulgadores do espiritismo no Brasil e no exterior. Na península ibérica se destacou pela assistência ao movimento espírita português e espanhol durante a ditadura fascista de ambos os países.
Suas palestras promovem o pacifismo, comparam a doutrina espírita com correntes filosóficas niilistas, hedonistas e orientais, estabelecem pontos de convergência entre a doutrina espírita e a ciência (principalmente a psicologia) e incentivam a busca constante pelo autoconhecimento, ancorada em conhecimentos sobre psicologia e doutrina espírita.
Recentemente (2006-2007), estreou no site da Mansão do Caminho o programa de entrevistas Encontro com Divaldo [1].

Mansão do Caminho

Divaldo, desde jovem, teve vontade de cuidar de crianças. Educou mais de 600 "filhos", hoje emancipados, a maioria com família constituída e a própria profissão, como professores (magistério), contadores, administradores, psicólogos, médicos, entre outros. Divaldo possui ainda mais de 200 netos e bisnetos. Na década de 60 iniciou a construção de escolas-oficinas profissionalizantes e de atendimento médico. Hoje a Mansão do Caminho é um admirável complexo educacional que atende a 3.000 crianças e jovens carentes, na Rua Jaime Vieira Lima, 01 – Pau de Lima, um dos bairros periféricos mais carentes de Salvador; tem 83.000 m² e 43 edificações. A obra é basicamente mantida com a venda de livros mediúnicos e das fitas gravadas nas palestras.
O Centro Espírita Caminho da Redenção administra, dentre outros, os seguintes órgãos assistenciais:
  • Mansão do Caminho (semi-internato para crianças e jovens carentes), fundado em 15 de agosto de 1952;
  • A Manjedoura (creche para crianças carentes de 2 meses a 3 anos de idade) ;
  • Escola Jesus Cristo (ensino fundamental), fundada em março de 1950;
  • Escola Allan Kardec (ensino fundamental), fundada em 1965;
  • Escola de Informática;
  • Escola de Educação Infantil Alvorada Nova, fundada em fevereiro de 1971 com o nome de Esperança;
  • Escola de Evangelização (ensino espírita para público infantil);
  • Juventude Espírita Nina Arueira (evangelização e ensino espírita para o público jovem);
  • Caravana Auta de Souza (auxilia idosos e pessoas inválidas portadoras de doenças irrecuperáveis e degenerativas);
  • Casa de Assistência Lourdes Saad (distribuição diária de sopa e pão);
  • Casa da Cordialidade (assiste a famílias carentes);
  • Centro de Saúde J. Carneiro de Campos;
  • Evangelização Nise Moacyr (evangelização de crianças);
  • Grupo Lygia Banhos (esclarecimento e consolo a comunidades carentes);
  • Livraria Espírita Alvorada (editora e gráfica).

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A partir de hoje colocaremos a Biografia de Grandes Personagens do Espiritismo.

Grandes Personagens do Espirítsmo - BEZERRA DE MENEZES

Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti (Riacho do Sangue, 29 de agosto de 1831Rio de Janeiro, 11 de abril de 1900) foi um médico, militar, escritor, jornalista, político e expoente da Doutrina Espírita no Brasil.

Infância e juventude

Descendente de antiga família de fazendeiros de criação, ligada à política e ao militarismo na Província do Ceará, era filho de Antônio Bezerra de Menezes (tenente-coronel da Guarda Nacional) e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra.[1]
Em 1838, aos sete anos de idade, ingressou na escola pública da Vila do Frade (adjacente ao Riacho do Sangue, atual Jaguaretama) onde, em dez meses, aprendeu os princípios da educação elementar.[2]
Em 1842, como consequência de perseguições políticas e dificuldades financeiras, a sua família mudou-se para a antiga vila de Maioridade (serra do Martins), no Rio Grande do Norte, onde o jovem, então com onze anos de idade, foi matriculado na aula pública de latim. Em dois anos já substituía o professor em classe, em seus impedimentos.[3]
Em 1846, a família retornou à Província do Ceará, fixando residência na capital, Fortaleza. O jovem foi matriculado no Liceu do Ceará, onde concluiu os estudos preparatórios.

