domingo, 30 de dezembro de 2012

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

E a vida continua... ( filme completo )

 Quando o carro da bela e jovem Evelina (Amanda Acosta) quebra na estrada, ela não faz ideia de como seus caminhos serão profundamente alterados para sempre. Socorrida pelo gentil Ernesto (Luiz Baccelli), Evelina logo fica sabendo que tanto ele como ela estão indo exatamente para o mesmo hotel.
Coincidência? Talvez, mas Ernesto não acredita em coincidências.

Imediatamente eles desenvolvem uma amizade tão sólida que persistirá quando ambos passam para o outro plano. Será ali, do outro lado da vida, que Evelina e Ernesto enfrentarão enormes dificuldades e desafios, onde não faltarão surpresas e surpreendentes revelações?

O filme é baseado no best-seller espírita “E a Vida Continua”, escrito em 1968 pelo espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier. Trata-se do 13º e último livro da série “A Vida no Mundo Espiritual”. 


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http://www.sebemnet.org.br/index.php/filmes/532-e-a-vida-continua-filme-completo

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Palestras Espíritas - Simpatia e antipatia terrenas

Palestra realizada no Centro Espírita Léon Denis (CELD) por Wania Flintz da Cunha em 14/08/2010 abordando as questões 386 a 391 de O Livro dos Espíritos.

Ruídos.


XXII. Como faz o Espírito para bater? Serve-se de algum objeto material?
"Tanto quanto dos braços para levantar a mesa. Sabes perfeitamente que nenhum martelo tem o Espírito à sua disposição. Seu martelo é o fluido que, combinado, ele põe em ação, pela sua vontade, para mover ou bater. Quando move um objeto, a luz vos dá a percepção do movimento; quando bate, o ar vos traz o som."
XXIII. Concebemos que seja assim, quando o Espírito bate num corpo duro; mas como pode fazer que se ouçam ruídos, ou sons articulados na massa instável do ar?
"Pois que é possível atuar sobre a matéria, tanto pode ele atuar sobre uma mesa, como sobre o ar. Quanto aos sons articulados, pode imitá-los, como o pode fazer com quaisquer outros ruídos."
XXIV. Dizes que o Espírito não se serve de suas mãos para deslocar a mesa. Entretanto, já se tem visto, em certas manifestações visuais, aparecerem mãos a dedilhar um teclado, a percutir as teclas e a tirar dali sons. Neste caso, o movimento das teclas não será devido, como parece, à pressão dos dedos? E não é também direta e real essa pressão, quando se faz sentir sobre nós, quando as mãos que a exercem deixam marcas na pele?
"Não podeis compreender a natureza dos Espíritos nem a maneira por que atuam, senão mediante comparações, que de uma e outra coisa apenas vos dão idéia incompleta, e errareis sempre que quiserdes assimilar aos vossos os processos de que eles usam. Estes, necessariamente, hão de corresponder à organização que lhes é própria. Já te não disse eu que o fluido do perispírito penetra a matéria e com ela se identifica, que a anima de uma vida factícia? Pois bem! Quando o Espírito põe os dedos sobre as teclas, realmente os põe e de fato as movimenta. Porém, não é por meio da força muscular que exerce a pressão. Ele as anima, como o faz com a mesa, e as teclas, obedecendo-lhe à vontade, se abaixam e tangem as cordas do piano. Em tudo isto uma coisa ainda se dá, que difícil vos será compreender: é que alguns Espíritos tão pouco adiantados se encontram e, em comparação com os Espíritos elevados, tão materiais se conservam, que guardam as ilusões da vida terrena e julgam obrar como quando tinham o corpo de carne. Não percebem a verdadeira causa dos efeitos que produzem, mais do que um camponês compreende a teoria dos sons que articula. Perguntai-lhes como é que tocam piano e vos responderão que batendo com os dedos nas teclas, porque julgam ser assim que o fazem. O efeito se produz instintivamente neles, sem que saibam como, se bem lhes resulte da ação da vontade. O mesmo ocorre, quando se exprimem por palavras.
NOTA. Destas explicações decorre que os Espíritos podem produzir todos os efeitos que nós outros homens produzimos, mas por meios apropriados à sua organização. Algumas forças, que lhes são próprias, substituem os músculos de que precisamos para atuar, da mesma maneira que, para um mudo, o gesto substitui a palavra que lhe falta.
XXV. Entre os fenômenos que se apontam como probantes da ação de uma potência oculta, alguns há evidentemente contrários a todas as conhecidas leis da Natureza. Nesses casos, não será legítima a dúvida?
"É que o homem está longe de conhecer todas as leis da Natureza. Se as conhecesse todas, seria Espírito superior. Cada dia que se passa desmente os que, supondo tudo saberem, pretendem impor limites à Natureza, sem que por isso, entretanto, se tornem menos orgulhosos. Desvendando-lhe, incessantemente, novos mistérios, Deus adverte o homem de que deve desconfiar de suas próprias luzes, porquanto dia virá em que a ciência do mais sábio será confundida. Não tendes todos os dias, sob os olhos, exemplos de corpos animados de um movimento que domina a força da gravitação? Uma pedra, atirada para o ar, não sobrepuja momentaneamente aquela força? Pobres homens, que vos considerais muito sábios e cuja tola vaidade a todos os momentos está sendo desbancada, ficai sabendo que ainda sois muito pequeninos."
75. Estas explicações são claras, categóricas e isentas de ambigüidade. Delas ressalta, como ponto capital, que o fluido universal, onde se contém o principio da vida, é o agente principal das manifestações, agente que recebe impulsão do Espírito, seja encarnado, seja errante. Condensado, esse fluido constitui o perispírito, ou invólucro semimaterial do Espírito. Encarnado este, o perispírito se acha unido à matéria do corpo; estando o Espírito na erraticidade, ele se encontra livre. Quando o Espírito está encarnado, a substância do perispírito se acha mais ou menos ligada, mais ou menos aderente, se assim nos podemos exprimir. Em algumas pessoas se verifica, por efeito de suas organizações, uma espécie de emanação desse fluido e é isso, propriamente falando, o que constitui o médium de influências físicas. A emissão do fluido animalizado pode ser mais ou menos abundante, como mais ou menos fácil a sua combinação, donde os médiuns mais ou menos poderosos. Essa emissão, porém, não é permanente, o que explica a intermitência do poder mediúnico.
76. Façamos uma comparação. Quando se tem vontade de atuar materialmente sobre um ponto colocado a distância, quem quer é o pensamento, mas o pensamento por si só não irá percutir o ponto; é-lhe preciso um intermediário, posto sob a sua direção: uma vara, um projetil, uma corrente de ar, etc. Notai também que o pensamento não atua diretamente sobre a vara, porquanto, se esta não for tocada, não se moverá. O pensamento, que não é senão o Espírito encarnado, está unido ao corpo pelo perispírito e não pode atuar sobre o corpo sem o perispírito, como não o pode sobre a vara sem o corpo. Atua sobre o perispírito, por ser esta a substância com que tem mais afinidade; o perispírito atua sobre os músculos, os músculos tomam a vara e a vara bate no ponto visado. Quando o Espírito não está encarnado, faz-se-lhe mister um auxiliar estranho e este auxiliar é o fluido, mediante o qual torna ele o objeto, sobre que quer atuar, apto a lhe obedecer à impulsão da vontade.
77. Assim, quando um objeto é posto em movimento, levantado ou atirado para o ar, não é que o Espírito o tome, empurre e suspenda, como o faríamos com a mão. O Espírito o satura, por assim dizer, do seu fluido, combinado com o do médium, e o objeto, momentaneamente vivificado desta maneira, obra como o faria um ser vivo, com a diferença apenas de que, não tendo vontade própria, segue o impulso que lhe dá a vontade do Espírito.
Pois que o fluido vital, que o Espírito, de certo modo, emite, dá vida factícia e momentânea aos corpos inertes; pois que o perispírito não é mais do que esse mesmo fluido vital, segue-se que, quando o Espírito está encarnado, é ele próprio quem dá vida ao seu corpo, por meio do seu perispírito, conservando-se unido a esse corpo, enquanto a organização deste o permite. Quando se retira, o corpo morre. Agora, se, em vez de uma mesa, esculpirmos uma estátua de madeira e sobre ela atuarmos, como sobre a mesa, teremos uma estátua que se moverá, que baterá, que responderá com os seus movimentos e pancadas. Teremos, em suma, uma estátua animada momentaneamente de uma vida artificial. Em lugar de mesas falantes, ter-se-iam estátuas falantes. Quanta luz esta teoria não projeta sobre uma imensidade de fenômenos até agora sem solução! Quantas alegorias e efeitos misteriosos ela não explica!
78. Os incrédulos ainda objetam que o fenômeno da suspensão das mesas, sem ponto de apoio, é impossível, por ser contrário à lei de gravitação. Responder-lhes-emos que, em primeiro lugar, a negativa não constitui uma prova; em segundo lugar, que, sendo real o fato, pouco importa contrarie ele todas as leis conhecidas, circunstância que só provaria uma coisa: que ele decorre de uma lei desconhecida e os negadores não podem alimentar a pretensão de conhecerem todas as leis da Natureza.
Acabamos de explicar uma dessas leis, mas isso não é razão para que eles a aceitem, precisamente porque ela nos é revelada por Espíritos que despiram a veste terrena, em vez de o ser por Espíritos que ainda trazem essa veste e têm assento na Academia. De modo que, se o Espírito de Arago, vivo na Terra, houvesse enunciado essa lei, eles a teriam admitido de olhos fechados; mas, desde que vem do Espírito de Arago, morto, e uma utopia. Por que isto? Porque acreditam que, tendo Arago morrido, tudo o que nele havia também morreu. Não temos a presunção de os dissuadir; entretanto, como tal objeção pode causar embaraço a algumas pessoas, tentaremos dar-lhes resposta, colocando-nos no ponto de vista em que eles se colocam, isto é, abstraindo, por instante, da teoria da animação factícia.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Semelhanças físicas e morais

