quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Os Sóis e os Planetas

20. Ora, sucedeu que num ponto do Universo, perdido por entre miríades de mundos, a matéria cósmica se condensou sob a forma de uma imensa nebulosa. Esta nebulosa estava animada pelas leis universais que regem a matéria; em virtude dessas leis, e principalmente pela força molecular da atração, ela tomou a forma de um esferóide, a única que pode, de início, revestir uma massa de matéria isolada no espaço.
O movimento circular produzido pela gravitação rigorosamente igual de todas as zonas moleculares em direção ao centro, modificou bem depressa a esfera primitiva, para a conduzir, de movimento em movimento, em direção à forma lenticular. _ Falamos do conjunto da nebulosa.
21. Novas forças surgiram em seguida a este movimento de rotação: a força centrípeta e a força centrífuga; a primeira tendente a reunir todas as partículas no centro, e a segunda, tendente a afastá-las. Ora, com o movimento em aceleração, à medida que a nebulosa se condensava, e com seu raio aumentando à medida que ela se aproximava da forma lenticular, a força centrífuga, incessantemente desenvolvida pelas duas causas, predominou logo sobre a atração central.
Da mesma forma que o movimento muito rápido da funda arrebenta sua corda e arremessa longe o projétil, assim a predominância da força centrífuga destacou o círculo equatorial da nebulosa e desse anel formou nova massa isolada da primeira, porém nem por isso menos submetida a seu influxo. Essa massa conservou seu movimento equatorial o qual, modificado, tornou-se o movimento de translação em redor do astro solar. Além disso, seu novo estado lhe dá um movimento de rotação em redor de seu próprio centro.
22. A nebulosa geratriz que deu nascimento a este novo mundo se condensou e retomou a forma esférica; mas o calor primitivo, desenvolvido por seus diversos movimentos, não se enfraquece senão com extrema lentidão e o fenômeno que acabamos de descrever se reproduzirá freqüentemente e durante um longo período, até que essa nebulosa seja bastante densa, bastante sólida, para opor uma resistência eficaz às modificações de forma que lhe imprime sucessivamente seu movimento de rotação.
Ela não terá, pois, dado nascimento a um só astro, mas a centenas de mundos destacados do foco central, dele saídos pelo modo de formação acima mencionado. Ora, cada um desses globos, revestido como o mundo primitivo de forças naturais que presidem à criação dos universos, gerará sucessivamente novos mundos que de agora em diante gravitarão em redor dele, como ele em conjunto faz com seus irmãos em redor do foco de sua existência e de sua vida. Cada um desses mundos será um sol, centro de um turbilhão de planetas sucessivamente destacados de seu equador. Estes planetas receberão uma vida especial, particular, embora dependente de seu astro gerador.
23. Assim se formaram os planetas, com massas de matéria condensada, embora ainda não solidificada, destacadas da massa central mediante a ação da força centrífuga, e em virtude da leis do movimento, tomando a forma esferoidal mais ou menos elíptica, segundo o grau de fluidez que conservaram. Um desses planetas será a Terra, o qual antes que se esfriasse e fosse revestido de uma crosta sólida, daria nascimento à Lua, pelo modo de formação sideral ao qual ela deve sua própria existência; a Terra, desde agora inscrita no livro da vida, berço de criaturas cuja fraqueza é protegida sob as asas da Providência, corda nova na harpa do infinito, que deve vibrar em seu lugar no concerto universal dos mundos

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