A carreira na Medicina

Em 1851, ano de falecimento de seu pai, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, naquele mesmo ano, iniciou os estudos de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
No ano seguinte (1852), em novembro, ingressou como praticante interno ("residente") no hospital da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.[4] Para prover os seus estudos, dava aulas particulares de filosofia e matemática.
Obteve o doutoramento (graduação) em 1856, com a defesa da tese: "Diagnóstico do cancro".[1][5][6] Nesse ano, o Governo Imperial decretou a reforma do Corpo de Saúde do Exército Brasileiro, e nomeou para chefiá-lo, como Cirurgião-mor, o Dr. Manuel Feliciano Pereira Carvalho, antigo professor de Bezerra de Menezes, que convidou Bezerra para trabalhar como seu assistente.[7]
A 27 de abril de 1857 candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a memória "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento".[7] O académico José Pereira Rego leu o parecer na sessão de 11 de maio, tendo a eleição transcorrido na de 18 de maio e a posse na de 1 de junho do mesmo ano.[8]
Em 1858 candidatou-se a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.[9] Nesse ano saiu a sua nomeação oficial como assistente do Corpo de Saúde do Exército, no posto de Cirurgião-tenente[10] e, a 6 de Novembro, desposou Maria Cândida de Lacerda, que viria a falecer de mal súbito em 24 de Março de 1863, deixando-lhe dois filhos, um de três e outro de um ano de idade.
No período de 1859 a 1861 exerceu a função de redator dos Anais Brasilienses de Medicina, periódico da Academia Imperial de Medicina.[7]
Em 1865 desposou, em segundas núpcias, Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã por parte de mãe de sua primeira esposa, e que cuidava de seus filhos até então, com quem teve mais sete filhos.

Trajetória política

Bezerra de Menezes, por André Koehne.
Nesse período a Câmara Municipal do Município Neutro tinha como presidente Roberto Jorge Haddock Lobo, do Partido Conservador. Ao mesmo tempo, Bezerra de Menezes já se notabilizara pela atuação profissional e pelo trabalho voltado à população carente. Desse modo, em 1860, em uma reunião política, alguns amigos levantaram a candidatura de Bezerra de Menezes, pelo Partido Liberal, como representante da paróquia de São Cristóvão, onde então residia, à Câmara. Ciente da indicação, Bezerra recusou-a inicialmente, mas, por insistência, acabou se comprometendo apenas em não fazer uma declaração pública de recusa dos votos que lhe fossem outorgados.
Abertas as urnas e apurados os votos, Bezerra fora eleito. Os seus adversários, liderados por Haddock Lobo, impugnaram a posse sob o argumento de que militares de Segunda Classe não podiam exercer o cargo de Vereador. Desse modo, para apoiar o Partido, que necessitava dele para obter a maioria na Câmara, decidiu requerer exoneração do Corpo de Saúde (26 de Março de 1861). Desfeito o impedimento, foi empossado no mesmo ano.[11][12]
Foi reeleito vereador da Câmara Municipal do Município Neutro para o período de 1864 a 1868.
Foi eleito deputado Provincial pelo Rio de Janeiro em 1866, apesar da oposição do então primeiro-ministro Zacarias de Góis e dos chefes liberais - senador Bernardo de Sousa Franco (visconde de Sousa Franco) e deputado Francisco Otaviano de Almeida Rosa. Empossado em 1867, a Câmara dos Deputados foi dissolvida no ano seguinte (1868), devido à ascensão do Partido Conservador.
Retornou à política como vereador no período de 1873 a 1885, ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal, efetivando-se em julho de 1878, cargo que corresponderia atualmente ao de Prefeito.
Foi eleito deputado geral pela Província do Rio de Janeiro no período de 1877 a 1885, ano em que encerrou a sua carreira política. Neste período acumulou o exercício da presidência da Câmara e do Poder Executivo Municipal. Em sua atuação como deputado, destacam-se algumas iniciativas pioneiras: buscou, através de projeto de lei, regulamentar o trabalho doméstico, visando conceder a essa categoria, inclusive, o aviso prévio de 30 dias; denunciou os perigos da poluição que já naquela época afetava a população do Rio de Janeiro, promovendo providências para combatê-la.[13] Foi membro, a partir de 1882, das Comissões de Obras Públicas, Redação e Orçamento.