207 Os pais transmitem muitas vezes a seus filhos a semelhança física. Eles também lhes transmitem alguma semelhança moral?
– Não, uma vez que têm almas ou Espíritos diferentes. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito. Entre os descendentes das raças há apenas consangüinidade.
207 a De onde vêm as semelhanças morais que existem algumas vezes entre os pais e filhos?
– São Espíritos simpáticos atraídos pela semelhança de suas tendências.
208 O Espírito dos pais tem influência sobre o do filho após o nascimento?
– Há uma influência muito grande. Como já dissemos, os Espíritos devem contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm como missão desenvolver o de seus filhos pela educação. É para eles uma tarefa: se falharem, serão culpados.
209 Por que pais bons e virtuosos geram, às vezes, filhos de natureza perversa? Melhor dizendo, por que as boas qualidades dos pais nem sempre atraem, por simpatia, um bom Espírito para animar seu filho?
– Um Espírito mau pode pedir pais bons, na esperança de que seus conselhos o orientem a um caminho melhor e, muitas vezes, Deus lhe concede isso.
210 Os pais podem, por seus pensamentos e preces, atrair para o corpo de um filho um Espírito bom em preferência a um Espírito inferior?
– Não, mas podem melhorar o Espírito do filho que geraram e que lhes foi confiado: é seu dever. Filhos maus são uma provação para os pais.
211 De onde vem a semelhança de caráter que muitas vezes existe entre dois irmãos, especialmente entre gêmeos?
– Espíritos simpáticos que se aproximam por semelhança de sentimento se que se sentem felizes por estar juntos.
212 Nas crianças cujos corpos nascem ligados e que possuem certos órgãos em comum há dois Espíritos, ou melhor, duas almas?
– Sim, há duas, são dois os corpos. Entretanto, a semelhança entre eles é tanta que se afigura aos vossos olhos como se fossem uma só6.
213 Visto que os Espíritos encarnam como gêmeos por simpatia, de onde vem a aversão que se vê algumas vezes entre eles?
– Não é uma regra que os gêmeos sejam Espíritos simpáticos. Espíritos maus podem querer lutar juntos no teatro da vida.
214 O que pensar das histórias de crianças gêmeas que brigam no ventre da mãe?
– Lendas! Para dar idéia de que seu ódio era muito antigo, fizeram-no presente antes de seu nascimento. Geralmente vós não levais em conta as figuras poéticas.
215 De onde vem o caráter distintivo que se nota em cada povo?
– Os Espíritos também se agrupam em famílias formadas pela semelhança de suas tendências mais ou menos depuradas, de acordo com sua elevação. Pois bem! Um povo é uma grande família na qual se reúnem Espíritos simpáticos. A tendência que têm os membros dessas grandes famílias os leva a se unirem, daí se origina a semelhança que existe no caráter distintivo de cada povo. Acreditais que Espíritos bons e caridosos procurarão um povo duro e grosseiro? Não, os Espíritos simpatizam com as coletividades, assim como simpatizam com os indivíduos; aí estão em seu meio.
216 O homem conserva, em suas novas existências, traços do caráter moral de existências anteriores?
– Sim, isso pode ocorrer; mas ao se melhorar, ele muda. Sua posição social pode também não ser mais a mesma. Se de senhor torna-se escravo, seus gostos serão completamente diferentes e teríeis dificuldade em reconhecê-lo. Sendo o Espírito sempre o mesmo nas diversas encarnações, suas manifestações podem ter uma ou outra semelhança, modificadas, entretanto, pelos hábitos de sua nova posição, até que um aperfeiçoamento notável venha mudar completamente seu caráter; por isso, de orgulhoso e mau, pode tornar-se humilde e bondoso, desde que se tenha arrependido.
217 O homem, pelo Espírito, conserva traços físicos das existências anteriores em suas diferentes encarnações?
– O corpo que foi anteriormente destruído não tem nenhuma relação com o novo. Entretanto, o Espírito se reflete no corpo. Certamente, o corpo é apenas matéria, mas apesar disso é modelado de acordo com a capacidade do Espírito que lhe imprime um certo caráter, principalmente ao rosto, e é verdade quando se diz que os olhos são o espelho da alma, ou seja, é o rosto que mais particularmente reflete a alma. É assim que uma pessoa sem grande beleza tem, entretanto, algo que agrada quando é animada por um Espírito bom, sábio, humanitário, enquanto existem rostos muito belos que nada fazem sentir, podendo até inspirar repulsa. Poderíeis pensar que apenas os corpos muito belos servem de envoltório aos Espíritos mais perfeitos; entretanto, encontrais todos os dias homens de bem sem nenhuma beleza exterior. Sem haver uma semelhança pronunciada, a similitude dos gostos e das inclinações pode dar o que se chama de um ‘ar de família’.
Tendo em vista que o corpo que reveste a alma na nova encarnação não tem necessariamente nenhuma relação com o da encarnação anterior, uma vez que em relação a ele pode ter uma procedência completamente diferente, seria absurdo admitir que numa sucessão de existências ocorressem semelhanças que não passam de casuais. Entretanto, as qualidades do Espírito modificam freqüentemente os órgãos que servem às suas manifestações e imprimem ao semblante, e até mesmo ao conjunto das maneiras, um cunho especial. É assim que, sob o envoltório mais humilde, pode-se encontrar a expressão da grandeza e da dignidade, enquanto sob a figura do grande senhor pode-se ver algumas vezes a expressão da baixeza e da desonra. Algumas pessoas, saídas da mais ínfima posição, adquirem, sem esforços, os hábitos e as maneiras da alta sociedade. Parece que elas reencontram seu ambiente, enquanto outras, apesar de seu nascimento e educação, estão nesse mesmo ambiente sempre deslocadas. Como explicar esse fato senão como um reflexo do que o Espírito foi antes?

Evangelho no Lar


domingo, 23 de dezembro de 2012

O Mal E O Remédio



SANTO AGOSTINHO
Paris, 1863
19 – Vossa terra é por acaso um lugar de alegrias, um paraíso de delicias? A voz do profeta não soa ainda aos vossos ouvidos? Não clamou ele que haveria choro e ranger de dentes para os que nascessem neste vale de dores? Vós que nele viestes viver, esperai portanto lágrimas ardentes e penas amargas, e quanto mais agudas e profundas forem as vossas dores, voltai os olhos ao céu e bendizei ao Senhor, por vos ter querido provar! Oh, homens! Não reconhecereis o poder de vosso Senhor, senão quando ele curar as chagas de vosso corpo e encher os vossos dias de beatitude e de alegria? Não reconhecereis o seu amor, senão quando ele adornar vosso corpo com todas as glórias, e lhe der o seu brilho e o seu alvor? Imitai aquele que vos foi dado para exemplo. Chegado ao último degrau da abjeção e da miséria, estendido sobre um monturo, ele clamou a Deus: “Senhor! Conheci todas as alegrias da opulência, e vós me reduzistes a mais profunda miséria! Graças, graças, meu Deus, por tendes querido provar o vosso servo”! Até quando os vossos olhos só alcançarão os horizontes marcados pela morte? Quando, enfim, vossa alma quererá lançar-se além dos limites do túmulo? Mas ainda que tivésseis de sofrer uma vida inteira, que seria isso, ao lado da eternidade de glória reservada àquele que houver suportado a prova com fé, amor e resignação? Procurai, pois, a consolação para os vossos males no futuro que Deus vos prepara, e vós, os que mais sofreis, julgar-vos-eis os bem-aventurados da Terra.
Com desencarnados, quando vagáveis no espaço, escolhestes as vossas prova, porque vos consideráveis bastantes fortes para suportá-la. Por que murmurais agora? Vós que pedistes a fortuna e a glória, o fizestes para sustentar a luta com a tentação e vencê-la. Vós, que pedistes para lutar de alma e corpo contra o mal moral e físico; sabíeis que quanto mais forte fosse a prova, mais gloriosa seria a vitória, e que, se saísseis triunfantes, mesmo que vossa carne fosse lançada sobre um monturo, na ocasião da morte, ela deixaria escapar uma alma esplendente de alvura, purificada pelo batismo da expiação e do sofrimento.
Que remédios, pois, poderíamos dar aos que foram atingidos por obsessões cruéis e males pungentes? Um só é infalível: a fé, voltar os olhos para o céu. Se, no auge de vossos mais cruéis sofrimentos, cantardes em louvor ao Senhor, o anjo de vossa guarda vos mostrará o símbolo da salvação e o lugar que devereis ocupar um dia. A fé é o remédio certo para o sofrimento. Ela aponta sempre os horizontes do infinito, ante os quais se esvaem os poucos dias de sombras do presente. Não mais nos pergunteis, portanto, qual o remédio que curará tal úlcera ou tal chaga, esta tentação ou aquela prova. Lembrai-vos de que aquele que crê se fortalece com o remédio da fé, e aquele que duvida um segundo da sua eficácia é punido, na mesma hora, porque sente imediatamente as angústias pungentes da aflição.
O Senhor pôs o seu selo em todos os que crêem nele. Cristo vos disse que a fé transporta montanhas. Eu vos digo que aquele que sofre e que tiver a fé como apoio, será colocado sob a sua proteção e não sofrerá mais. Os momentos mais dolorosos serão para ele como as primeiras notas de alegria da eternidade. Sua alma se desprenderá de tal maneira de seu corpo, que, enquanto este se torcer em convulsões, ela pairará nas regiões celestes, cantando com os anjos os hinos de reconhecimento e de glória ao Senhor.
Felizes os que sofrem e choram! Que suas almas se alegrem, porque serão atendidas por Deus.

sábado, 22 de dezembro de 2012

SEMPRE É NATAL - Mensagem espírita

Que todos neste tenham neste Natal muita luz, e que o Mestre Jesus esteja sempre presente em nossas vidas.
Que Possamos a cada dia tornarmos melhores através da reforma íntima e do amor em Deus
FELIZ NATAL!!!!!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Da Teoria das Manifestações Físicas


Movimentos e suspensões.

72. Demonstrada, pelo raciocínio e pelos fatos, a existência dos Espíritos, assim como a possibilidade que têm de atuar sobre a matéria, trata-se agora de saber como se efetua essa ação e como procedem eles para fazer que se movam as mesas e outros corpos inertes.
Uma idéia se apresenta muito naturalmente e nós a tivemos. Dando-nos outra explicação muito diversa, pela qual longe estávamos de esperar, os Espíritos a combateram, constituindo isto uma prova de que a teoria deles não era efeito da nossa opinião. Ora, essa primeira idéia todos a podiam ter, como nós; quanto à teoria dos Espíritos, não cremos que jamais haja acudido à mente de quem quer que seja. Sem dificuldade se reconhecerá quanto é superior à que esposávamos, se bem que menos simples,porque dá solução a inúmeros outros fatos que, com a nossa, não encontravam explicação satisfatória.
73. Desde que se tornaram conhecidas a natureza dos Espíritos, sua forma humana, as propriedades semimateriais do perispírito, a ação mecânica que este pode exercer sobre a matéria; desde que, em casos de aparição, se viram mãos fluídicas e mesmo tangíveis tomar dos objetos e transportá-los, julgou-se, como era natural, que o Espírito se servia muito simplesmente de suas próprias mãos para fazer que a mesa girasse e que à força de braço é que ela se erguia no espaço. Mas, então, sendo assim, que necessidade havia de médium? Não pode o Espírito atuar só por si? Porque, é evidente que o médium, que as mais das vezes põe as mãos sobre a mesa em sentido contrário ao do seu movimento, ou que mesmo não coloca ali as mãos, não pode secundar o Espírito por meio de uma ação muscular qualquer. Deixemos, porém, que primeiro falem os Espíritos a quem interrogamos sobre esta questão.
74. As respostas seguintes nos foram dadas pelo Espírito São Luís. Muitos outros, depois, as confirmaram.
I. Será o fluido universal uma emanação da divindade?
"Não."
II. Será uma criação da divindade?
"Tudo é criado, exceto Deus."
III. O fluido universal será ao mesmo tempo o elemento universal ?
"Sim, é o princípio elementar de todas as coisas."
IV. Alguma relação tem ele com o fluido elétrico, cujos efeitos conhecemos?
"E o seu elemento."
V. Em que estado o fluido universal se nos apresenta, na sua maior simplicidade?
"Para o encontrarmos na sua simplicidade absoluta, precisamos ascender aos Espíritos puros. No vosso mundo, ele sempre se acha mais ou menos modificado, para formar a matéria compacta que vos cerca. Entretanto, podeis dizer que o estado em que se encontra mais próximo daquela simplicidade é o do fluido a que chamais fluido magnético animal."
VI. Já disseram que o fluido universal é a fonte da vida. Será ao mesmo tempo a fonte da inteligência?
"Não, esse fluido apenas anima a matéria."
VII. Pois que é desse fluido que se compõe o perispírito, parece que, neste, ele se acha num como estado de condensação, que o aproxima, até certo ponto, da matéria propriamente dita?
"Até certo ponto, como dizes, porquanto não tem todas as propriedades da matéria. E mais ou menos condensado, conforme os mundos."
VIII. Como pode um Espírito produzir o movimento de um corpo sólido?
"Combinando uma parte do fluido universal com o fluido, próprio àquele efeito, que o médium emite."
IX. Será com os seus próprios membros, de certo modo solidificados, que os Espíritos levantam a mesa?
"Esta resposta ainda não te levará até onde desejas. Quando, sob as vossas mãos, uma mesa se move, o Espírito haure no fluido universal o que é necessário para lhe dar uma vida factícia. Assim preparada a mesa, o Espírito a atrai e move sob a influência do fluido que de si mesmo desprende, por efeito da sua vontade. Quando quer pôr em movimento uma massa por demais pesada para suas forças, chama em seu auxílio outros Espíritos, cujas condições sejam idênticas às suas. Em virtude da sua natureza etérea, o Espírito, propriamente dito, não pode atuar sobre a matéria grosseira, sem intermediário, isto é, sem o elemento que o liga à matéria. Esse elemento, que constitui o que chamais perispírito, vos faculta a chave de todos os fenômenos espíritas de ordem material. Julgo ter-me explicado muito claramente, para ser compreendido."
NOTA. Chamamos a atenção para a seguinte frase, primeira da resposta acima: Esta resposta AINDA te não levará até onde desejas. O Espírito compreendera perfeitamente que todas as questões precedentes só haviam sido formuladas para chegarmos a esta última e alude ao nosso pensamento que. com efeito, esperava por outra resposta muito diversa, isto é, pela confirmação da idéia que tínhamos sobre a maneira por que o Espirito obtém o movimento da mesa.
X. Os Espíritos, que aquele que deseja mover um objeto chama em seu auxílio, são-lhe inferiores? Estão-lhe sob as ordens?
"São-lhe iguais, quase sempre. Muitas vezes acodem espontaneamente."
XI. São aptos, todos os Espíritos, a produzir fenômenos deste gênero?
"Os que produzem efeitos desta espécie são sempre Espíritos inferiores, que ainda se não desprenderam inteiramente de toda a influência material."
XII. Compreendemos que os Espíritos superiores não se ocupam com coisas que estão muito abaixo deles. Mas, perguntamos se, uma vez que estão mais desmaterializados, teriam o poder de fazê-lo, dado que o quisessem?
"Os Espíritos superiores têm a força moral, como os outros têm a força física. Quando precisam desta força, servem-se dos que a possuem. Já não se vos disse que eles se servem dos Espíritos inferiores, como vós vos servis dos carregadores?"
NOTA. Já foi explicado que a densidade do perispírito, se assim se pode dizer, varia de acordo com o estado dos mundos. Parece que também varia, em um mesmo mundo, de indivíduo para indivíduo. Nos Espíritos moralmente adiantados, é mais sutil e se aproxima da dos Espíritos elevados; nos Espíritos inferiores, ao contrário, aproxima-se da matéria e é o que faz que os Espíritos de baixa condição conservem por muito tempo as ilusões da vida terrestre. Esses pensam e obram como se ainda fossem vivos; experimentam os mesmos desejos e quase que se poderia dizer a mesma sensualidade. Esta grosseria do perispírito, dando-lhe mais afinidade com a matéria, torna os Espíritos inferiores mais aptos às manifestações físicas. Pela mesma razão é que um homem de sociedade, habituado aos trabalhos da inteligência, franzino e delicado de corpo, não pode suspender fardos pesados, como o faz um carregador. Nele, a matéria é, de certa maneira, menos compacta, menos resistentes os órgãos; há menos fluido nervoso. Sendo o perispírito, para o Espírito, o que o corpo é para o homem e como à sua maior densidade corresponde menor inferioridade espiritual, essa densidade substitui no Espírito a força muscular, isto é, dá-lhe, sobre os fluidos necessários às manifestações, um poder maior do que o de que dispõem aqueles cuja natureza é mais etérea. Querendo um Espírito elevado produzir tais efeitos, faz o que entre nós fazem as pessoas delicadas: chama para executá-los um Espírito do ofício.
XIII. Se compreendemos bem o que disseste, o princípio vital reside no fluido universal; o Espírito tira deste fluido o envoltório semimaterial que constitui o seu perispírito e é ainda por, meio deste fluido que ele atua sobre a matéria inerte. É assim?
"É. Quer dizer: ele empresta à matéria uma espécie de vida factícia; a matéria se anima da vida animal. A mesa, que se move debaixo das vossas mãos, vive como animal; obedece por si mesma ao ser inteligente. Não é este quem a impele, como faz o homem com um fardo. Quando ela se eleva, não é o Espírito quem a levanta, com o esforço do seu braço: é a própria mesa que, animada, obedece à impulsão que lhe dá o Espírito."
XIV. Que papel desempenha o médium nesse fenômeno?
"Já eu disse que o fluido próprio do médium se combina com o fluido universal que o Espírito acumula. E necessária a união desses dois fluidos, isto é, do fluido animalizado e do fluido universal para dar vida à mesa. Mas, nota bem que essa vida é apenas momentânea, que se extingue com a ação e, às vezes, antes que esta termine, logo que a quantidade de fluido deixa de ser bastante para a animar."
XV. Pode o Espírito atuar sem o concurso de um médium?
"Pode atuar à revelia do médium. Quer isto dizer que muitas pessoas, sem que o suspeitem, servem de auxiliares aos Espíritos. Delas haurem os Espíritos, como de uma fonte, o fluido animalizado de que necessitem. Assim é que o concurso de um médium, tal como o entendeis, nem sempre é preciso, o que se verifica Principalmente nos fenômenos espontâneos."
XVI. Animada, atua a mesa com inteligência? Pensa?
"Pensa tanto quanto a bengala com que fazes um sinal inteligente. Mas, a vitalidade de que se acha animada lhe permite obedecer â impulsão de uma inteligência. Fica, pois, sabendo que a mesa que se move não se torna Espírito e que não tem, em si mesma, capacidade de pensar, nem de querer."
NOTA. Muito amiúde, na linguagem usual, servimo-nos de uma expressão análoga. Diz-se de uma roda, que gira velozmente, que está animada de um movimento rápido.
XVII. Qual a causa preponderante, na produção desse fenômeno: o Espírito, ou o fluido?
"O Espírito é a causa, o fluido o instrumento, ambos são necessários."
XVIII. Que papel, nesse caso, desempenha a vontade do médium?
"O de atrair os Espíritos e secundá-los no impulso que dão ao fluido." a) É sempre indispensável a ação da vontade? "Aumenta a força, mas nem sempre é necessária, pois que o movimento pode produzir-se contra essa vontade, ou a seu malgrado, e isso prova haver uma causa independente do médium."
NOTA. Nem sempre o contacto das mãos é necessário para que um objeto se mova. As mais das vezes esse contacto só se faz preciso para dar o primeiro impulso; porém, desde que o objeto está animado, pode obedecer à vontade do Espírito, Sem contacto material. Depende isto, ou da potencialidade do médium, ou da natureza do Espírito. Nem sempre mesmo é indispensável um primeiro contacto, do que são provas os movimentos e deslocamentos espontâneos, que ninguém cogitou de provocar.
XIX. Por que é que nem toda gente pode produzir o mesmo efeito e não têm todos os médiuns o mesmo poder?
"Isto depende da organização e da maior ou menor facilidade com que se pode operar a combinação dos fluidos. Influi também a maior ou menor simpatia do médium para com os Espíritos que encontram nele a força fluídica necessária. Dá-se com esta força o que se verifica com a dos magnetizadores, que não é igual em todos. A esse respeito, há mesmo pessoas que são de todo refratárias; outras com as quais a combinação só se opera por um esforço de vontade da parte delas; outras, finalmente, com quem a combinação dos fluidos se efetua tão natural e facilmente, que elas nem dão por isso e servem de instrumento a seu mau grado, como atrás dissemos." (Vede aqui adiante o capítulo das Manifestações espontâneas.)
NOTA. Estes fenômenos têm sem dúvida por princípio o magnetismo, porém, não como geralmente o entendem. A prova está na existência de poderosos magnetizadores que não conseguiram fazer que uma pequenina mesa se movesse e na de pessoas que não logram magnetizar a ninguém, nem mesmo a uma criança, às quais, no entanto, basta que ponham os dedos sobre uma mera pesada, para que esta se agite. Assim, desde que a força mediúnica não guarda proporção com a força magnética, é que outra causa existe.
XX. As pessoas qualificadas de elétricas podem ser consideradas médiuns?
"Essas pessoas tiram de si mesmas o fluido necessário à produção do fenômeno e podem operar sem o concurso de outros Espíritos. Não são, portanto, médiuns, no sentido que se atribui a esta palavra. Mas, também pode dar-se que um Espírito as assista e se aproveite de suas disposições naturais."
NOTA. Sucede com essas pessoas o que ocorre com os sonâmbulos, que podem operar com ou sem o concurso de Espíritos estranhos. (Veja-se, no capítulo dos Médiuns, o artigo relativo aos médiuns sonambúlicos.)
XXI. O Espírito que atua sobre os corpos sólidos, para movê-los, se coloca na substância mesma dos corpos, ou fora dela?
"Dá-se uma e outra coisa. Já dissemos que a matéria não constitui obstáculos para os Espíritos. Em tudo eles penetram. Uma porção do perispírito se identifica, por assim dizer, com o objeto em que penetra."