Vida empresarial

Foi sócio fundador da Companhia Estrada de Ferro Macaé e Campos (1870).[11][14] Empenhou-se na construção da Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua, pretendendo estendê-la até ao rio Doce, projeto que não conseguiu concretizar (c. 1872).[15] Foi um dos diretores da Companhia Arquitetônica de Vila Isabel, fundada em Outubro de 1873 por João Batista Viana Drummond (depois barão de Drummond) para empreender a urbanização do bairro de Vila Isabel.[16] Em 1875, foi presidente da Companhia Ferro-Carril de São Cristóvão, período em que os trilhos da empresa alcançavam os bairros do Caju e da Tijuca.[17]

Militância intelectual

Capa do livreto "A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação", de 1869. A obra foi distribuída gratuitamente à população.[5]
Durante a campanha abolicionista publicou o ensaio "A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação" (1869), onde não só defende a liberdade aos escravos, mas também a inserção e adaptação dos mesmos na sociedade por meio da educação. Nesta obra, Bezerra se auto-intitula um liberal, e propõe que se imitasse os ingleses, que na época já haviam abolido a escravidão de seus domínios.[5]
Expôs os problemas de sua região natal em outro ensaio publicado, "Breves considerações sobre as secas do Norte" (1877). Alguns indicam que foi autor de biografias sobre o visconde do Uruguai e o visconde de Caravelas, personalidades ilustres do Império do Brasil. Foi redactor d'A Reforma, órgão liberal no Município Neutro, e, de 1869 a 1870, redator do jornal Sentinela da Liberdade.[18] Escreveu também outras obras, como "A Casa Assombrada", "A Loucura sob Novo Prisma", "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica", "Casamento e Mortalha", "Pérola Negra", "Lázaro, o Leproso", "Os Carneiros de Panúrgio", "História de um Sonho" e "Evangelho do Futuro".[5][19]
Sabe-se que Bezerra de Menezes era fluente em pelo menos três línguas além do português: latim, espanhol e francês.[5]

Militância espírita

Conheceu a Doutrina Espírita quando do lançamento da tradução em língua portuguesa de O Livro dos Espíritos (sem data, em 1875), através de um exemplar que lhe foi oferecido com dedicatória pelo seu tradutor, o também médico Dr. Joaquim Carlos Travassos.[20] Sobre o contato com a obra, o próprio Bezerra registrou posteriormente:
"Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, Deus! Não hei de ir para o inferno por ler isto… Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!… Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no 'O Livro dos Espíritos'. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença."[21]
Contribuiu para a sua adesão o contato com as "curas extraordinárias" obtidas pelo médium João Gonçalves do Nascimento (1844-1916),[22] em 1882.
Com o lançamento do periódico Reformador, por Augusto Elias da Silva em 1883, passou a colaborar com a redação de artigos doutrinários.
Após estudar por alguns anos as obras de Allan Kardec, em 16 de agosto de 1886, aos cinquenta e cinco anos de idade, perante grande público (estimado, conforme os seus biógrafos, entre mil e quinhentas e duas mil pessoas) no salão de conferências da Guarda Velha, no Rio de Janeiro, em longa alocução, justificou a sua opção em abraçar o Espiritismo.[19][23][24] O evento chegou a ser referido em nota publicada pelo "O Paiz".
No ano seguinte, a pedido da Comissão de Propaganda do Centro da União Espírita do Brasil, inicia a publicação de uma série de artigos sobre a Doutrina em O Paiz,[25] periódico de maior circulação da época.[nb 1] Na seção intitulada "Spiritismo - Estudos Philosophicos", os artigos saíram regularmente aos domingos, no período de 23 de outubro de 1887 a dezembro de 1893, assinados sob o pseudônimo "Max".[nb 2][23]
Na década de 1880 o incipiente movimento espírita na capital (e no país) estava marcado pela dispersão de seus adeptos e das entidades em que se reuniam.[nb 3] Já havia também uma clara divisão entre dois "grupos" de espíritas: os que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso (maior grupo, o qual se incluía Bezerra) e os que não aceitavam o Espiritismo nesse aspecto.[23]
Em 1889, Bezerra foi percebido como o único capaz de superar as divisões, vindo a ser eleito presidente da Federação Espírita Brasileira. Nesse período, iniciou o estudo sistemático de "O Livro dos Espíritos" nas reuniões públicas das sextas-feiras, passando a redigir o Reformador; exerceu ainda a tarefa de doutrinador de espíritos obsessores. Organizou e presidiu um Congresso Espírita Nacional (Rio de Janeiro, 14 de abril), com a presença de 34 delegações de instituições de diversos estados.[nb 4] Assumiu a presidência do Centro da União Espírita do Brasil a 21 de abril e, a 22 de dezembro de 1890, oficiou ao então presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas contra certos artigos do Código Penal Brasileiro de 1890.[nb 5]
De 1890 a 1891 foi vice-presidente da FEB na gestão de Francisco de Menezes Dias da Cruz, época em que traduziu o livro "Obras Póstumas" de Allan Kardec, publicado em 1892. Em fins de 1891, registravam-se importantes divergências internas entre os espíritas e fortes ataques exteriores ao movimento. Bezerra de Menezes afastou-se por algum tempo, continuando a frequentar as reuniões do Grupo Ismael e a redação dos artigos semanais em "O Paiz", que encerrou ao final de 1893.[26] Aprofundando-se as discórdias na instituição, foi convidado em 1895 a reassumir a presidência da FEB (eleito em 3 de Agosto desse ano), função que exerceu até à data de seu falecimento. Nesta gestão iniciou o estudo semanal de "O Evangelho segundo o Espiritismo", fundou a primeira livraria espírita no país e ocorreu a vinculação da instituição ao Grupo Ismael e à Assistência aos Necessitados.
Foi em meio a grandes dificuldades financeiras que um acidente vascular cerebral o acometeu, na manhã de 11 de abril de 1900.[19] Não faltaram aqueles, pobres e ricos, que socorreram a família, liderados pelo Senador Quintino Bocaiúva. No dia seguinte, na primeira página de "O Paiz", foi lhe dedicado um longo necrológio, chamando-o de "eminente brasileiro".[27] Recebeu ainda homenagem da Câmara Municipal do então Distrito Federal pela conduta e pelos serviços dignos.
Ao longo da vida acumulou inúmeros títulos de cidadania.