 

Parentesco, filiação

203 Os pais transmitem aos filhos uma porção de sua alma ou limitam-se a dar-lhes a vida animal a que uma nova alma, mais tarde, vem acrescentar a vida moral?
– Dão-lhe apenas a vida animal, porque a alma é indivisível. Um pai estúpido pode ter filhos inteligentes e vice-versa.
204 Uma vez que tivemos diversas existências, o parentesco pode recuar além de nossa existência atual?
– Não pode ser de outra forma. A sucessão das existências corporais estabelece entre os Espíritos laços que remontam às existências anteriores. Daí muitas vezes decorrem as causas de simpatia entre vós e alguns Espíritos que vos parecem estranhos.
205 Por que, aos olhos de certas pessoas, a doutrina da reencarnação se apresenta como destruidora dos laços de família por fazê-los recuar às existências anteriores?
– Ela não os destrói. Ela os amplia. O parentesco, estando fundado em afeições anteriores, faz com que os laços que unem os membros de uma mesma família sejam mais vigorosos. Essa doutrina amplia também os deveres da fraternidade, uma vez que, entre os vossos vizinhos, ou entre os servidores, pode-se encontrar um Espírito que esteve ligado a vós pelos laços de sangue.
205 a Ela diminui, entretanto, a importância que alguns atribuem à sua genealogia5, uma vez que se pode ter tido por pai um Espírito que pertenceu a outra raça, ou tendo vindo de uma condição bem diversa?
– É verdade, mas essa importância está fundada no orgulho. O que essas pessoas honram em seus ancestrais são os títulos, a posição, a fortuna. Alguém que coraria de vergonha por ter tido como antepassado um honesto sapateiro se gabaria de descender de um nobre corrupto e debochado. Mas o que quer que eles digam ou façam, não impedirão as coisas de ser o que são, porque Deus não formulou as leis da natureza de acordo com a vaidade deles.
206 Do fato de não haver ligações de filiação entre os Espíritos de descendentes da mesma família, segue-se que o culto aos ancestrais seja uma coisa ridícula?
– Certamente que não. Todo homem deve considerar-se feliz por pertencer a uma família em que encarnam Espíritos elevados. Embora os Espíritos não procedam uns dos outros, têm afeição aos que lhe estão ligados pelos laços de família, porque esses Espíritos são freqüentemente atraídos a esta ou àquela família em razão de simpatias ou ligações anteriores. Mas, ficai certos: os Espíritos de vossos ancestrais não se sentem honrados pelo culto que vós lhes ofereceis por orgulho. O valor dos méritos que tiveram só se refletirão sobre vós pelo esforço que fizerdes em seguir-lhes os bons exemplos, e, só assim, então, vossa lembrança pode lhes ser agradável e útil.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A MANJEDOURA

As comemorações do Natal conduzem-nos o entendimento à eterna lição de humildade de Jesus, no momento preciso em que a sua mensagem de amor felicitou o coração das criaturas, fazendo-nos sentir, ainda, o sabor de atualidade dos seus divinos ensinamentos.
A Manjedoura foi o Caminho.
A exemplificação era a Verdade.
O Calvário constituía a Vida.
Sem o Caminho, o homem terrestre não atingirá os tesouros da Verdade e da Vida.
É por isso que, emaranhados no cipoal da ambição menos digna, os povos modernos, perdendo o roteiro da simplicidade cristã, desgarra-se da estrada que os conduziria à evolução definitiva, com o Evangelho do Senhor. Sem ele, que constitui o assunto de todas as ciências espirituais, perderam-se as criaturas humanas, nos desfiladeiros escabrosos da impiedade.
Debalde, invoca-se o prestígio das religiões numerosas, que se afastaram da Religião Única, que é a Verdade ou a Exemplificação com o Cristo.
Com as doutrinas da Índia, mesmo no seio de suas filosofias mais avançadas, vemos os párias miseráveis morrendo de fome, à porta suntuosa dos pagodes de ouro das castas privilegiadas.
Com o budismo e com o xintoísmo, temos o Japão e a China mergulhados num oceano de metralha e de sangue.
Com o Alcorão e com o judaísmo, temos as nefandas disputas da Palestina.
Com o catolicismo, que mais de perto deveria representar o pensamento evangélico, na civilização ocidental, vemos basílicas suntuosas e frias, onde já se extinguiram quase todas as luzes da fé. Aí dentro, com os requintes da ciência sem consciência e do raciocínio sem coração, assistimos as guerras absurdas da conquista pela força, identificamos o veneno das doutrinas extremistas e perversoras, verificamos a onda pesada de sangue fratricida, nas revoluções injustificáveis, e anotamos a revivescência das perseguições inquisitórias da Idade Média, com as mais sombrias perspectivas de destruição.
Um sopro de morte atira ao mundo atual supremo cartel de desafio.
Não obstante o progresso material sente a alma humana que sinistros vaticínios lhe pesam sobre a fronte. É que a tempestade de amargura na dolorosa transição do momento significa que o homem se mantém muito distante da Verdade e da Vida.
As lembranças do Natal, porém, na sua simplicidade, indicam à Terra o caminho da Manjedoura... Sem ele, os povos do mundo não alcançarão as fontes regeneradoras da fraternidade e da paz. Sem ele, tudo serão perturbação e sofrimento nas almas, presas no turbilhão das trevas angustiosas, porque essa estrada providencial para os corações humanos é ainda o Caminho esquecido da Humildade.
EMMANUEL
(Do livro  ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL, Francisco Cândido

Natal

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

.Te Ofereço Paz .

Prece: Para pedir um conselho

24. PREFÁCIO. Quando estamos indecisos sobre o fazer ou não fazer uma coisa, devemos antes de tudo propor-nos a nós mesmos as questões seguintes:
1ª - Aquilo que eu hesito em fazer pode acarretar qualquer prejuízo a outrem?
2ª - Pode ser proveitoso a alguém?
3ª - Se agissem assim comigo, ficaria eu satisfeito?
Se o que pensamos fazer, somente a nós nos interessa, licito nos é pesar as vantagens e os inconvenientes pessoais que nos possam advir.
Se interessa a outrem e se, resultando em bem para um, redundará em mal para outro, cumpre, igualmente, pesemos a soma de bem ou de mal que Se produzirá, para nos decidirmos a agir, ou a abster-nos.
Enfim, mesmo em se tratando das melhores coisas, importa ainda consideremos a oportunidade e as circunstâncias concomitantes, porquanto uma coisa boa, em si mesma, pode dar maus resultados em mãos inábeis, se não for conduzida com prudência e circunspecção. Antes de empreendê-la, convém consultemos as nossas forças e meios de execução.
Em todos os casos, sempre podemos solicitar a assistência dos nossos Espíritos protetores, lembrados desta sábia advertência: Na dúvida, abstém-te. (Cap. XXVIII, nº 38.)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Palestras - Centro Espírita Joanna de Angelis

Dia: 18/12/2012
Palestrante: Maria Pessoa de Lima
Tema: A Realeza de Jesus

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Dia: 20/12/2012
Palestrante: Spério Faccioni Jr
Tema: O Orgulho e a Humildade ( E.S.E. cap. VII)

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Dia: 23/12/2012
Palestrante: Djalma Santos
Tema: Sinais dos Tempos, Natal e Você

.A Reencarnação dos Animais Por Cezar Carneiro de Souza .

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Conhecendo a si mesmo - Programa Momento Espírita com José Antonio da Cruz .

A Via Láctea

32. Durante as belas noites estreladas e sem lua, cada um de nós pode observar este luar branquicento que atravessa o céu de uma extremidade à outra, e que os antigos denominaram via láctea por causa de sua aparência leitosa. Esse luar difuso tem sido longamente explorado pelo olho do telescópio nos tempos modernos, e este caminho de pó de ouro ou este regato de leite da antiga mitologia, transformou-se num vasto campo de maravilhas desconhecidas. As pesquisas dos observadores têm conduzido ao conhecimento de sua natureza, e têm mostrado, lá onde o olhar errante apenas encontrava uma fraca claridade, milhões de sóis mais luminosos e mais importantes que aquele que nos ilumina.
33. Com efeito, a via láctea é um campo semeado de flores solares ou planetárias que brilham em sua vasta extensão. Nosso Sol e todos os corpos que o acompanham fazem parte desses globos radiantes, dos quais se compõe a via láctea; porém, apesar de suas dimensões gigantescas relativamente à Terra e à grandeza de seu império, não ocupa senão um lugar inapreciável nesta vasta criação. Podem-se contar uns trinta milhões de sóis semelhantes a ele, os quais gravitam nesta imensa região, afastados uns dos outros por mais de cem mil vezes do tamanho do raio da órbita terrestre. (1)
34. Por este cálculo aproximativo, pode-se considerar a extensão desta região sideral e da relação que une nosso sistema à universalidade dos sistemas que o ocupam. Igualmente pode-se considerar a exigüidade do domínio solar e, a fortiori, da nulidade de nossa pequena Terra. Que seria, então, se se considerassem os seres que a povoam!
Digo _ "da nulidade", pois nossas determinações se aplicam não só à extensão material, física, dos corpos que estudamos, _ o que seria pouco _, mas ainda e sobretudo a seu estado moral de habitação, ao grau que ocupam na eterna hierarquia dos seres. A criação ali se mostra em toda sua majestade, criando e propagando tudo em redor do mundo solar, e em cada um dos sistemas que o rodeiam por todos os seus lados, as manifestações da vida e da inteligência.
35. Por esta maneira, conhecemos a posição que nosso Sol e a Terra ocupam no mundo das estrelas; estas considerações adquirirão ainda valor maior, se refletirmos sobre o estado mesmo da Via Láctea, que, na imensidade das criações siderais, não representa senão um ponto insensível e inapreciável, se visto de longe; pois ela não é outra coisa senão uma nebulosa estelar tal como existem milhares no espaço. Se ela nos parece ser mais vasta e mais rica que outras, é pela única razão de que ela nos rodeia e se desenvolve sob toda sua extensão, sob nossos olhos, enquanto que outras, perdidas nas profundezas insondáveis, mal se deixam entrever.
36. Ora, se sabemos que a Terra nada é, ou quase nada, no sistema solar; este nada, ou quase nada, na Via Láctea; este nada ou quase nada na universalidade das nebulosas, e esta universalidade, muito pouco no meio do imenso infinito, _ começaremos a compreender o que é o globo terrestre.
(1) Mais de 3 trilhões e 400 bilhões de léguas.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Essência Evangélica 020

O programa "Essência Evangélica", exibido pela TV Mundo Maior.

Existem diversas categorias de mundos e cada mundo abriga espíritos na mesma faixa evolutiva.

www.tvmundomaior.com.br

Sexo nos Espíritos

200 Os Espíritos têm sexo?
– Não como o entendeis, porque o sexo depende do organismo físico. Existe entre eles amor e simpatia, mas fundados na identidade dos sentimentos.
201 O Espírito que animou o corpo de um homem pode, em uma nova existência, animar o de uma mulher e vice-versa?
– Sim, são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres.
202 Quando está na erraticidade, o Espírito prefere encarnar no corpo de um homem ou de uma mulher?
– Isso pouco importa ao Espírito. Depende das provas que deve suportar.
Os Espíritos encarnam como homens ou mulheres, porque não têm sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, assim como cada posição social, lhes oferece provas, deveres especiais e a ocasião de adquirir experiência. Aquele que encarnasse sempre como homem apenas saberia o que sabem os homens.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Alegria do Natal

Prece
Agradeço, Jesus,
A bênção do Natal que nos renova e aquece
Em vibrações de paz aos júbilos da prece,
Que te louvam, dos Céus ao pó que forra o chão!...
Agradeço a mensagem que te exalta,
Reacendendo o Sol da Nova Era
Nos cânticos da fé viva e sincera
Que nos refaz e eleva o coração.
Agradeço as palavras em teu nome,
Naqueles que conheço ou desconheço,
Que me falam de ti com bondade sem preço,
Conservando-me em ti, seja em que verbo for,
E as afeições queridas que me trazem,
Por teu ensinamento que me alcança,
A sublime presença da esperança
Ante a força do amor.
Agradeço o conforto
De tudo o que recebo em forma de ternura,
Na mais singela flor que me procura
Ou na prece de alguém
E as generosas mãos que me auxiliam
A repartir migalhas de consolo,
Seja um simples lençol ou um simples bolo
Para a festa do bem.
Agradeço a saudade
Dos entes que deixei noutros campos do mundo,
Que me deram contigo o dom profundo
De aprender a servir, de entender e de orar,
Os afetos que o tempo me resguarda
Sob fulgurações que revejo à distância,
Induzindo-me a ver-te entre os brincos da infância
Nas promessas do lar!...
Por tudo em que o Natal se revela e se expande
A envolver-nos em notas de alegria
Que o teu devotamento nos envia
Em carícias de luz,
Pelo trabalho que nos ofereces,
Perante a fé maior que hoje nos invade,
Para a edificação da Nova Humanidade,
Sê louvado, Jesus!...

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Das Manifestações Inteligentes


65. No que acabamos de ver, nada certamente revela a intervenção de uma potência oculta e os efeitos que passamos em revista poderiam explicar-se perfeitamente pela ação de uma corrente magnética, ou elétrica, ou, ainda, pela de um fluido qualquer. Tal foi, precisamente, a primeira solução dada a tais fenômenos e que, com razão, podia passar por muito lógica. Teria, não há dúvida, prevalecido, se outros fatos não tivessem vindo demonstrá-la insuficiente. Estes fatos são as provas de inteligência que eles deram. Ora, como todo efeito inteligente há de por força derivar de uma causa inteligente, ficou evidenciado que, mesmo admitindo-se, em tais casos, a intervenção da eletricidade, ou de qualquer outro fluido, outra causa a essa se achava associada. Qual era ela? Qual a inteligência? Foi o que o seguimento das observações mostrou.
66. Para uma manifestação ser inteligente, indispensável não é que seja eloqüente, espirituosa, ou sábia; basta que prove ser um ato livre e voluntário, exprimindo uma intenção, ou respondendo a um pensamento. Decerto, quando uma ventoinha se move, toda gente sabe que apenas obedece a uma impulsão mecânica: à do vento; mas, se se reconhecessem nos seus movimentos sinais de serem eles intencionais, se ela girasse para a direita ou para a esquerda, depressa ou devagar, conforme se lhe ordenas-se, forçoso seria admitir-se, não que a ventoinha era inteligente, porém, que obedecia a uma inteligência. Isso o que se deu com a mesa.
67. Vimo-la mover-se, levantar-se, dar pancadas, sob a influência de um ou de muitos médiuns. O primeiro efeito inteligente observado foi o obedecerem esses movimentos a uma determinação. Assim é que, sem mudar de lugar, a mesa se erguia alternativamente sobre o pé que se lhe indicava; depois, caindo, batia um número determinado de pancadas, respondendo a uma pergunta. Doutras vezes, sem o contacto de pessoa alguma, passeava sozinha pelo aposento, indo para a direita, ou para a esquerda, para diante, ou para trás, executando movimentos diversos, conforme o ordenavam os assistentes. Está bem visto que pomos de parte qualquer suposição de fraude; que admitimos a perfeita lealdade das testemunhas, atestada pela honradez e pelo absoluto desinteresse de todas. Falaremos mais tarde dos embustes contra os quais manda a prudência que se esteja precavido.
68. Por meio de pancadas e, sobretudo, por meio dos estalidos, de que há pouco tratamos, produzidos no interior da mesa, obtêm-se efeitos ainda mais inteligentes, como sejam: a imitação dos rufos do tambor, da fuzilaria de descarga por fila ou por pelotão, de um canhoneio; depois, a do ranger da serra, dos golpes de martelo, do ritmo de diferentes árias, etc. Era, como bem se compreende, um vasto campo a ser explorado. Raciocinou-se que, se naquilo havia uma inteligência oculta, forçosamente lhe seria possível responder a perguntas e ela de fato respondeu, por um sim, por um não, dando o número de pancadas que se convencionara para um caso e outro.
Por serem muito insignificantes essas respostas, surgiu a idéia de fazer-se que a mesa indicasse as letras do alfabeto e compusesse assim palavras e frases.
69. Estes fatos, repetidos à vontade por milhares de pessoas e em todos os países, não podiam deixar dúvida sobre a natureza inteligente das manifestações. Foi então que apareceu um novo sistema, segundo o qual essa inteligência seria a do médium, do interrogante, ou mesmo dos assistentes. A dificuldade estava em explicar como semelhante inteligência podia refletir-se na mesa e se expressar por pancadas. Averiguado que estas não eram dadas pelo médium, deduziu-se que, então, o eram pelo pensamento. Mas, o pensamento a dar pancadas constituía fenômeno ainda mais prodigioso do que todos os que haviam sido observados. Não tardou que a experiência demonstrasse a inadmissibilidade de tal opinião. Efetivamente, as respostas muito amiúde se achavam em oposição formal às idéias dos assistentes, fora do alcance intelectual do médium e eram até dadas em línguas que este ignorava, ou referia fatos que todos desconheciam. São tão numerosos os exemplos, que quase impossível é não ter sido disso testemunha muitas vezes quem quer que já um pouco se ocupou com as manifestações Espíritas. Citaremos apenas um, que nos foi relatado por uma testemunha ocular.
70. Num navio da marinha imperial francesa, estacionado nos mares da China, toda a equipagem, desde os marinheiros até o estado-maior, se ocupava em fazer que as mesas falassem. Tiveram a idéia de evocar o Espírito de um tenente que pertencera à guarnição do mesmo navio e que morrera havia dois anos. O Espírito veio e, depois de várias comunicações que a todos encheram de espanto, disse o que segue, por meio de pancadas: "Peço-vos instantemente que mandeis pagar ao capitão a soma de... (indicava a cifra), que lhe devo e que lamento não ter podido restituir-lhe antes de minha morte." Ninguém conhecia o fato: o próprio capitão esquecera esse débito, aliás mínimo. Mas, procurando nas suas contas, encontrou uma nota da divida do tenente, de importância exatamente idêntica à que o Espírito indicara. Perguntamos: do pensamento de quem podia essa indicação ser o reflexo?
71. Aperfeiçoou-se a arte de obter comunicações pelo processo das pancadas alfabéticas, mas o meio continuava a ser muito moroso. Algumas, entretanto, se obtiveram de certa extensão, assim como interessantes revelações sobre o mundo dos Espíritos. Estes indicaram outros meios e a eles se deve o das comunicações escritas.
Receberam-se as primeiras deste gênero, adaptando-se um lápis ao pé de uma mesa leve, colocada sobre uma folha de papel. Posta em movimento pela influência de um médium, a mesa começou a traçar caracteres, depois palavras e frases. Simplificou-se gradualmente o processo, pelo emprego de mesinhas do tamanho de uma mão, construídas expressamente para isso; em seguida, pelo de cestas, de caixas de papelão e, afinal, pelo de simples pranchetas. A escrita saía tão corrente, tão rápida e tão fácil como com a mão. Porém, reconheceu-se mais tarde que todos aqueles objetos não passavam, em definitiva, de apêndices, de verdadeiras lapiseiras, de que se podia prescindir, segurando o médium, com sua própria mão, o lápis. Forçada a um movimento involuntário, a mão escrevia sob o impulso que lhe imprimia o Espírito e sem o concurso da vontade, nem do pensamento do médium. A partir de então, as comunicações de além-túmulo se tornaram sem limites, como o é a correspondência habitual entre os vivos.
Voltaremos a tratar destes diferentes meios, a fim de explicá-los minuciosamente. Por ora, limitamo-nos a esboçá-los, para mostrar os fatos sucessivos que levaram os observadores a reconhecer, nestes fenômenos, a intervenção de inteligências ocultas, ou, por outra, dos Espíritos.