Legado

Bezerra de Menezes deu o nome a uma das embarcações a vapor da Estrada de Ferro Macaé e Campos que, fretado à Companhia Terrestre e Marítima do Rio de Janeiro, naufragou em Angra dos Reis a 29 de Janeiro de 1891.[28] Não houve vítimas fatais.
Com relação ao aspecto missionário da vida de Bezerra de Menezes, a obra Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, de Chico Xavier, atribuído ao espírito de Humberto de Campos, afirma:
"Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração."[29]
Bezerra foi também homenageado em Anápolis, Goiás, em 1982, com o nome de uma escola de ensino fundamental - Escola de 1º Grau Bezerra de Menezes -, que atende a 200 alunos conveniados com a rede estadual de Goiás.[30] Em Fortaleza, capital do estado do Ceará, sua terra natal, há uma avenida com o seu nome, situada no então distrito que levava o nome de seu pai, Antônio Bezerra, atualmente desmembrado em vários bairros, sendo a mencionada avenida situada entre os bairros Parquelândia, São Gerardo e Otávio Bonfim.
Em São José do Rio Preto, SP, o maior Hospital Psiquiátrico, que atende a toda a região, também leva o nome de Bezerra de Menezes.

O "Kardec Brasileiro"

Pela atuação destacada no movimento espírita da capital brasileira no último quartel do século XIX, Bezerra de Menezes foi considerado um modelo para muitos adeptos da Doutrina. Destacam-lhe a índole caridosa, a perseverança, e a disposição amorosa para superar os desafios. Essas características, somadas à sua militância na divulgação e na reestruturação do movimento espírita no país, fizeram com que fosse considerado o "Kardec Brasileiro", numa homenagem devida ao papel de relevância que desempenhou. Muitos seguidores acreditam, ainda, que Bezerra de Menezes continua, em espírito, a orientar e influenciar o movimento espírita. É considerado patrono de centenas de instituições espíritas em todo o mundo.[31]

Filme

A vida de Bezerra de Menezes foi transposta para o cinema, na película Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito, com direção de Glauber Santos Paiva Filho e Joel Pimentel. O elenco é integrado por Carlos Vereza no papel título, Caio Blat e Paulo Goulart Filho, e com a participação especial de Lúcio Mauro. A produção foi orçada aproximadamente em R$ 2,7 milhões, a cargo da Trio Filmes e Estação da Luz, com locações no Ceará, Pernambuco, Distrito Federal e Rio de Janeiro, tendo envolvido a mão-de-obra de uma equipe de cento e cinquenta pessoas. O lançamento do filme deu-se em 29 de agosto de 2008.[32][3