Videoaula 12 - "Aprendendo Espiritismo"

Décima segunda videoaula da série "Aprendendo Espiritismo", produzida pela Equipe Luz Espírita, cujo tema central é "Magnetismo e passe espírita".

Neste episódio, são abordadas as questões mais elementares acerca da força vital que anima os corpos orgânicos e a capacidade dessa energia ser transferida para um outro organismo vivo, bem como as origens e desenvolvimento das terapias alternativas baseadas nessa transfusão fluídica, tal como o Magnetismo de Mesmer e o Passe Espírita.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O bem sofrer e o mal sofrer

  18 – Quando Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dos Céus”, não se referia aos sofredores em geral, porque todos os que estão neste mundo sofrem, quer estejam num trono ou na miséria, mas ah!, poucos sofrem bem, poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir ao Reino de Deus. O desânimo é uma falta; Deus vos nega consolações, se não tiverdes coragem. A prece é um sustentáculo da alma, mas não é suficiente por si só: é necessário que se apóie numa fé ardente na bondade de Deus. Tendes ouvido freqüentemente que Ele não põe um fardo pesado em ombros frágeis. O fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem. A recompensa será tanto mais esplendente, quanto mais penosa tiver sido a aflição. Mas essa recompensa deve ser merecida, e é por isso que a vida está cheia de tribulações.
            O militar que não é enviado à frente de batalha não fica satisfeito, porque o repouso no acampamento não lhe proporciona nenhuma promoção. Sede como o militar, e não aspires a um repouso que enfraqueceria o vosso corpo e entorpeceria a vossa alma. Ficai satisfeitos, quando Deus vos envia à luta. Essa luta não é o fogo das batalhas, mas as amarguras da vida, onde muitas vezes necessitamos de mais coragem que um combate sangrento, pois aquele que enfrenta firmemente o inimigo poderá cair sob o impacto de um sofrimento moral. O homem não recebe nenhuma recompensa por essa espécie de coragem, mas Deus lhe reserva os seus louros e um lugar glorioso. Quando vos atingir um motivo de dor ou de contrariedade, tratai de elevar-vos acima das circunstâncias. E quando chegardes a dominar os impulsos da impaciência, da cólera ou do desespero, dizei, com justa satisfação: “Eu fui o mais forte”!
            Bem-aventurados os aflitos, pode, portanto, ser assim traduzidos: Bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua firmeza, a sua perseverança e a submissão à vontade de Deus, porque eles terão centuplicado as alegrias que lhes faltam na Terra, e após o trabalho virá o repouso.

Comece o seu dia assim ... .

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Um Recado de Deus

Aqueles que dispõem da visão perfeita, com certeza não podem avaliar a preciosidade que é ter noção de espaço, distâncias, cores - tudo o que os olhos oferecem todos os dias.
Por isso, ouvir o depoimento de uma senhora novaiorquina, cega, que mora sozinha, é oportuno.
Durante todo o inverno ela ficou dentro de casa a maior parte do tempo. Naquele dia de final de abril, a friagem amenizou e ela sentiu o perfume forte e estimulante da primavera.
Seus ouvidos escutaram o canto insistente de um passarinho do lado de fora da janela. É como se a pequena ave a estivesse convidando a sair de casa.
Preparou-se, tomou a bengala e saiu. Voltou o rosto para o sol, deu-lhe um sorriso de boas-vindas, agradecida pelo seu calor e a promessa do verão.
Caminhando tranqüila pela rua sem saída, escutou a voz da vizinha a lhe perguntar se não desejava uma carona.
“Não”, respondeu ela. As minhas pernas descansaram o inverno inteiro. As juntas estão precisando ser lubrificadas e um passeio a pé me fará bem.
Ao chegar na esquina ela esperou, como era seu costume, que alguém se aproximasse e permitisse que ela o acompanhasse, quando o sinal ficasse verde.
Os segundos pareceram uma eternidade. E ninguém aparecia. Nenhuma oferta de ajuda. Ela podia ouvir muito bem o ruído nervoso dos carros passando com rapidez, como se tivessem que conduzir os seus ocupantes a algum lugar, muito, muito depressa.
Por um momento se sentiu só, desprotegida. Resolveu cantarolar uma melodia. Do fundo da memória, recordou-se de uma canção de boas-vindas à primavera, que havia aprendido na escola quando era criança.
De repente, ela ouviu uma voz masculina forte e bem modulada.
“Você me parece um ser humano muito alegre. Posso ter o prazer de sua companhia para atravessar a rua?”
Ela fez que sim com a cabeça, sorriu e murmurou ao mesmo tempo um “sim”.
Delicadamente, ele segurou o braço dela. Enquanto atravessavam devagar, conversaram sobre o tempo e como era bom, afinal, estar vivo num dia daqueles.
Como andavam no mesmo passo, era difícil se saber quem era o guia e quem era o guiado. Mal haviam chegado ao outro lado da rua, ouviram as buzinas impacientes dos automóveis. Devia ser a mudança de sinal.
Ela se voltou para o cavalheiro, abriu a boca para agradecer pela ajuda e pela companhia.
Antes que pudesse dizer uma palavra, ele já estava falando:
“Não sei se você percebe como é gratificante encontrar uma pessoa tão bem disposta para acompanhar um cego como eu, na travessia de uma rua.”
***
Às vezes, quando nos sentimos sós no universo, Deus nos manda uma imagem semelhante para diminuir nossa sensação de isolamento e disparidade.
É sempre reconfortante conseguir perceber que, sejam quais forem as dificuldades e limitações que estejamos atravessando, sobre a terra existem outras tantas dezenas ou centenas de criaturas que, como nós, passam por situações semelhantes.
E, o mais importante, lutam e vencem. É a mensagem viva de bom ânimo da divindade para as nossas próprias vidas.

.Antes que termine o dia Filme completo .

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Os Cometas

28. Astros errantes, mais ainda que os planetas que conservaram a denominação etimológica, os cometas serão os guias que nos auxiliarão a franquear os limites do sistema ao qual pertence a Terra, para nos levar em direção às regiões distantes da extensão sideral.
Porém, antes de explorar os domínios celestes, com o auxílio deste viajores do universo, será bom fazer reconhecer, tanto quanto possível, sua natureza intrínseca e seu papel na economia planetária.
29. Muitas vezes se tem imaginado nos astros, mundos nascentes elaborando em seu caos primitivo as condições de vida e de existência que são dadas em partilha às terras habitadas; outras pessoas têm imaginado que estes corpos extraordinários eram mundos no estado de destruição, e sua aparência singular foi para muitos o tema de apreciações errôneas acerca de sua natureza; de tal maneira, que não houve, até mesmo na Astrologia judiciária, quem deles não houvesse extraído presságios de desastres enviados pelos decretos providenciais, à Terra estonteada e apavorada.
30. A lei da variedade é aplicada com tão grande profusão nos trabalhos da Natureza, que a gente se pergunta como os naturalistas, astrônomos ou filósofos têm construído tantos sistemas para assimilar os cometas aos astros planetários, e para não enxergar neles senão astros que se encontram num grau mais ou menos grande, de desenvolvimento ou de caducidade. No entanto, os quadros da Natureza deviam bastar amplamente para afastar do observador o cuidado de procurar relações que não existem e deixar aos cometas o papel modesto, porém útil, de astros errantes que servem de exploradores dos impérios solares. Pois os corpos celestes de que se trata são coisa muito diversa dos corpos planetários; eles não têm, tal como aqueles, o destino de servir de morada às humanidades. Eles vão sucessivamente de um sol para outro, enriquecendo-se por vezes no caminho com fragmentos planetários reduzidos ao estado de vapores, recebendo nos seus focos os princípios vivificantes e renovadores que derramam sobre os mundos terrestres (Cap. IX, nº 12).
31. Quando um destes astros se aproxima de nosso pequeno globo, para atravessar sua órbita e voltar a seu apogeu situado a uma distância incomensurável do Sol, se o seguirmos pelo pensamento, para com ele visitar os países siderais, atravessaríamos esta extensão prodigiosa de massa etérea que separa o Sol das estrelas mais próximas e, observando os movimentos combinados desse astro que acreditávamos extraviado no deserto do infinito, encontraríamos aí mais uma prova eloqüente da universalidade das leis da Natureza, as quais se exercem a distâncias inconcebíveis mesmo à imaginação mais ativa.
Ali, a forma elíptica toma a forma parabólica, e o andamento se retarda ao ponto de não percorrer senão alguns metros, no mesmo tempo em que no seu perigeu ele percorreria diversos milhares de léguas. Talvez um Sol mais poderoso, mais importante que aquele que o cometa deixou, exerça para com esse cometa uma atração preponderante, e o receberá no cortejo de seus próprios súditos, e então os filhos admirados de vossa pequena Terra aguardarão em vão a volta que tivessem prognosticado por observações incompletas. Neste caso, nós, cujo pensamento seguiu o cometa errante a estas regiões desconhecidas, reencontramos então uma nova nação impossível de ser encontrada pelas nossas vistas terrestres, inimaginável pelos Espíritos que habitam a Terra, inconcebível mesmo a seus pensamentos, pois ela seria teatro de maravilhas inexploradas.
Somos chegados ao mundo sideral, a este mundo deslumbrante dos vastos sóis que irradiam no espaço infinito, e que são as flores brilhantes do canteiro magnífico da criação. Ali chegados, é que saberemos o que é a Terra.

Quadro do Inferno Pagão

9 — Só conhecemos o inferno pagão através das composições dos poetas. Homero e Virgílio nos deram a definição mais completa, mas devemos considerar as exigências formais da poesia nessas descrições. A de Fenelon no Telêmaco, embora originária da mesma fonte quanto às crenças fundamentais, tem a simplicidade mais precisa da prosa. Descreve o aspecto lúgubre dos vários lugares e procura ressaltar sobretudo o gênero dos sofrimentos a que são submetidos os culpados, estendendo-se bastante sobre o destino dos maus reis, isso em virtude da instrução que dava ao seu aluno real.
Por mais popular que seja a sua obra, muitas pessoas não terão de memória essa descrição ou não puderam refletir bastante sobre ela para fazer uma comparação. Eis porque julgamos útil reproduzir os trechos que apresentam relação mais direta com o nosso assunto, ou seja, aqueles que se referem especialmente às penas individuais.
10 — Entrando, Telêmaco ouve outros gemidos de uma sombra que não encontrava consolação. — Qual é, diz ele, — a vossa desgraça? O que fostes na Terra? — Eu era, — respondeu-lhe a sombra, — Nabofarzan, rei da soberba Babilônia, e todos os povos do Oriente tremiam ao simples som do meu nome. Fiz-me adorar pelos babilônios no templo de mármore onde estava representado por uma estátua de ouro, diante da qual eram queimados dia e noite os mais preciosos perfumes da Etiópia. Ninguém jamais ousou me contradizer sem ter sido imediatamente punido. Eu inventava cada dia novos prazeres para tornar minha vida mais deliciosa. Era então jovem e robusto. Mas, oh, desgraça, embora muito ainda me restasse para gozar sobre o trono, uma mulher que amei e que não me amava me fez logo sentir que eu não era um deus: envenenou-me e hoje nada mais sou. Puseram pomposamente as minhas cinzas numa urna de ouro. Choraram, arrancando os cabelos ao redor. Ela ameaçou atirar-se nas chamas em que me incineravam, para morrer comigo e ainda hoje vai chorar aos pés do soberbo túmulo a que lançaram as minhas cinzas. Mas ninguém me lamenta e minha memória causa horror mesmo na minha família, enquanto sofro aqui em baixo horríveis tratamentos.
Telêmaco, emocionado com o drama, lhe diz: Foste verdadeiramente feliz durante o vosso reinado, sentíeis essa doce paz sem a qual o coração permanece sempre opresso e abatido em meio das delícias? — Não — respondeu o babilônio — nem mesmo compreendo o que quereis dizer. Os sábios louvam essa paz como o único bem, mas de minha parte jamais a senti. Meu coração estava incessantemente agitado por novos desejos, por temores e esperanças. Eu procurava esquecer-me de mim na confusão das minhas paixões. Cuidava de entreter essa embriaguez para que não cessasse, pois o menor intervalo de raciocínio normal me teria sido demasiado amargo. Eis a paz que desfrutei. Qualquer outra me parece uma fábula ou um sonho. Eis os bens que lamento.
Assim falando, o babilônio chorava como um homem pusilânime que se deixou debilitar pelas comodidades, não se tendo jamais acostumado a suportar a desgraça. Tinha ao seu lado alguns escravos que fizeram morrer nas honras dos seus funerais. Mercúrio os havia entregue a Caronte com o seu rei, dando-lhes um poder absoluto sobre esse rei que haviam servido na Terra.
Essas sombras de escravos não temiam mais a sombra de Nabofarzan, mas a mantinham acorrentada e a submetiam às mais cruéis humilhações. Uma lhe dizia: — Nós também não éramos homens, tanto como tu?
Como pudeste ser tão insensato para te considerar como um deus, não te lembrando que pertencias à mesma raça dos homens? — Uma outra o insultava dizendo: — Tinhas razão de não querer que te considerassem como um homem, porque eras um monstro sem humanidade. — Outra lhe falava assim: — Muito bem! Onde estão agora os teus aduladores? Não tens mais nada a dar, infeliz! E não podes mais fazer nenhum mal; eis que te tornaste escravo dos teus próprios escravos; os deuses demoram a fazer justiça, mas por fim a fazem.
A essas duras palavras Nabofarzan se atirava com o rosto na terra, arrancando os cabelos numa explosão de raiva e desespero. Mas Caronte dizia aos escravos: — Puxai-o pela corrente, erguei-o mesmo que ele não queira, pois ele não terá nem mesmo a consolação de ocultar a própria vergonha. É necessário que todas as sombras do Estinge o testemunhem para justificar os deuses, que tão longamente suportaram o reinado desse ímpio na Terra.
Logo ele percebeu, bem próximo dele, o Tártaro negro. Subia deste uma fumaça escura e espessa, cujo odor empestado causaria a morte se ela se expandisse pela região dos vivos. Essa fumaça cobria um rio de fogo com turbilhões de chamas, e o seu ruído, semelhante ao das mais impetuosas correntes, quando se lançam dos mais altos rochedos ao fundo dos abismos, fazia que não se pudesse ouvir com clareza nesses tristes lugares.
Telêmaco, secretamente influenciado por Minerva, entrou sem temor nesse báratro. Percebeu de início um grande número de homens que haviam vivido nas mais baixas condições e que eram punidos por haverem buscado as riquezas por meio de fraudes, de traições e de crueldades. Notou ali muitos ímpios e hipócritas que fingindo amar a religião, dela se haviam servido como um bom pretexto para satisfazer as suas ambições, aproveitando-se da credulidade alheia. Esses homens que haviam abusado da própria virtude, embora sendo ela o mais valioso dom dos deuses, eram punidos como os piores entre os celerados.
Os filhos que haviam matado pais e mães, as esposas que haviam manchado suas mãos no sangue dos próprios maridos, os traidores que haviam entregue a pátria violando todos os juramentos sofriam penas menos cruéis do que esses hipócritas. Os três juízes dos infernos assim determinaram, e eis as suas razões: esses hipócritas, não se contentando de ser maus como os demais ímpios, querem ainda passar por bons e fazem por sua falsa virtude que os homens não mais queiram acreditar na virtude verdadeira. Os deuses, dos quais eles se serviram, tornando-os desprezíveis para os homens, sentem prazer ao empregar todo o seu poder para vingar-se dos seus insultos.
Ao lado desses estavam outros homens que o vulgo não considera culpados, mas que a vingança divina persegue impiedosamente. São os ingratos, os mentirosos, os vaidosos que se louvaram no vício, os críticos maliciosos que não temeram manchar a mais pura virtude. Por fim, os que julgaram temerariamente sem conhecer as coisas a fundo, com isso prejudicando a reputação dos inocentes.
Vendo os três juízes que estavam sentados e condenavam um homem, Telêmaco ousou perguntar-lhes quais eram os crimes do mesmo. No mesmo instante o condenado, tomando a palavra, exclamou: — Nunca fiz nenhum mal, sempre tive o maior prazer em fazer o bem, fui magnânimo, liberal, justo e compassivo. Do que me podem acusar? — Então Minos lhe disse: Não se te reprova nada em relação aos homens, mas não devias menos aos homens do que aos deuses? Qual, é, pois, essa justiça de que te vanglorias? Não faltaste com nenhum dever no tocante aos homens, que nada são. Foste virtuoso, mas referiste toda a tua virtude a ti mesmo e não aos deuses, que a concederam a ti, porque querias gozar os frutos da tua própria virtude, vangloriando-te em ti mesmo: foste a tua própria divindade. Mas os deuses, que tudo fizeram unicamente por si mesmos não podem renunciar aos seus direitos. Tu os esquecestes, eles te esqueceram. Eles te entregaram a ti mesmo, desde que preferiste ser de ti mesmo e não deles. Procura, pois, agora, se puderes, o teu consolo em teu próprio coração. Estás agora, para sempre, separado dos homens aos quais querias agradar. Estás sós diante de ti, que eras o teu ídolo. Compreende que não existe verdadeira virtude sem o respeito e o amor aos deuses, aos quais tudo deves. Tua falsa virtude, que por muito tempo ofuscou os homens fáceis de enganar, vai ser confundida. Os homens, considerando os vícios e as virtudes somente pelo que os toca ou os agrada, são cegos para o verdadeiro bem e o verdadeiro mal. Mas aqui uma luz divina inverte todos os julgamentos superficiais. Freqüentemente é condenado aquilo que eles admiram e justificavam o que eles condenam.
A essas palavras, o filósofo, como ferido por um raio não podia conter-se. A satisfação que havia tido outrora ao apreciar a sua própria moderação, a sua coragem e as suas tendências generosas transformou-se em desespero. A visão do seu próprio coração, inimigo dos deuses, tornou-se um suplício. Ele se via a si mesmo e não podia deixar de fazê-lo. Via a vaidade das apreciações dos homens, aos quais ele quis sempre agradar em todas as suas ações. Havia uma revolução geral em tudo o que se encontrava no seu íntimo, como se alguém revirasse todas as suas entranhas. Ele não era mais o mesmo. Seu coração negava-lhe todo o apoio. Sua consciência, cujo julgamento lhe havia sido tão favorável, voltou-se contra ele reprovando amargamente o desvirtuamento e o engano de todas as suas virtudes, que não tiveram o culto da divindade por princípio e por fim. Estava perturbado, consternado, cheio de vergonha, de remorsos e de desespero. As fúrias não o atormentavam porque era bastante entregá-lo a si mesmo, pois o seu próprio coração vingava suficientemente os deuses desprezados. Procurou os lugares mais sombrios para se ocultar dos outros mortos, já que não podia ocultar-se a si mesmo. Procurou as trevas e não pode encontrá-las, pois uma luz importuna o seguia por toda parte, os raios penetrantes da verdade vingam sem cessar a verdade que ele negligenciou ao invés de seguir.
Tudo o que ele amava se tornava odioso, como sendo a própria fonte de seus males, que não mais poderiam acabar. Disse a si mesmo: Oh insensato! Então não conheci os deuses, nem os homens e nem a mim mesmo! Não, nada conheci, desde que nunca amei a única verdade e o verdadeiro bem. Todos os meus passos foram extraviados. Minha sabedoria não era mais que loucura. Minha virtude, um orgulho ímpio e cego. Fui o meu próprio ídolo.
Por fim Telêmaco viu os reis condenados por terem abusado do poder. De um lado uma Fúria vingadora lhes mostrava um espelho em que viam a monstruosidade dos seus próprios vícios. Viam e não podiam deixar de ver sua grosseira vaidade e sua avidez dos mais ridículos louvores; sua dureza para com os homens, que tinham o dever de fazer felizes; sua insensibilidade para a virtude; seu temor de ouvir a verdade; sua inclinação para as criaturas pusilânimes e bajuladoras; sua irresponsabilidade; sua indolência; sua desconfiança excessiva; seu fausto e demasiada magnificência baseadas nas ruínas dos povos; sua ambição que os levava a conquistar o mínimo de vanglória com o sangue dos cidadãos; enfim, sua crueldade de procurar cada dia novas emoções por entre as lágrimas e o desespero de tantos infelizes. Eles se viam nesse espelho permanentemente. Viam-se mais horríveis e mais monstruosos do que a Quimera vencida por Belerofonte ou a Hidra de Lerna abatida por Hércules, ou mesmo Cérbero vomitando por suas três güelas escancaradas um sangue negro e venenoso capaz de empestar toda a raça dos mortais que vivem na Terra.
De outro lado e ao mesmo tempo outra Fúria lhes repetia de maneira insultuosa todos os louvores que os aduladores lhes fizeram em vida e mostravam-lhes outro espelho, no qual eles se viam tais como os aduladores os haviam pintado. A contradição desses dois quadros tão opostos constituía um suplício para a sua vaidade. Notava-se que os piores entre esses reis eram os que haviam recebido as homenagens mais magnificentes durante a vida, porque os maus são mais temidos que os bons e exigem sem pudor as mentirosas reverências dos poetas e dos oradores do seu tempo.
Ouviam-se os seus gemidos na profundeza das trevas, onde eles não podiam perceber outra coisa além dos insultos e das ironias que deviam sofrer. Nada tinham ao seu redor que não os repelisse e contradissesse confundindo-os, enquanto na terra se aproveitavam da vida dos homens, supondo que todos existiam somente para os servir. No Tártaro eles são entregues aos caprichos de alguns escravos que os submetem por sua vez a uma servidão cruel. Têm de servir sofrendo e não lhes resta nenhuma esperança de poder abrandar jamais o seu cativeiro. Ficam sujeitos aos golpes desses escravos, transformados em seus tiranos impiedosos, como uma forja sobre os golpes dos martelos dos Cíclopes, quando Vulcano os apresa no trabalho dentro das ardentes fornalhas do monte Etna
Telêmaco viu então semblantes, pálidos, consternados e hediondos. É que uma tristeza negra corrói esses criminosos. Eles têm horror de si mesmos e não podem livrar-se desse horror como se ele pertencesse à sua própria natureza. Não necessitam assim, de outro castigo para as suas faltas do que as suas próprias faltas que vêem sem cessar em toda a sua enormidade, apresentando-se a eles como horríveis espectros que os perseguem. Para se livrarem disso buscam uma outra morte mais poderosa que aquela que os separou dos seus corpos.
No desespero em que se encontram, esses reis clamam pelo socorro de uma morte que pudesse extinguir neles todo o sentimento e toda a consciência. Pedem aos abismos que os traguem para escaparem aos raios vingadores da verdade que os perseguem, mas estão condenados à vingança que se distila sobre eles gota a gota e que jamais cessará. A verdade que eles temiam ver é agora o seu suplício. Eles a vêem e só têm olhos para vê-Ia erguendo-se contra eles. Essa visão os trespassa, os destrói, os arranca de si mesmos. É como um raio que sem nada destruir ao redor penetra até o mais fundo das suas entranhas.
Entre essas coisas que lhe faziam eriçar os cabelos, Telêmaco viu muitos antigos reis da Lídia que eram punidos por terem preferido os deleites de uma vida folgazã ao trabalho para melhoria dos povos, que deve ser inseparável da realeza.
Os reis reprovavam uns aos outros a sua própria cegueira. Um dizia a outro que tinha sido seu filho: — Não te recomendei freqüentemente, durante a minha velhice e antes de morrer, que reparasses os males que pratiquei na minha negligência? — Ah, infeliz pai! — dizia o filho, — foste tu que me perdeste. Foi o vosso exemplo que me sugeriu o fausto, o orgulho, a voluptuosidade e a dureza de coração para com os homens! Vendo-te reinar com tanta displicência e cercado de covardes aduladores, habituei-me ao gosto da lisonja e dos prazeres. Acreditei que o resto dos homens eram para os reis o que são os cavalos e outros animais de carga para a humanidade em geral, ou seja, esses animais aos quais não se dá importância, querendo apenas que prestem serviços e proporcionem comodidades. Acreditei nisso, e foste tu que me fizeste acreditar. Hoje estou sofrendo todos estes males por te haver imitado. — A essas recriminações juntavam as mais horríveis maldições e pareciam prestes a se entredevorarem de raiva.
Ao redor dos reis volteavam ainda, como morcegos noturnos, as mais cruéis suspeitas, os falsos receios, as desconfianças que são as vinganças dos povos contra a maldade de seus reis, sua insaciável fome de riquezas, a falsidade de sua glória sempre baseada na tirania e a covarde displicência que aumenta os males do povo sem lhes proporcionar jamais a compensação das necessidades satisfeitas.
Viam-se muitos desses reis severamente punidos, não pelos males que haviam praticado, mas por terem negligenciado o bem que deviam fazer. Todos os crimes dos povos, que decorrem da negligência na observação das leis, eram imputados aos reis que deviam ter como seu ministério fazer que as leis reinassem. Todas as desordens provenientes dos excessos de fausto, do luxo e de todos os demais abusos que lançam os homens na violência e na tentação de desprezar as leis para se enriquecerem, eram também imputadas aos reis. Eram tratados sobretudo com rigor os que em lugar de serem bons e vigilantes pastores dos povos só haviam pensado em devorar o rebanho como lobos insaciáveis.
Mas o que mais consternava Telêmaco era ver, nesse abismo de trevas e maldades, grande número de reis que haviam passado pela Terra como soberanos muito bons e estavam condenados às penas do Tártaro por se terem deixado governar por homens maus e hipócritas. Esses eram punidos pelos males que haviam permitido que fossem feitos sob a sua autoridade. De resto, a maioria desses reis não haviam sido bons nem maus, tamanha era a sua fraqueza. Jamais haviam receado conhecer a verdade, pois não possuíam o gosto da virtude e nunca sentiram o prazer de praticar o bem.